Do homo viator ao homo regressus : a (mito)poética do retorno em Tutaméia (Terceiras estórias), de João Guimarães Rosa

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Resumo: Partindo do princípio de que a temática da viagem, da travessia, é considerada pela crítica como um fio condutor que perpassa toda a produção literária de João Guimarães Rosa, esta tese tem por objetivo demonstrar que a temática do retorno configura-se, também, peça de fundamental relevância para a decifração das veredas trilhadas pelo autor, particularmente, em Tutaméia (Terceiras Estórias) (1967), sua derradeira obra publicada em vida Ao participar de um concurso de contos, em 1937, Guimarães Rosa utiliza o pseudônimo de Viator, antecipando um dos pontos centrais de sua produção poética, a condição do homo viator, do homem que está sempre a caminho Se o processo da viagem é composto por três etapas, sendo elas, a partida, a travessia e o retorno, encontramos nesta última uma ação dotada de vasta simbologia, tão merecedora de atenção quanto às outras duas, pois, a nosso ver, se as personagens de Guimarães Rosa tornam-se particulares por refletirem o homo viator, da mesma forma, suas ações encontram-se totalmente plasmadas pela condição do homo regressus, ou seja, do homem que retorna A tese defendida baseia-se na premissa de que o ato de retornar, em Tutaméia (Terceiras Estórias), adentra as esferas do mítico e concretiza uma (mito)poética do retorno, perceptível pelo trabalho que Rosa realiza com a linguagem e pela presença de uma matriz mítica, na grande maioria dos contos, quase que de A a Z, uma vez que esses se encontram dispostos em ordem alfabética Nessa perspectiva, o trabalho estrutura-se em três capítulos, sendo que, no primeiro, tecemos algumas considerações sobre a inserção de Tutaméia (Terceiras Estórias) em uma dimensão mítica, revelando seu caráter enigmático; no segundo capítulo, destacamos a abrangência da temática do retorno, presente desde os primórdios da humanidade e a estreita relação que possui com a narrativa ficcional, considerada uma arte de retorno aos mitos e aos ritos da Antiguidade, como apresentam os críticos Northrop Frye, E M Meletínski e Sérgio Vicente Motta No terceiro capítulo, selecionamos para a análise os contos “Arroio-das-Antas”, “Sinhá Secada” “Barra da Vaca”, “Droenha”, “Curtamão” “Presepe”, “Desenredo”, “Reminisção”, “Estoriinha”, “Estória nº 3”, “Grande Gedeão”, “No prosseguir”, “Rebimba, o bom”, “Antiperipléia” e “Zingarêsca”, por acreditarmos que, neles, a possibilidade de retorno, ou não, tende a ocasionar consequências bastante profundas no desenrolar dos fatos e na vida das personagens

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Palavras-chave

Contos brasileiros, História e crítica, História e crítica, Short stories, brazilian, History and criticism

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