O processo de mudança do tratamento da lepra no Paraná (1950-1986) : representações e práticas

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Resumo: Ao final do século XIX e a partir da Primeira República brasileira, o discurso médico fora muito requisitado para atender, sobretudo, à ideologia republicana de Ordem e Progresso Neste momento, diante das dificuldades encontradas para a profilaxia e tratamento de doenças como a lepra e também das dúvidas sobre as formas de con-tágio, construiu-se um discurso coerente à necessidade de separar os doentes da sociedade sadia A partir da década de 193 foram construídos inúmeros leprosá-rios, locais de segregação, mas também abrigos da grande maioria dos acometidos pela lepra Na segunda metade do século XX, a descoberta das Sulfonas surgira como possibilidade de cura e melhora no tratamento dos doentes, no entanto, o iso-lamento compulsório permanecera como política de profilaxia e tratamento da doen-ça até os anos 196 Considerado tal arcabouço histórico, a presente pesquisa obje-tiva analisar as discussões que impulsionaram o processo de desinstitucionalização do tratamento baseado no isolamento compulsório dos doentes de lepra (especifi-camente no estado do Paraná), bem como a institucionalização de um novo trata-mento entre os anos 195 e 1986 A metodologia utilizada consistiu no levantamento de fontes primárias escritas e bibliografias específicas da área de História e Medicina, sendo estas Leis e Decretos, jornais e os periódicos da área médica “Publicações do CELSA” e “Hansenologia Internationalis” e em fundamentação teórica com base nos trabalhos de autores como Berger, Costa, Cabral, Elias, Goffman, Luckmann, Olinto, Schneider, entre outros Os resultados obtidos demonstram que o discurso coerente à necessidade de isolar os doentes nos chamados leprosários fora muito reforçado até os anos 6, quando, no meio médico e político, notou-se a ineficácia da prática - visto os ônus econômicos e o medo propagado pelo estigma atribuído a doença, reforçado pelo isolamento Deste modo, a experiência com o uso das sulfonas e o desenvolvimento de intensos debates no meio médico, culminaram no lento estabelecimento de ações contra-estigmatizantes, resultantes em um tratamento mais humanizados e em possibilidades de altas e curas Tais resultados reforçaram a necessidade das mudanças no discurso e nas políticas do Estado e refletiram, nas décadas seguintes, em questões como: a mudança na nomenclatura da doença de lepra à hanseníase; a especialização e capacitação de profissionais para atendimento aos doentes; maior número de pesquisas sobre a doença – considerando, além da Medicina, a Psicologia e as Ciências Humanas – e o desenvolvimento de campanhas de conscientização sobre características e tratamento da doença, bem como a busca da reinserção dos indivíduos diagnosticados no convívio da soci-edade e de suas próprias famílias

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Palavras-chave

História social, Medicina institucionalizada, Hanseníase, 1950-1986, Paraná, Social history, Leprosy, Paraná - 1950-1986

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