Considerações analítico-comportamentais sobre a resistência feminista : uma interlocução a partir de María Lugones

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Barbosa, Denise Silveira

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Resumo

Resumo: Nos estudos sobre a sociedade, em geral, a noção de resistência costuma ser utilizada em uma acepção contrária às relações de dominação e opressão Sob uma perspectiva feminista, não parece haver, no entanto, uma definição única e consensual sobre o que é resistência Dentre as teóricas da área que se dedicaram ao seu estudo, María Lugones é identificada como uma teórica da resistência, com especial interesse nas suas manifestações cotidianas Para a autora, a opressão se estabelece pela destituição e negação da humanidade e, para compreender a resistência, é necessário identificar as maneiras pelas quais essa humanidade é afirmada De uma perspectiva analítico-comportamental, resistência não é um conceito frequentemente utilizado Porém, há uma crescente produção de trabalhos de cunho sócio-político que, mesmo apoiados por outros termos, versam sobre questões sociais e a perspectiva de transformação de relações O objetivo do presente trabalho foi analisar a noção de resistência de mulheres presentes na literatura analítico-comportamental feminista, partindo de interlocuções com as teses sobre resistência de Lugones Para tal, foi realizada uma pesquisa teórica, dividida em três etapas: a etapa um viabilizou a caracterização das teses lugonianas acerca da resistência, por meio do Procedimento de Interpretação Conceitual de Texto (PICT), em obras selecionadas Na segunda etapa, foi realizada uma busca e seleção de obras analítico-comportamentais feministas, objetivando compreender a rede conceitual da área para dar conta das discussões sobre resistência Na última etapa, uma interlocução dos achados nas etapas anteriores foi proposta A partir da análise das obras de Lugones, pode-se apreender características e condições para que o fenômeno da resistência se apresente como uma possibilidade de populações oprimidas: 1) teses pluralistas contemplam a atividade resistente para além dos seus significados hegemônicos, 2) resistência não é definida pela sua forma, mas pelo contexto, 3) sua esfera de manifestação é infrapolítica, 4) é construída coletivamente e, a partir da relação entre os que resistem, coalizões podem ser formadas para potencializar essa atividade A relação entre a proposta e lugoniana é estabelecida a partir das teses pluralistas, contextualista e relacionistas presentes em ambas as concepções Ainda, a rede de conceitos analítico-comportamentais acionada para contemplar a ideia de transformar relações opressivas é diversa: agência, autoconhecimento, autocontrole e contracontrole são algumas das noções mobilizadas Chama atenção que, mesmo considerando o caráter relacional e contextual das formas de desarticular relações opressivas, os textos feministas da Análise do Comportamento, frequentemente, propõem uma análise circunscrita aos repertórios individuais que podem ser úteis na alteração das contingências sociais da opressão Apesar de uma análise importante e consistente, defende-se que o acréscimo de noções que possam contemplar outras temporalidades e níveis de análise, como a de práticas culturais, pode contribuir para que se admita a possibilidade de uma cultura de resistência da mesma forma que se admite a de uma cultura de dominação Espera-se que as considerações propostas pelo presente trabalho possam ser pertinentes para a consolidação de uma Análise do Comportamento que discuta projetos de teóricos e de sociedade em favor das mulheres e de outras populações oprimidas

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Palavras-chave

Análise do comportamento, Feminismo, Comportamento, Comportamento, Modificação, Lugones, María, - 1944-2020 - Argentinian philosopher, Lugones, María, - 1944-2020 - Feminist – Argentina, Behavior analysis, Feminism – Behavior, Behavior - Modification

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