Atividade tripanocida do ácido grandiflorênico e atividade leishmanicida dos análogos biotransformados do ácido caurenóico
Data
2021-08-20
Autores
Gonçalves, Manoela Daiele
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Resumo
Os diterpenos ácido caurenóico (KA) e grandiflorênico (GFA), metabolitos secundários isolados da Sphagneticola trilobata (Asteraceae), são descritos na literatura como antiparasitários, antimicrobianos e antioxidantes, além de possuírem estruturas favoráveis para o processo de biotransformação por fungos filamentosos. A leishmaniose, doença causada por protozoários parasitos do gênero Leishmania, são transmitidos ao homem por meio da picada do inseto flebotomíneo. Apresentam diversas manifestações clínicas que vai desde a forma cutânea até a visceral e são dependentes da resposta imune do hospedeiro e da espécie do parasito. A Doença de Chagas é causada por protozoários parasitos do gênero Trypanosoma cruzi, os quais são transmitidos ao mamífero pela via vetorial através das fezes de triatomíneos infectados. O curso clínico está dividido em duas principais fases, a aguda e a crônica. O tratamento para ambas as enfermidades apesar de apresentarem eficiência terapêutica relatada, apresentam alta toxicidade ao paciente, causando diversos efeitos colaterais, além de resistência parasitológica resultando muitas vezes na descontinuação do tratamento. Deste modo, tem sido cada vez mais investigado a busca por compostos que possuam abordagem terapêutica para o tratamento dessas doenças. No capítulo II foi realizado o processo de biotransformação do KA pelo fungo filamentoso Cunninghamella elegans e foram obtidos dois análogos cauranos, o ácido 7-hidroxicaurenóico (7OHKA) e o ácido 7,9-diidroxicaurenóico (7,9OHKA). A partir do estudo in sílico, os compostos apresentaram características favoráveis segundo as regras propostas analisadas. No ensaio de citotoxicidade, por MTT, sobre macrófagos murinos J774A.1, o tratamento com KA (10 a 200 µM) reduziu a viabilidade celular a partir de 50 µM em 72 h e 96 h, enquanto 7OHKA e 7,9OHKA não diferiram do grupo controle (p>0,05), exceto nas maiores concentrações testadas (150 e 200 µM). No ensaio de cinética de proliferação das formas promastigotas de L. amazonensis, 7OHKA, nos tempos de 72 e 96 h, reduziu a viabilidade em 70 %, e para 7,9OHKA, essa redução foi observada após 96 h de tratamento. Assim, os análogos obtidos demonstraram características favoráveis para o estudo como candidatos em potencial na busca por novos fármacos antiprotozoário. No capítulo III, foi determinado o efeito do GFA sobre formas tripomastigotas e amastigotas de T. cruzi. Os resultados mostraram que o tratamento com GFA reduziu a viabilidade das formas tripomastigotas, com alterações morfológicas e ultraestruturais nos parasitos tratados, observou-se aumento nos níveis de espécies reativas de oxigênio (ERO), despolarização mitocondrial, acúmulo de corpos lipídicos, presença de vacúolos autofágicos, exposição de fosfatidilserina e danos à membrana plasmática. Além disso, GFA reduziu o número de formas amastigotas por macrófago (J774A.1), sem exibir toxicidade em linhagens de mamíferos (J774A.1, LLCMK2, THP-1 e AMJ2-C11). Por conseguinte, GFA aumentou os níveis de TNF-a e reduziu os níveis de IL-6 em macrófagos infectados. Assim, o tratamento com GFA atuou nas formas tripomastigotas por meio de mecanismo semelhante a apoptose e eliminação de parasitos intracelulares pela via do TNF-a/ERO. Ambos os capítulos (II e III) mostraram a importância dos estudos envolvendo os compostos isolados de fontes naturais, além de estruturalmente favoráveis para o processo de biotransformação fúngica, permitindo a obtenção de compostos biologicamente mais ativos.
Descrição
Palavras-chave
Citocromo P450, Fungos filamentosos, Hidroxilação, Apoptose, Química, Biotransformação (Metabolismo), Compostas, Fungos filamentosos, Hidroxilação