Efeitos reprodutivos e sistêmicos de desoxinivalenol e fumonisina B1 em modelo ex vivo e in vivo em ratos e suínos
Data
2022-05-26
Autores
Gerez, Juliana Rubira
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Resumo
Micotoxinas são toxinas fúngicas, encontradas em alimentos a base de cereais no mundo todo. Desoxinivalenol (DON) e fumonisina B1 (FB1) são as mais frequentes fusariotoxinas e induzem toxicidade imune e intestinal em humanos e animais. Recentemente, uma associação entre micotoxinas e alterações na fertilidade tem sido sugerida, mas são escassos os estudos in vivo relacionados aos efeitos de micotoxinas sobre o sistema reprodutivo. Ainda, fatores relacionados ao hospedeiro como sexo e idade podem influenciar a toxicidade de DON. Apesar disso, em estudos toxicológicos envolvendo DON, a resposta dependente de sexo e idade tem sido frequentemente negligenciada. Desse modo, o presente trabalho teve como objetivo avaliar a toxicidade ex vivo e in vivo de duas importantes micotoxinas nos ovários de suínos (DON e/ou FB1), testículo e ovários de ratos durante o período juvenil e peripuberal (DON). Em adição, nos ratos o dimorfismo sexual foi avaliado sobre a toxicidade sistêmica de DON, com ênfase na participação do estresse oxidativo no mecanismo toxicológico de DON. Para isso, foram realizados dois experimentos. Experimento 1: Setenta e dois explantes ovarianos foram obtidos de 6 suínos e submetidos aos tratamentos controle (meio MEM), DON (10 µM), FB1 (100 µM) e DON+FB1 (10 µM e 100 µM). Avaliação histológica e imunohistoquímica foram realizadas para identificar alterações histológicas, proliferação celular e apoptose. A peroxidação lipídica e capacidade antioxidante também foram avaliadas. Experimento 2: 24 ratos Wistar juvenis com 28 dias de vida (12 fêmeas e 12 machos) foram divididos em grupo controle (n=12 – 6 fêmeas e 6 machos, dieta livre de micotoxina) e grupo DON (n=12 – 6 fêmeas e 6 machos, dieta contaminada com 10 mg de DON/kg de ração). Após 28 dias de tratamento, amostras de sangue, intestino, fígado, rim, ovário e testículo foram colhidos para análises clínica (bioquímica e hematológica), histopatológica, histoquímica, imunohistoquímica e estresse oxidativo. No experimento 1 a exposição às micotoxinas induziram um aumento de folículos degenerados com uma diminuição de folículos viáveis. Uma diminuiçao significativa na proliferação de células da granulosa foi observada em todos os tratamentos. O tratamento DON+FB1 foi responsável por um aumento no índice apoptótico de folículos em crescimento. Por outro lado, o tratamento com FB1 e combinado induziram uma diminuição na peroxidação lipídica e um aumento na resposta antioxidante. No experimento 2 a toxicidade de DON foi verificada no testículo, ovários e útero de ratos durante o período juvenil e peripuberal. Nos ovários e útero uma redução no peso dos órgãos foi acompanhada por um aumento significativo na expressão de BAX e caspase-3 e diminuição na expressão de BCL-2 na maioria dos estágios foliculares e corpo lúteo. Nos testículos a toxicidade de DON foi associada com uma redução no número de células de Sertoli e Leydig e no número de túbulos seminíferos no estágio XIV. Um aumento no número de regiões organizadoras de núcleolo em túbulos no estágio I-VI foi observada nos animais expostos a micotoxina. Efeitos relacionados ao sexo foram observados na toxicidade sistêmica de DON em ratos submetidos a uma dieta contaminada durante o periodo juvenil e peripuberal. DON induziu resposta anoréxica em machos mas não em fêmeas, enquanto somente fêmeas mostraram um aumento nos níveis de creatinina e triglicerídeos. Independentemente do sexo, os animais expostos à micotoxina apresentaram aumento no número de linfócitos e leucócitos, redução significativa nos níveis de hemoglobina, hematócrito, volume corpuscular médio, hemoglobina corpuscular média e neutrófilos. Em machos e fêmeas alimentados com DON, lesões histológicas foram observadas no intestino, fígado e rim. Finalmente, um aumento do potencial antioxidade no intestino, fígado e rim foi verificado nos animais alimentados com a dieta contaminada. No entanto, este efeito não foi capaz de prevenir o estresse oxidativo no tecido renal. Desse modo, em modelo ex vivo DON e FB1 sozinhas e em combinação modulam a resposta ao estresse oxidativo, interferindo na produção de radicais livres e afetando a capacidade reprodutiva de suínos. Em modelo in vivo a exposição juvenil e peripuberal ao DON induz a ativação de via apoptótica nos ovários e compromete a estrutura testicular de ratos alterando a dinâmica da espermatogênese. Na exposição juvenil e peripuberal a DON, a predileção de machos aos efeitos anoréxicos de DON foram confirmados e podem influenciar parâmetros bioquímicos. DON induziu alterações hematológicas e histológicas no intestino, fígado e rim em machos e fêmeas. Nos rins de animais expostos a dieta contaminada com a micotoxina, o estresse oxidativo é um importante mecanismo na toxicidade alimentar de DON.
Descrição
Palavras-chave
desoxinivalenol, fumonisina B1, toxicidade gonadal, dimorfismo sexual, histologia, estresse oxidativo