Estudo dos polimorfismos rs1800947 e rs1130864 no gene da proteína C-reativa em pacientes com lúpus eritematoso sistêmico : associação com a susceptibilidade genética, níveis séricos de proteína C-reativa e marcadores de atividade da doença

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Delongui, Francieli

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Resumo: Introdução: O lúpus eritematoso sistêmico (LES) é uma doença autoimune sistêmica, de etiologia multifatorial, com interações entre fatores genéticos, ambientais e hormonais Estudos genômicos independentes identificaram várias regiões genéticas associadas à susceptibilidade ao LES, em particular uma região no braço longo do cromossomo 1, denominada 1q23-24 O gene que codifica a proteína C-reativa (PCR) encontra-se mapeado na região 1q232, o que o torna um candidato posicional plausível para ser investigado como um locus de susceptibilidade ao LES, além de ser um gene candidato para investigação baseado na atividade fisiológica de seu produto Objetivo: O objetivo desse estudo foi determinar a associação entre os polimorfismos rs113864 e rs18947 no gene PCR com a susceptibilidade genética ao LES, níveis séricos de PCR e marcadores de atividade da doença em pacientes do sul do Brasil Material e Métodos: O estudo caso-controle incluiu 183 pacientes atendidos no Ambulatório de Especialidades do Hospital Universitário da Universidade Estadual de Londrina, Paraná, entre 29 a 215, com diagnóstico de LES e 138 doadores de sangue saudáveis Os dados demográficos e clínicos foram obtidos com a aplicação de questionário padrão e prontuário médico O DNA genômico foi extraído das células do sangue periférico e fragmentos de 46 pares de bases (pb) e de 744 pb do gene PCR foram amplificados pela reação em cadeia da polimerase para a genotipagem dos rs113864 e rs18947, respectivamente Os produtos obtidos foram submetidos à digestão com as enzimas de restrição HpyCH4III (para o rs113864) e MaeIII (para o rs18947) e analisados pelo método do polimorfismo no comprimento dos fragmentos de restrição (RFLP) A contagem de leucócitos periféricos e os níveis séricos de PCR, C3, C4, interleucina (IL)-6, IL-1, fator de necrose tumoral (TNF)-a, anticorpos antinucleares (FAN), anticorpos contra o DNA de dupla fita (anti-dsDNA) e anti-nucleossomo foram determinados no momento da inclusão no estudo A atividade da doença foi determinada pelos critérios estabelecidos pelo escore SLEDAIResultados: Na análise do rs113864, avaliado em 176 pacientes e 137 controles, pacientes e controles não diferiram quanto a idade, sexo e etnia A doença ativa foi observada em 46 (26,1%) pacientes Quando comparados aos controles, os pacientes apresentaram maiores IMC (p=,46) e níveis séricos de PCR (p=,17), mesmo após análise de regressão logística binária A maioria dos pacientes (73,9%) apresentou doença inativa (SLEDAI<6), exibiu soropositividade para FAN e anticorpos anti-dsDNA em 71,6% e 53,4% dos casos, respectivamente A distribuição dos genótipos do rs113864 estava em equilíbrio de Hardy-Weinberg (p>,5) Nos pacientes, a frequência dos genótipos CC, CT e TT foi de 84 (47,7%), 71 (4,4%) e 21 (11,9%), respectivamente No grupo controle, a frequência destes genótipos foi de 88 (64,2%), 43 (31,4%) e 6 (4,4%), respectivamente Os genótipos CT e TT foram mais frequentes entre os pacientes com LES que nos controles, [odds ratio (OR) de 1,73, intervalo de confiaça (IC) 95%: 1,68-2,83, p=,35 e OR: 3,667, (IC) 95%: 1,41-9,533, p=,9, respectivamente] A frequência do alelo T também foi maior nos pacientes comparados aos controles (OR: 1,883; IC 95%: 1,299–2,728; p=,1) Quando os níveis séricos de PCR e outros marcardores laboratoriais e de atividade da doença foram avaliados entre os pacientes com LES, de acordo com os genótipos em um modelo dominante de análise, os pacientes que apresentavam, pelo menos, um alelo T (CT ou TT), comparados aos que apresentavam o genótipo CC, mostraram níveis mais elevados de PCR (p=,14), eram mais frequententemente Caucasianos (p=,18) e não faziam uso de imunossupressores como terapia (p=,4), mesmo após análise de regressão logística binária Na análise do rs18947, avaliado em 183 pacientes e 138 controles, os indivíduos não diferiram quanto a idade, sexo e etnia A doença ativa foi observada em 48 (26,2%) pacientes Quando comparados aos controles, os pacientes apresentaram maiores valores de IMC (p=,15), níveis séricos de PCR (p=,45) e de IL-6 (p<,1) e menores níveis séricos de TNF-? (p<,1) e C4 (p=,28), mesmo após análise de regressão logística binária A maioria dos pacientes (73,8%) apresentou doença inativa (SLEDAI<6), exibiu soropositividade para FAN e anticorpos anti-dsDNA em 71,6% e 53,6% dos casos, respectivamente A distribuição dos genótipos do rs18947 estava em equilíbrio de Hardy-Weinberg (p>,5) Nos pacientes, os genótipos GG e GC foram observados em 166 (9,7%) e 17 (9,3%), respectivamente e nenhum deles apresentou o genótipo CC No grupo controle, esses genótipos foram observados em 127 (92,%), 1 (7,3%) e 1 (,7%), respectivamente As frequências genotípica e alélica não diferiram entre pacientes e controles (OR: ,846; IC 95%: ,383–1,869; p=,83 e OR: ,933, IC 95%: ,438–1,988; p=,99, respectivamente) Os níveis séricos de PCR e outros marcadores laboratoriais e de atividade da doença não diferiram entre os pacientes com LES de acordo com os genótipos do polimorfismo rs18947 em um modelo dominante de análise (p>,5) Entretanto, os pacientes com o genótipo GC apresentaram uma frequência significativamente maior do não uso de drogas antimaláricas (OR: 3,922, IC 95%= 1,41-1,88, p=,13) e uma tendência a valores menores de anti-dsDNA (p= ,68), comparados aos com o genótipo GG Conclusão: Os resultados demonstraram que, embora o polimorfismo rs18947 do gene PCR não tenha sido associado com a susceptibilidade ao LES, atividade da doença e nem aos níveis séricos de PCR, o polimorfismo rs113864 do gene PCR foi associado com a susceptibilídade ao LES e aos níveis séricos de PCR, mas não com a atividade da doença, em pacientes com LES do sul do Brasil Nossos resultados podem sugerir que a elevação da PCR esteja relacionada com o polimorfismo rs113864 e que, provavelmente, essa proteína desempenha um papel inflamatório na fisiopatologia do LES Entretanto, estes resultados devem ser validados em estudos futuros para uma melhor compreensão do papel destas variantes genéticas nos níveis de PCR e na fisiopatologia do LES

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Palavras-chave

Lúpus eritematoso sistêmico, Polimorfismo (Genética), Proteínas, Autoimunidade, Lupus erythematosus, Systemic, Genetic polymorphisms, Autoimmunity

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