O segredo de Justine de Sade : um mais além erótico

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Arruda, Juliana A. de Lima

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Resumo: Em apenas quinze dias do ano de 1787, o marquês de Sade deu vida à Justine; uma menina loira, doce, religiosa, tímida e principalmente, muitíssimo virtuosa No romance Os infortúnios da virtude, Sade narra as desventuras dessa pobre menina, que foi acusada e condenada por diversos crimes que ela afirmou não ter cometido, fustigada por seu excesso de virtude, sendo humilhada e açoitada proporcionalmente a sua ingenuidade e boa fé Porém, não houve qualquer discurso, por mais eloquente que fosse, que a tenha convencido; nem castigo, por mais cruel e humilhante, que a fez mudar de caminho E apesar de todas as provas que a Providência lhe deu, mostrando que a prosperidade acompanha o crime, enquanto os infortúnios estão reservados aos virtuosos, a fé de Justine na humanidade e na Providência permaneceu inabalável Portanto, há um mistério nesse romance, a questão está naquilo que não foi dito: Justine guardava um segredo E para compreender o segredo de Justine, nos aventuramos por esta obra que foi vista como um escândalo, corruptora, um título proibido, condenado em sua época e ainda em nosso tempo Buscamos interpretá-la por três vias: a primeira delas é o contexto, onde a partir de Robert Muchembled que escreveu O orgasmo e o ocidente, procuramos ver Justine como uma mulher de seu tempo, que vivia nos interditos e transgressões de sua época Já o guia de nosso segundo caminho — o psicológico — foi Gilles Deleuze, que em Sacher Masoch: o frio e o cruel cria uma nova distinção, mais literária do que clínica, de sadismo e masoquismo E que através dela, nos permitiu, caracterizar Justine entre e além desses universos, e também, compreender os seus prazeres no infortúnio Por fim, o último caminho que trilhamos para interpretar os deleites de nossa doce personagem, foi o da crítica literária A partir do texto do crítico literário francês Jean Paulhan, intitulado O Marquês de Sade e sua cúmplice ou as revanches do pudor, procuramos ler a história de Justine como um conto de fada, onde o bem e o mal estão sempre postos em lados contrários, onde um é contantemente recompensado, e o outro sempre castigado, porém, um conto de fada às avessas, um conto sadeano Com esses três olhares fizemos uma análise desse romance, entendendo que Justine coloca o sofrimento como algo inerente à vida, a partir de uma dimensão trágica do mundo, procuramos, também, construir uma perspectiva: a de que essa obra guarda um segredo, que Justine caminha por entre máscaras, e que este é um segredo compartilhado pela criação e seu criador Que Justine e Sade não estão fixados em uma cultura do prazer, e nem em uma cultura da dor, ambos vivem em um além, um mais além erótico

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Palavras-chave

Mulheres, Crítica, Prazer, História social, Social history

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