Associação entre o status de vitamina D e marcadores inflamatórios em pacientes com acidente vascular encefálico isquêmico agudo

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Resumo: O acidente vascular encefálico isquêmico (AVEi) é uma das principais causas de morte e incapacidade em todo o mundo Como uma doença complexa, apresenta interação entre fatores não modificáveis e modificáveis A vitamina D tem sido objeto de estudos em várias doenças infecciosas, autoimunes e cardiovasculares pelas suas propriedades anti-inflamatórias e antioxidantes A deficiência deste hormônio modifica indiretamente o risco de AVEi pela associação com fatores de risco clássicos, como diabetes mellitus (DM), dislipidemia, hipertensão e fibrilação atrial O objetivo deste estudo foi avaliar a associação entre o status de vitamina D e o AVEi agudo, marcadores inflamatórios e a evolução clínica O estudo incluiu 168 pacientes com AVEi atendidos no Pronto Socorro do Hospital Universitário da Universidade Estadual de Londrina, Londrina, Paraná, e 118 controles sem histórico de AVEi e infarto agudo do miocárdio Foram coletados dados demográficos, antropométricos, epidemiológicos e clínicos O subtipo de AVEi foi classificado segundo os critérios de TOAST e a incapacidade funcional dos pacientes foi avaliada no momento da admissão e após três meses de evolução pela Escala de Rankin Modificada (mRS) Amostras de sangue periférico foram coletadas em até 24 horas após o diagnóstico de AVEi para a determinação de marcadores inflamatórios, tais como contagem de leucócitos periféricos e plaquetas, velocidade de hemossedimentação (VHS), níveis séricos de proteína C reativa ultrassensível (usPCR), ferritina, fator de necrose tumoral (TNF)-a, interleucina (IL)-6 e IL-1 A vitamina D foi avaliada pela forma 25-hidroxivitamina D [25(OH)D] utilizando imunoensaio quimioluminescente de micropartículas e seu valor foi utilizado para classificar os indivíduos em três subgrupos, como vitamina D suficiente (VDS) (=3 ng/mL), vitamina D insuficiente (VDI) (2-29,9 ng/mL) e vitamina D deficiente (VDD) (<2, ng/mL) A associação entre o status de vitamina D e o AVEi foi avaliada usando análise de regressão logística binária em diferentes modelos, controlados para covariáveis que poderiam confundir a associação de interesse Análises de regressão logística multinomial graduais automáticas foram utilizadas para definir as variáveis significativas, com intervalo de confiança (IC) de 95% do status de vitamina D em AVEi agudo utilizando as variáveis com valor de p<,1 Entre os pacientes, 96 (57,14%) eram homens e os riscos modificáveis mais frequentes para AVEi foram hipertensão (145/83,3%), dislipidemia (74/44,4%), DM (64/38,1%) e tabagismo (39/23,21%) Segundo os subtipos do AVEi, 58 (34,53%) pacientes apresentaram aterosclerose de grandes artérias (LAAS), 53 (31,55%) infarto lacunar (LAC), 26 (15,47%) cardioembólico, 5 (2,98%) AVEI de outras etiologias (ODE) e 26 (15,47%) AVEi de etiologia indeterminada (UDE) Os pacientes apresentaram maior frequência de DM (p=,25) tabagismo, hipertensão arterial e VDD do que os controles (p<,1) Enquanto 73 (43,5%) pacientes apresentaram VDD, apenas 6 (5,1%) dos controles apresentaram este status da vitamina D Os níveis [média ± erro padrão da média (SEM)] de 25(OH)D foram 22,54 ng/mL (,82) nos pacientes e 3,37 ng/mL (,8) no grupo controle (p<,1) Após o ajuste das variáveis associadas à ocorrência de AVEi agudo, como idade, sexo, etnia, índice de massa corpórea (IMC), tabagismo, presença de DM, hipertensão arterial, dislipidemia e medicamentos, os pacientes com VDD mostraram 18,4 vezes mais chance de terem o AVEi agudo do que aqueles com VDS (IC 95%: 6,14-55,175, p<,1) Os pacientes apresentaram maiores valores de VHS e ferritina (p=,2), maior contagem total de leucócitos periféricos, usPCR, IL-6 (p<,1) e TNF-a (p=,18) quando comparados aos controles Pacientes com status de VDD eram com maior frequência do sexo feminino, mais idosos e com mRS mais elevado no início do estudo do que aqueles com VDI e VDS (p=,8, p=,3 e p=,47, respectivamente) Além disso, os níveis de VHS foram maiores nos pacientes com VDD do que aqueles com VDS (p=,16) e os níveis séricos de usPCR e IL-6 foram maiores nos pacientes com VDD do que nos pacientes com VDI e VDS (p=,2 e p=,1, respectivamente) Após análise de regressão logística multinominal, as variáveis sexo e níveis de usPCR permaneceram significativamente associadas com a VDD (p=,23 e p=,43, respectivamente) Quando os pacientes foram avaliados após três meses do evento isquêmico, os que apresentaram pior evolução (mRS =3) apresentaram menores níveis de 25(OH)D (p=,8) quando comparados com os pacientes com melhor prognóstico (mRS<3), resultado independente da idade, sexo e mRS de entrada Além disso, os níveis de 25(OH)D apresentaram correlação negativa com o mRS obtido após três meses de seguimento dos pacientes (r=-,239, p=,5) Em conclusão, os resultados mostraram que a VDD está associada ao AVEi agudo e com níveis mais elevados de usPCR, e baixos níveis deste hormônio foram associados com pior prognóstico a curto prazo dos pacientes Estes resultados sugerem um possível papel da vitamina D na fisiopatologia do AVEi exercendo um efeito modulador na resposta inflamatória destes pacientes Novos estudos com maior número de pacientes devem ser realizados para uma melhor compreensão do papel deste micronutriente na fisiopatologia do AVEi agudo

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Palavras-chave

Acidentes vasculares cerebrais, Vitamina D, Inflamação, Cerebrovascular disease, Vitamin D, Inflammation

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