Estudo da diversidade e evolução cromossômica de Doradidae (Siluriformes)

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Resumo: Os peixes da Família Doradidae ocorrem em águas continentais da América do Sul, onde exercem diferentes funções ecológicas, atuando como dispersores de sementes e também como controladores biológicos Essa família também possui importância econômica, sendo que algumas espécies são apreciadas na pesca esportiva e pelo mercado aquariofilista Os primeiros estudos cariotípicos em Doradidae foram desenvolvidos há mais de duas décadas Desde então pouco conhecimento foi gerado sobre a organização cromossômica desses peixes que passaram a ser vistos como um grupo cuja evolução cariotípica é conservativa com a maioria das espécies portando 58 cromossomos e RONs simples terminais Perante esse cenário, repleto de lacunas e diante de uma diversidade subestimada, o presente estudo investigou a estrutura cromossômica e sua variabilidade em nove espécies de doradídeos amazônicos e da bacia Platina Tais informações possibilitaram reconstituir alguns passos da história carioevolutiva assim como auxiliar na resolução de questões filogenéticas que, mesmo após análises morfológicas e moleculares, permanecem conflitantes Uma acentuada variabilidade cariotípica foi detectada na quantidade de cromossomos (2n= 46 em Amblydoras affinis; 2n= 56 em Anadoras wedelli e Trachydoras paraguayensis; 2n=58 em Agamyxis pectinifrons, Ossancora asterophysa, Rhinodoras dorbignyi, Pterodoras granulosus e Platydoras armatulus; 2n=6 em Amblydoras affinis até 2n=66 cromossomos em Ossancora punctata) Tal variação, até então nunca relatada para essa família, evidenciou a participação de diferentes rearranjos cromossômicos estruturais (inversões pericêntricas, translocações Robertsonianas e fissões cêntricas) Além dessa variabilidade macroestrutural, nas espécies Ossancora punctata, Platydoras armatulus e Pterodoras granulosus foi descrita pela primeira vez, a ocorrência de cromossomos supranumerários Tais microcromossomos Bs exibiram características morfológicas, frequência, quantidade e comportamento meiótico particulares em cada uma dessas espécies Contudo eles aparentemente surgiram como consequência de eventos envolvendo cromossomos do complemento padrão Desse modo, a origem dos microcromossomos em Ossancora punctata foi sugerida como consequência das fissões cêntricas responsáveis pelo aumento no número diplóide de 58 para 66 cromossomos Diferentemente, a atividade saltatória de elementos transponíveis envolvida na origem de um sistema de RONs múltiplas em alguns exemplares de P armatulus do rio Miranda parece ter contribuído para a formação e também manutenção desse polimorfismo numérico nessa população Já em P granulosus, o cromossomo B observado provavelmente teve sua origem a partir de uma deleção em uma região intersticial próxima ao centrômero de algum cromossomo do complemento padrão, esse fragmento inicialmente desprovido de telômeros e eucromático sofreu um processo de heterocromatinização e foi mantido nessa população por apresentar sequências centroméricas que permitiram sua segregação meiótica normal De um modo geral, esse estudo além de auxiliar na compreensão de questões filogeneticamente conflitantes como observado nos gêneros Ossancora e Amblydoras, teve como maior contribuição demonstrar que a família Doradidae possui grande variabilidade cromossômica, com diferentes números diplóides, padrões heterocromáticos, padrões de DNAr 18S e 5S e cromossomos supranumerários Tal diversidade, ainda que subestimada, possibilitou inferir sobre os possíveis mecanismos evolutivos que atuaram durante a diversificação cariotípica desse importante grupo de peixes endêmico do continente sul-americano

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Palavras-chave

Peixe, Citogenética, Peixe, Cariótipos, Bagre (Peixe), Fish, Chromosomes, Evolution (Biology), Cytogenetics

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