Compatibilidades entre agência feminista e comportamentalismo radical

Data

Autores

Silva, Emanuelle Castaldelli

Título da Revista

ISSN da Revista

Título de Volume

Editor

Resumo

Resumo: A agência pode ser tradicionalmente definida como a capacidade de um indivíduo de iniciar uma ação Esse conceito foi considerado um obstáculo à formação de uma aliança política entre feminismo e comportamentalismo radical, pois poderia se referir a uma instância interna responsável por originar os comportamentos dos indivíduos Todavia, essa compreensão não faz jus à pluralidade da comunidade feminista, na qual outras definições de agência compatíveis com o comportamentalismo radical poderiam emergir O objetivo deste estudo teórico-conceitual foi avaliar compatibilidades entre acepções feministas de agência e o comportamentalismo radical A bibliografia selecionada para esta pesquisa foi buscada em periódicos nacionais e internacionais especializados em estudos feministas Foram analisados vinte artigos que continham o descritor agência no título e uma definição desse conceito no resumo e/ou no corpo do texto A análise desses artigos foi pautada nas seguintes categorias: conceito de agência no projeto feminista, crítica a acepções dicotômicas de agência, perspectiva relacional de agência, características da agência, agência e interseccionalidade e agência e coletividade Considerando essas categorias, é possível afirmar que o conceito de agência seria fundamental no feminismo, cujo projeto social consiste em lutar contra controles opressivos e construir um mundo melhor para todas as mulheres A agência, nesse sentido, oferece contexto para que o comportamentalismo radical se filie a projetos de sociedade revolucionários, como o feminismo A literatura feminista, tal qual o comportamentalismo radical, critica explicações dicotômicas de agência, uma vez que elas ferem o caráter contextual e relacional das relações humanas Tanto as explicações de agência centradas no indivíduo quanto as explicações centradas nas estruturas sociais parecem partir da mesma lógica argumentativa que instaura uma dicotomia entre indivíduo e ambiente Feministas e comportamentalistas radicais compreendem que a agência é histórica e temporalmente situada e que a relação dos indivíduos com essas circunstâncias, principalmente seu caráter probabilístico, tornaria a agência possível A perspectiva relacional de agência daria origem a diferentes características de agência que, em uma interpretação comportamentalista, poderiam ser entendidas como repertórios agênticos Alguns aspectos feministas que destacam esses repertórios são: autodeterminação, escolha, competência normativa, performatividade, personificação, agência narrativa e tecnologias do eu Esses repertórios teriam em comum a consciência (autoconhecimento) de controles opressivos em relação ao gênero, que possibilitaria às mulheres fazer escolhas (autocontrole) que viabilizariam a luta contra essas relações de poder opressivas (contracontrole) e construir um mundo com relações mais igualitárias A luta contra relações desiguais de poder também implicaria, para a literatura feminista, incorporar as interseccionalidades das vidas das mulheres (raça, grupo étnico, classe, casta, religião, orientação sexual), a fim de evitar a reprodução dessas desigualdades entre as próprias mulheres Por fim, o reconhecimento dessas interseccionalidades possibilitaria aproximar as mulheres como grupo, o que potencializaria suas ações de resistência contra controles opressivos

Descrição

Palavras-chave

Análise do comportamento, Behaviorismo radical (Psicologia), Feminismo, Agente (Filosofia), Radical behaviorism (Psychology), Feminism, Agent (Philosophy), Behavioral analysis

Citação