Travestis no universo da arte : um retrato da memória social no âmbito do FILO

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Serafim, Jucenir da Silva

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Resumo

Resumo: A memória organizada e mediada é uma ferramenta que pode ser utilizada para recontar por meio de narrativas artísticas, novas realidades, que são capazes de transportar as pessoas para experiências de vida de outros indivíduos e grupos sociais A partir dessa ideia, pensou-se que o teatro, uma das formas mais antigas de arte, pode contar as histórias de grupos de travestis, transexuais e transgêneros, pessoas que se encontram as margens da sociedade Por isso, questionou-se quais revelações os arquivos históricos e registros da comunidade transexual de Londrina podem contribuir para a memória social dessa comunidade? Diante de tal questionamento, presumiu-se que registros sobre o Festival Internacional de Londrina (FILO), retrataram a realidade de transexuais, travestis e transgêneros Sendo assim, objetivou-se resgatar fragmentos da memória social dessas pessoas por meio de registros sobre as peças do FILO com personagens travestis e entrevistas com transexuais Como procedimentos metodológicos, foi conduzida uma pesquisa de abordagem qualitativa para compreender a memória social dos grupos citados, na região de Londrina, foi aplicada a técnica do discurso do sujeito coletivo para analisar matérias de jornais locais e transcrições das entrevistas de duas mulheres transexuais e um homem transexual A fundamentação teórica foi construída a partir de estudo sobre as memórias coletiva e social Além disso, foram revisadas teorias sobre dominação, gênero, identidade de gênero, conceitos de pluralidade, respeito a distinção e singularidade Como resultados da pesquisa, registrou-se seis espetáculos que apresentavam personagens travestis Foram encontrados clippings de jornais locais, catálogos anuais do Festival que apresentavam informações e repercussões sobre as peças dentro do escopo deste trabalho A peça que teve maior repercussão foi a que tratava da releitura de passagens bíblicas pela perspectiva de uma travesti Ainda, por meio da análise das transcrições das entrevistas evidenciou-se que para os entrevistados crescer foi um processo doloroso porque não conseguiam se encaixar nos papéis de gênero que a eles eram impostos; a escola foi um lugar onde eram controlados e forçados a se moldarem dentro de uma norma; a arte foi um meio de deixar a prostituição e ser capaz de militar, ou seja, utilizar a arte, o teatro para vir esfera publicar manifestar suas necessidades e, principalmente, sua existência Concluiu-se que a arte e a cultura, que em grande parte são difundidas no ambiente escolar, são os vetores para reproduzir a dominação que circula pela sociedade Todavia elas também podem ser utilizadas para subverter a dominação, isso ocorre quando as pessoas vão à esfera pública para expor suas ideias, modos de vida, sonhos, dores e violências a que são submetidos principalmente por questões de preconceitos, as quais podem ser resolvidas por meio do diálogo no domínio público Por isso, a Ciência da Informação, por ser uma ciência com aspectos sociais, desempenha papel essencial na organização, acesso e mediação à informação sobre as pessoas que fazem parte de comunidades periféricas

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Palavras-chave

Memória social, Travestis, Aspectos sociais, Contracultura, Brasil, Transvestites, Counter culture, Artists and theater, Brazil, Social aspects

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