Um estudo das etnias Guarani Kaiowá e Guarani Ñandeva a partir de suas impressões sobre as línguas e de um recorte do léxico em uso

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Resumo: O estado de Mato Grosso do Sul, sobretudo a região sul, caracteriza-se por um contexto linguístico que pode ser considerado complexo Os dois principais fatores dessa complexidade são a fronteira com o Paraguai e a presença de um número relativamente grande de indígenas no estado, principalmente das etnias Guarani Ñandeva e Guarani Kaiowá Esses grupos indígenas, com frequência, são referenciados, pelos meios de comunicação, por exemplo, apenas como Guarani Empiricamente observamos que os indígenas se queixam de que o tratamento generalizante não é adequado Considerando essa problemática, este trabalho pretendeu realizar um estudo que pusesse em evidência as especifidades dos dois subgrupos étnicos, e teve os seguintes objetivos: i) verificar se, de fato, os indígenas têm percepção de diferenças culturais e linguísticas entre eles e verificar se as duas etnias percebem as supostas diferenças da mesma forma ou de formas distintas; ii) investigar se, ao menos no nível do léxico, existem diferenças linguísticas objetivas significativas entre as duas etnias; iii) averiguar se os usos linguísticos dos dois subgrupos, no que se refere ao recorte do léxico em estudo, encontram-se, da mesma forma, contemplados em dicionários de língua guarani; e iv) investigar se, entre as duas etnias, há diferenças em relação à atitude frente às influências linguísticas externas, especialmente em relação à adoção de empréstimos lexicais Para o alcance desses objetivos, selecionamos seis informantes de cada uma das etnias, segundo critérios previamente estabelecidos, com os quais coletamos depoimentos sobre questões linguísticas, e uma amostra do vocabulário – esses dados constituíram o corpus da pesquisa A análise dos dados revelou, em síntese, que, no que se refere às impressões sobre as línguas, os dois grupos étnicos demonstram posicionamento muito semelhante em relação ao que os diferencia e ao que os aproxima – ora enfatizam as diferenças, ora apontam para um processo de homogeneização linguística e cultural; quanto às diferenças no uso do léxico, observamos que elas existem e são significativas, entretanto, em geral, as unidades lexicais utilizadas pelos dois grupos estão devidamente contempladas nos dicionários de guarani (ressalta-se apenas que há pequena desvantagem para os Guarani Kaiowá no que se refere à dicionarização); já em relação às influências externas, mais exatamente ao uso de empréstimos lexicais, os dados revelaram que elas estão presentes, de forma significativa, na língua das duas etnias, mas que são mais recorrentes entre os Guarani Ñandeva De modo geral, o trabalho comprovou que existem diferenças linguísticas que devem ser consideradas na elaboração de materiais sobre a língua (dicionários e gramáticas, por exemplo) Essas diferenças, em um primeiro momento, podem parecer não relevantes do ponto de vista estritamente linguístico, mas são diferenças que os indígenas desejam que sejam evidenciadas, inclusive, por acreditarem que elas constituem as especificidades e a identidade de cada um dos grupos

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Palavras-chave

Língua guarani, Variação, Língua guarani (Kaiowá), Língua guarani (Ñandeva), Guarani language, Variation

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