Normas lexicais no português brasileiro : uma descrição de regionalismos nos dados do campo semântico da alimentação e cozinha do Projeto Atlas Linguístico do Brasil (ALiB)

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Yida, Vanessa

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Resumo: O conceito de norma linguística, sistematizado e somado à dicotomia saussuriana (langue e parole) por Coseriu (1979), propõe a noção de norma atrelada a realizações comuns que integram a comunidade linguística Com base nessa concepção, a língua pode abarcar variadas normas lexicais, que se relacionam às formas habituais de comunicação, associando os registros da comunidade linguística ao espaço sócio-geográfico Sob esse prisma, as normas linguísticas interpenetram-se e a sua documentação revela as formas mais produtivas e mais disseminadas em espaço areal, as normas gerais, e as normas regionais, usos linguísticos vinculados a comunidades restritas a determinados espaços (BIDERMAN, 21c), e que são denominados regionalismos Esta tese, pautada nos pressupostos teórico-metodológicos da Geolinguística e da Lexicologia, tem como objetivo central discutir a respeito da noção de norma geral, normas regionais e normas locais, a partir da análise da distribuição espacial das variantes lexicais coletadas como respostas para cinco questões da área semântica da Alimentação e Cozinha do Questionário Semântico Lexical (QSL) do Projeto ALiB, nas entrevistas realizadas em 25 cidades no interior e capitais do Brasil contempladas pelo projeto Trata-se das questões que buscam designações para: 179 (curau com coco), 18 (curau sem coco), 181(mugunzá/canjica), 185 (bala) e 186 (pão francês) (COMITÊ NACIONAL DO ALiB, 21) Como objetivos específicos, buscamos: (i) identificar as possíveis normas gerais, normais regionais e locais para nomear os conceitos descritos em cada uma das questões em estudo; (ii) delimitar normas lexicais cotejando sua distribuição espacial à divisão do Brasil em regiões culturais, segundo Diégues Junior (196), às áreas de formação humana vinculadas à base econômica, conforme Ribeiro (26), bem como, à divisão dialetal de Nascentes (1953); (iii) fornecer material linguístico para atualização de marcas de uso em dicionários; (iv) classificar as unidades lexicais complexas, possíveis sequências fixas, quanto ao grau de fixidez e critérios de transparência/opacidade (MEJRI, 1997) Para dar cumprimento aos objetivos, analisamos os dados do Projeto ALiB, coletados na fala de 1 informantes com escolaridade fundamental, estratificados segundo os parâmetros estabelecidos pelo projeto No cômputo geral, foram obtidas 4735 ocorrências para 77 variantes, contabilizando as formas rotuladas como outras A análise do corpus demonstrou que: (i) a elaboração de uma série de cartas linguísticas pode subsidiar a interpretação de áreas delimitadas por isoléxicas e evidenciar possíveis normais gerais, normas regionais e locais; (ii) as variantes documentadas apresentaram comportamento distinto, tendo sido verificada a integração de normas lexicais gerais para as questões 185 (bala) e 186 (pão francês) e em todas as perguntas foram observadas algumas formas regionais; (iii) tendo em vista o caráter fluido da distribuição das variantes lexicais, que seguem a dinâmica das populações, muitas formas regionais disseminaram-se para mais de uma área geográfica; (iv) apenas algumas áreas demarcadas por isoléxicas coincidiram com as divisões estipuladas por Nascentes (1953), Diégues Junior (196) e Ribeiro (26); (v) as obras lexicográficas consultadas auxiliaram na identificação das variantes e sua validação; (vi) a maioria das estruturas morfológicas das unidades complexas segue um paradigma recorrente e as formas candidatas a sequências fixas atenderam ao critério de composicionalidade e transparência

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Palavras-chave

Língua portuguesa, Variação, Brasil, Língua portuguesa, Regionalismos, Variation, Provincialisms, Linguistic geography, Portuguese language, Brazil

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