Hospedeiros alternativos e sobrevivência de Xanthomonas vasicola pv. vasculorum, agente causal da estria bacteriana do milho
Data
2002-06-01
Autores
Longhi, Talita Vigo
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Resumo
A estria bacteriana do milho, causada por Xanthomonas vasicola pv. vasculorum (Xvv) é uma doença emergente, relatada inicialmente na África do Sul e posteriormente, no continente Americano em 2016, e no Brasil em 2018. Informações sobre a biologia e ecologia do patógeno, bem como sobre aspectos epidêmicos e de manejo da doença, ainda são escassas. Em vista disso, este estudo teve por objetivos identificar espécies potenciais hospedeiras de Xvv e a capacidade de sobrevivência da bactéria em solo sob condições controladas e a campo, e em resíduos culturais de milho a campo. No estudo da identificação de plantas hospedeiras foram incluídas 52 espécies de plantas mono e dicotiledôneas, envolvendo anuais cultivadas e de adubação verde, forrageiras e de pastagens e invasoras que ocorrem em lavouras de milho ou que fazem sucessão e rotação com o milho. A colonização epifítica de Xvv em plantas assintomáticas e a colonização patogênica da bactéria foram confirmadas por microscopia eletrônica de varredura (MEV) em espécies que apresentaram assintomáticas e sintomáticas de infecção bacteriana. Somente dez espécies de plantas, todas pertencentes à família Poaceae, apresentaram sintomas de infecção bacteriana nas folhas: Avena sativa (aveia branca), Avena strigosa (aveia preta), Hordeum vulgare (cevada), Oryza sativa (arroz), Brachiaria brizantha (braquiária brizantha), Digitaria horizontalis (capim-colchão), Digitaria insularis (capim- amargoso), Echinochloa colonum (capim-arroz), Eleusine indica (capim-pé-de-galinha) e Sorghum orundinaceum (falso-massambará). A colonização epifítica por Xvv foi constatada em 43 espécies assintomáticas. De acordo com as imagens de MEV, os espécimes de aveia, aveia preta e milho apresentaram células e agregados de Xvv distribuídos na superfície foliar e, em fraturas de tecido foi observada a colonização de regiões intercelulares na câmara subestomática. As espécies assintomáticas sorgo, centeio e milheto, foi constatada pequena quantidade de células bacterianas na superfície foliar, e nas fraturas de milheto, não foi observada a colonização pela bactéria. No estudo de sobrevivência de Xvv em solo foi investigada em dois tipos de solo, arenoso e argiloso, mantidos nas temperaturas de 20, 25 e 30
°C, em condições de laboratório. A sobrevivência da bactéria em condições de campo foi estudada em solo argiloso infestado artificialmente. Por outro lado, a capacidade de sobrevivência em resíduos de cultura de milho infectados com a bactéria foi investigada utilizando resíduos mantidos na superfície do solo e incorporados ao solo na profundidade de 20 cm. Sob condições controladas, a bactéria sobreviveu por períodos que variaram de quatro a 40 dias, sendo quatro dias em solo arenoso mantido a 30 °C e 40 dias em solo argiloso mantido na temperatura de 20 °C. Os resultados obtidos nos estudos em condições de laboratório evidenciaram que a Xvv possui capacidade de sobreviver por maior período de tempo em solo argiloso. Entretanto a bactéria apresentou capacidade de sobreviver por um período maior em temperatura de 20º C do que em temperaturas mais elevadas, independentemente do tipo de solo. Em relação aos estudos sob condições de campo, a sobrevivência de Xvv como células livres em solo foi de apenas 48 horas e em resíduos culturais de milho foi por até 15 dias em amostras mantidas na superfície do solo. Nas amostras de resíduos culturais de milho incorporados ao solo, a bactéria foi detectada apenas no momento da instalação do experimento. A sobrevivência de Xvv associada a resíduos culturais de milho pode ser influenciada pela incorporação ou não do material vegetal ao solo
Descrição
Palavras-chave
Epifitismo, Colonização epifítica, Microscopia eletrônica de varredura, Patogenicidade, Tempo de sobrevivência, Zea mays, Milho - Doenças, Milho - Doenças e pragas, Milho - Estria bacteriana