Condições de trabalho e processo de adoecimento: um estudo sobre o trabalho de assistentes sociais na política de assistência social na região de Campo Mourão e Cascavel

dc.contributor.advisorTorres, Mabel Mascarenhas
dc.contributor.authorSilva, Tânia Mara da
dc.contributor.bancaCouto, Berenice Rojas
dc.contributor.bancaAlmeida, Denise Maria Fank de
dc.contributor.bancaLemos, Esther Luiza de Souza
dc.contributor.bancaTrindade, Rosa Lúcia Prédes
dc.coverage.extent275 p.
dc.coverage.spatialLondrina
dc.date.accessioned2024-11-04T17:26:48Z
dc.date.available2024-11-04T17:26:48Z
dc.date.issued2024-02-29
dc.description.abstractEsta tese apresenta os resultados da pesquisa cujo tema é o trabalho de assistentes sociais na Política de Assistência Social (PAS). O objeto do estudo versa sobre a relação entre as condições de trabalho e o processo de adoecimento profissional, a partir do trabalho de assistentes sociais na PAS. O problema de pesquisa foi se construindo no processo de investigação, conduzido pela seguinte interrogação: as condições objetivas de trabalho de assistentes sociais na PAS podem desencadear um processo de adoecimento nas profissionais? Para tanto, delineou-se como objetivo geral conhecer a relação entre as condições objetivas de trabalho e o processo de adoecimento de assistentes sociais que atuam na PAS. Os objetivos específicos são: (a) mapear o trabalho das assistentes sociais, destacando as ações, atividades e estratégias interventivas nos espaços sócio-ocupacionais da PAS; (b) caracterizar as condições objetivas de trabalho das assistentes sociais na PAS; (c) identificar elementos desencadeadores do processo de adoecimento dessas trabalhadoras. O estudo dessa temática ganha relevância pela atual configuração dos espaços sócio-ocupacionais das assistentes sociais, na sua natureza, na dinâmica das requisições, atribuições, competências, condições de trabalho e situações de risco à saúde destas trabalhadoras, quer seja na gestão da política, quer seja na execução direta com os usuários nos diferentes serviços socioassistenciais. A gestão do trabalho na PAS e com isso, o trabalho de assistentes sociais, é algo que merece uma atenção especial, pois é considerada, ao lado de descentralização, financiamento e controle social, um dos eixos estruturantes da política e constitui-se como um determinante na ampliação do mercado de trabalho para a categoria profissional. A pesquisa orientou-se pela tese de que as transformações do mundo do trabalho, no capitalismo do século XXI, implicam em condições de trabalho precarizadas, intensificadas e flexíveis, que atingem a classe trabalhadora, e podem incidir em um processo de adoecimento de assistentes sociais, visto que essas condições perpassam as políticas sociais, espaço sócio-ocupacional de assistentes sociais. No modo de produção capitalista, a força de trabalho é tida como uma mercadoria, submetida às relações de compra e venda estabelecidas pelos capitalistas e/ou seus representantes, sendo, portanto, superexplorada e consumida de tal forma, que pode provocar um desgaste da força de trabalho. O trabalho de assistentes sociais acompanha o movimento do real. As profissionais estão sujeitas aos regramentos de compra, venda e exploração da força de trabalho, a exposição aos fatores de riscos para a sua saúde, dadas as condições de trabalho em que se inserem como trabalhadoras assalariadas. Desse modo, esta pesquisa efetivou-se por meio do referencial de análise com base em uma fundamentação crítica, considerando o movimento dinâmico, contraditório e histórico da sociedade. A pesquisa concentra-se no período de 2020 a 2023, incluindo, portanto, o contexto pandêmico provocado pela covid-19, que agudizou a crise estrutural já evidenciada na sociedade capitalista. Em relação aos procedimentos metodológicos, o processo de investigação e análise caracteriza-se pela abordagem qualitativa de forma a demonstrar criticamente os conhecimentos acumulados sobre o tema em questão. Os dados foram coletados por meio de revisão bibliográfica, especialmente, em obras que versam sobre o mundo do trabalho, o desgaste da força de trabalho, o trabalho de assistentes sociais e a PAS. Foram ainda consultados dados sobre a PAS, a caracterização dos municípios e as trabalhadoras do SUAS em sites de domínio público dos governos federal, estadual e nos portais dos municípios. A pesquisa envolvendo sujeitos foi aprovada pelo Comitê de Pesquisa Envolvendo Seres Humanos, instalado na Universidade Estadual de Londrina. Delimitou-se o estudo com assistentes sociais que atuam na PAS na região de Campo Mourão e Cascavel. A coleta de dados envolvendo os sujeitos foi realizada por meio da aplicação de um formulário on-line disponibilizado pelo Google Forms, divulgado mediante da técnica de amostragem não probabilística snowboll, ou Bola de Neve, uma vez que se utilizam cadeias de referência para a localização dos sujeitos do estudo. O formulário foi preenchido por 44 respondentes. Um dos resultados da pesquisa a salientar refere-se à constatação de que as condições de trabalho de assistentes sociais na PAS acompanham a tendência da configuração do trabalho na sociedade do capital, marcado pelo direcionamento da precarização, intensificação e flexibilização. A precarização é marcada pela fragilidade das relações contratuais e trabalhistas, e baixos salários. A intensificação se manifesta pelas condições objetivas de trabalho por meio da estratégia de aumento do ritmo, velocidade e maior volume de atividades. A flexibilização está relacionada com a exigência de um novo perfil profissional, no contexto de cobrança por polivalência e multifuncionalidade, tendo como objetivo o aumento da produtividade e o alcance de metas quantitativas. A conjugação dessas características aumenta as condições para o desenvolvimento de um processo de desgaste de sua força de trabalho e adoecimento que nem sempre se manifestará por meio de uma patologia, mas por meio de uma sobrecarga, uma fadiga e estresse diante do volume de atividades sob a responsabilidade técnica, ética e política de assistentes sociais. A intensificação do trabalho é um fenômeno anterior à pandemia, mas, a partir dela, agudizaram-se os sinais de medo, insegurança e incertezas levando a um sofrimento no trabalho. Esse sofrimento está no reconhecimento dos limites do trabalho na PAS ante os desafios e complexidade das demandas postas à gestão e à oferta dos serviços socioassistenciais; pelo descompasso entre a cobertura, o alcance dos serviços prestados pela PAS e a desproteção da classe trabalhadora. O empobrecimento da classe trabalhadora tem sido real e crescido nos últimos anos, demandando uma maior procura pelos serviços e benefícios socioassistenciais. Contudo, ante o posicionamento do Estado de restringir o orçamento para a manutenção dos serviços sociais, a cobertura da proteção social não alcança todos os que dela necessitam, desconsiderando um dos princípios da PAS. Dessa forma, a classe trabalhadora sofre significativas perdas no tocante aos direitos sociais. Diante de uma prestação de serviços socioassistencial que revela a focalização e a seletividade como elementos de acesso e permanência de trabalhadores no atendimento, a PAS é atravessada de ambiguidades: apresenta como princípios a proteção social e o atendimento aos valores democráticos e, na mesma medida, a oferta de serviços socioassistenciais não alcança a crescente e complexa demanda. Ou seja, as políticas sociais que deveriam atender as necessidades apresentadas pela classe trabalhadora sofrem os golpes da proposta neoliberal e, consequentemente, afastam-se dos compromissos sociais, aos quais deveriam estar vinculadas. É nesse contexto que as expressões da questão social ganham maior visibilidade, requisitando às assistentes sociais um grande esforço teórico-metodológico, ético e político, no sentido da apreendê-la no movimento contraditório da sociedade, de modo a elaborar uma interpretação crítica do contexto da qual é parte. Ainda que os últimos anos tenham sido marcados pelos ajustes neoliberais, o compromisso de assistentes sociais com uma perspectiva teórica, vinculada à apreensão crítica da realidade, impulsiona a busca de novos parâmetros de atuação, construídos de forma coletiva pela categoria, articulada aos movimentos sociais em defesa dos interesses e direitos da classe trabalhadora. Os resultados apontam que o aumento quantitativo do volume de trabalho, com as alterações dos procedimentos metodológicos, as mudanças no modo como o trabalho acontece, não apenas na pandemia, mas diante de todo o processo de desfinanciamento da PAS, não alcançando todos os/as trabalhadores/as que requisitam essa política, vão contribuir para os desgastes físico, emocional, cognitivo e ético dos profissionais, levando a um processo de adoecimento.
dc.description.abstractother1This Thesis presents the results of research whose theme is the work of social workers in social assistance policy. The object of study deals with the relationship between working conditions and the process of professional illness, based on the work of social workers in social assistance policy. The research problem was built in the investigation process, led by the question: can the objective working conditions of social workers in social assistance policy trigger a process of illness among professionals? To this end, the general objective was to understand the relationship between objective working conditions and the illness process of social workers who work in social assistance policy. The specific objectives are (a) to map the work of social workers, highlighting the actions, activities and intervention strategies in the socio-occupational spaces of social assistance policy; (b) characterize the objective working conditions of social workers in social assistance policy and, (c) identify the elements that trigger the illness process of these workers. The study of this theme gains relevance due to the current configuration of the social-occupational spaces of social workers, in their nature, in the dynamics of requests, assignments, competencies, working conditions and situations of risk to the health of these workers, whether in policy management, whether in direct implementation with users in the different social assistance services. The management of work in social assistance policy and thus, the work of social workers is something that deserves special attention, as it is considered, alongside decentralization, financing and social control, one of the structuring axes of the policy and constitutes itself as a determinant in expanding the job market for the professional category. The research was guided by the thesis that the current transformations in the world of work in capitalism imply precarious, intensified and flexible working conditions that permeate social assistance policy, as well as other social policies, and can affect a process of illness of social workers. In the capitalist mode of production, labor power is considered a commodity, subjected to buying and selling relations and, therefore, overexploited and consumed in a way that can cause a wastage of labor power. The work of social workers follows the movement of reality. Professionals are subject to the rules governing the sale and exploitation of labor, exposure to risk factors for their health, given the working conditions in which they operate as salaried workers. In this way, this study was carried out through the analysis framework based on a critical foundation, considering the dynamic, contradictory and historical movement of society. In relation to methodological procedures, the research and analysis process is characterized by a qualitative approach in order to critically review the accumulated knowledge on the topic in question. Data were collected through a bibliographical review, especially in works that deal with the world of work, the exhaustion of the workforce, the work of social workers and social assistance policy. Data on social assistance policy, the characterization of municipalities and SUAS workers were also consulted on public domain websites of the federal and state governments and on municipal portals. In relation to research with subjects, the study was limited to social workers who work in social assistance policy in the Campo Mourão and Cascavel region, the latter being approved by the Research Committee Involving Human Beings. The research focuses on the period from 2019 to 2023, therefore including the pandemic context caused by Covid-19, which exacerbated the structural crisis already established in capitalist society. Thus, the research with subjects was carried out through the application of an online form made available by Google Forms, published using the non-probabilistic sampling technique snowboll, or Snowball, as the most appropriate as it uses reference chains for locating the study subjects, with the participation of 44 respondents. As the main result of the research, it was found that the working conditions of social workers in social assistance policy follow the trend of work configuration in capital society, marked by the direction of precariousness, intensification and flexibility. Precariousness is marked by the fragility of contractual and labor relations and low wages. Intensification is manifested by objective working conditions through the strategy of increasing pace, speed and greater volume of activities. Flexibility is related to the requirement for a new professional profile, in the context of demanding versatility and multifunctionality, with the objective of increasing productivity and achieving goals. The combination of these characteristics increases vulnerability to the development of a process of exhaustion of the workforce and illness, which will not always manifest itself through pathology, but through overload, fatigue and stress. The intensification of work is a phenomenon prior to the pandemic, but since then, signs of fear, insecurity and uncertainty have intensified, leading to suffering at work. This suffering is due to the recognition of the limits of work in social assistance policy given the challenges and complexity of the demands placed on the management and provision of social assistance services; due to the mismatch between what is covered by social assistance policy and the lack of protection of the working class. The impoverishment of the working class has been real in recent years, demanding growth to support their condition of survival and income through social policies. However, given the State's position of budgetary restrictions for the maintenance of social services, social protection coverage does not reach everyone who needs it, contrary to one of the principles of social assistance policy. In this way, the population suffers significant losses in terms of social rights, due to policies that are often focused and selective, which do not meet democratic values and growing demand. The social policies that should serve this population suffer the blows of the neoliberal proposal and, consequently, move away from the social commitments, which should be linked. It is in this context that the expressions of the social issue gain greater visibility, requiring social workers to make a great theoretical-methodological effort, in order to understand it in the contradictory movement of society and to be able to develop a critical interpretation of the context to which it is part. Even though recent years have been marked by neoliberal adjustments, the commitment of social workers to a theoretical perspective linked to a critical apprehension of reality that drives the search for new parameters of action, constructed collectively as a category and which must be articulated with social movements in defense of the interests and rights of the working class.The results indicate that the quantitative increase in the volume of work, with changes in methodological procedures, changes in the way work takes place not only in the pandemic but in the face of the entire PAS defunding process whose reach will not reach all Workers who request this policy will contribute to the physical, emotional, cognitive and ethical exhaustion of professionals, leading to an illness process.
dc.identifier.urihttps://repositorio.uel.br/handle/123456789/18380
dc.language.isopor
dc.relation.departamentCESA - Departamento de Serviço Social
dc.relation.institutionnameUniversidade Estadual de Londrina - UEL
dc.relation.ppgnamePrograma de Pós-Graduação em Serviço Social e Política Social
dc.subjectTrabalho de assistente social
dc.subjectCondições de trabalho
dc.subjectAdoecimento
dc.subjectDesgaste
dc.subjectPolítica de Assistência Social
dc.subjectServiço social - Políticas públicas
dc.subjectAssistentes sociais - Prática profissional
dc.subjectPolíticas sociais - Paraná
dc.subjectAmbiente de trabalho
dc.subjectCOVID-19
dc.subjectCapitalismo - Aspectos sociais
dc.subjectNeoliberalismo - Aspectos sociais
dc.subject.capesCiências Sociais Aplicadas - Serviço Social
dc.subject.cnpqCiências Sociais Aplicadas - Serviço Social
dc.subject.keywordsSocial worker work
dc.subject.keywordsWork conditions
dc.subject.keywordsillness
dc.subject.keywordsWear
dc.subject.keywordsSocial assistance policy
dc.subject.keywordsSocial service - Public policies
dc.subject.keywordsSocial workers - Professional exercise
dc.subject.keywordsSocial policies - Paraná
dc.subject.keywordsWork environment
dc.subject.keywordsCOVID-19 -
dc.subject.keywordsCapitalism - Social aspects
dc.subject.keywordsNeoliberalism - Social aspects
dc.titleCondições de trabalho e processo de adoecimento: um estudo sobre o trabalho de assistentes sociais na política de assistência social na região de Campo Mourão e Cascavel
dc.title.alternativeWorking conditions and illness processes: a study on the working conditions of social workers in social assistance policy in the Campo Mourão and Cascavel region
dc.typeTese
dcterms.educationLevelDoutorado
dcterms.provenanceCentro de Estudos Sociais Aplicados

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