Fatores de risco para mortalidade de pacientes sobreviventes de unidades de terapia intensiva e associação com infecção: estudo de coorte retrospectivo
Data
2021-04-09
Autores
Silva, Luiza Gabriella Antonio e
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Resumo
Introdução: As infecções relacionadas à assistência à saúde vêm se tornando um desafio ao tratamento médico hospitalar considerando que tais infecções ocasionam uma limitação do arsenal terapêutico além de elevação do tempo de internação e maior risco de morbidades e mortalidade. Isso, consequentemente, acarreta o aumento nos custos do tratamento porque o quadro do paciente passa a exigir o uso de fármacos mais potentes e mais caros. Como a rotina das Unidades de Terapia Intensivas engloba procedimentos invasivos, o uso de drogas imunossupressoras e antibióticos, as cirurgias complexas, entre outros fatores de risco, há sempre uma maior probabilidade de que essas infecções ocorram. Em decorrência destes vários fatores, as Unidades de Terapia Intensiva (UTIs) vêm se tornando objeto de muitos estudos, porém a mortalidade dos pacientes infectados após a alta dessas unidades permanece como questão importante a ser discutida e respondida. Portanto, é indispensável a observação criteriosa para verificar se há a necessidade de maiores cuidados com essa população, como os times de resposta rápida e as unidades de cuidados intermediários para evitar possíveis reinternações na UTI, o que aumenta, significativamente, o risco de mortalidade desses pacientes. Objetivo: Descrever a taxa de mortalidade e fatores de risco para morte de pacientes sobreviventes de unidade de terapia intensiva em um hospital universitário. Método: Estudo de coorte retrospectivo realizado no Hospital Universitário da Universidade Estadual de Londrina com pacientes adultos sobreviventes das unidades de terapia intensiva do Hospital. Os dados foram coletados através de consulta de prontuários e da base de dados eletrônica do hospital, por formulário elaborado pelas autoras, levantando informações como idade, gênero, tempo de internação hospitalar, diagnóstico de admissão na UTI, desfecho de saída hospitalar, presença de infecção, microrganismo isolado, fármaco utilizado e o escore SAPS 3 (Simplified Acute Physiology Score III). Para análise, os pacientes foram divididos em dois grupos: os infectados (composto por microrganismos não identificados, sensíveis, multirresistentes aos antimicrobianos-MDR, com resistência extrema aos antimicrobianos-XDR e pan-resistência aos antimicrobianos-PDR), e os não infectados. Para comparação dos grupos, foi utilizado o teste de Mann-Whitney ou o teste do qui quadrado. A associação entre as variáveis estudadas foi realizada pelo modelo de regressão logística. As diferenças significantes foram estabelecidas por P < 0,05. Resultados: Os dados foram coletados de 1025 prontuários de pacientes internados no período compreendido entre janeiro de 2017 a dezembro de 2018. Do total de pacientes estudados, 314 (30,6%) desenvolveram algum tipo de infecção, 92 (9%) foram readmitidos em unidade de terapia intensiva e 212 (20,7%) foram a óbito, sendo que 117 (55,19%; IC95% 48,46 - 61,73) destes óbitos ocorreram em pacientes infectados, 28 (13,21% IC95% 9,3 - 18,43) em pacientes infectados por microrganismos sensíveis, 30 (14,2% IC95% 10,1 – 19,48) infectados por microrganismos não identificados e 59 (27,83%; IC95% 22,23 - 34,22), por microrganismos resistentes. Quando separados, os pacientes que receberam a alta hospitalar e os que foram a óbito, verifica-se que a mediana da idade dos óbitos é significantemente maior do que os que receberam alta hospitalar. Com relação ao tempo de permanência hospitalar e o escore de gravidade SAPS 3, observa-se o tempo e o escore maiores nos óbitos. Os quadros infecciosos e a readmissão em unidade de terapia intensiva foram fortemente associados ao óbito. Na regressão logística, foi considerado as altas e os óbitos hospitalares como variável dependente; e idade, tempo de permanência hospitalar, SAPS 3, presença de infecção, readmissão em unidade de terapia intensiva e microrganismos, como covariáveis. As variáveis idade, tempo de permanência hospitalar, SAPS 3, presença de quadro infeccioso e readmissão na unidade de terapia intensiva permaneceram associadas ao óbito dos pacientes estudados. Conclusão: As infecções têm grande impacto na mortalidade de pacientes internados que tiveram passagem por unidade de terapia intensiva, principalmente se for levado em conta as possíveis readmissões nessas unidades. O tempo de permanência em que ficaram internados e ainda o escore SAPS 3 e a idade mais elevada também são bastante realçados nessa conta. Com base nesses dados, pode-se afirmar que as unidades de cuidados intermediários poderiam beneficiar essa população, prevenindo e evitando casos de reinternação nas UTI, uma vez que esta investigação mostrou esse evento associado ao óbito intra-hospitalar.
Descrição
Palavras-chave
Unidades de terapia intensiva, Resistência a múltiplos medicamentos, Infecção hospitalar, Mortalidade, Alta do paciente