O português de cá e de lá : variedades em contato na fronteira entre Brasil e Paraguai

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Carlos, Valeska Gracioso

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Resumo

Resumo: O Oeste do estado do Paraná caracteriza-se por uma peculiar diversidade linguística, resultado do contato do português com as línguas dos descendentes de imigrantes europeus, oriundos de Santa Catarina e Rio Grande do Sul na década de 6, e do contato com as línguas faladas na região da fronteira Tendo em vista que nessa época muitos brasileiros migraram para o Paraguai, em busca de terras propícias para a agricultura, hoje existem cidades cuja maioria absoluta da população é formada por brasileiros A pesquisa teve como objetivo descrever a língua portuguesa falada na região da fronteira do Brasil com o Paraguai, mais especificamente em duas localidades do Estado do Paraná: Terra Roxa e Missal, e duas do Departamento de Alto Paraná: San Alberto e Santa Rosa del Monday, buscando apurar, não só a questão do contato entre grupos sociais da fronteira, mas também a interinfluência da variedade linguística de migrantes do Sul do Brasil (variante sulista) contrastando com os que vieram das outras regiões como a Sudeste e a Nordeste (variante nortista) Portanto, entrevistamos não apenas informantes nascidos e criados nas localidades, como era de praxe em pesquisas da Dialetologia Tradicional, ao contrário, interessou-nos documentar também a fala dos grupos móveis, ponderando a recente formação das localidades em questão O estudo segue os pressupostos teóricos da Dialetologia Pluridimensional e Relacional, que busca aliar a variação diatópica (horizontal) com a variação diastrática (vertical), convertendo o estudo tradicional da superfície bidimensional em estudo do espaço tridimensional da variação linguística Para a seleção dos informantes considerou-se a dimensão diassexual (homens e mulheres), a dimensão diastrática (escolaridade até o ensino fundamental e com o ensino superior completo), a dimensão diageracional (18 a 3 e 5 a 65 anos), a dimensão diatópico-cinética (jovens nascidos da localidade e os mais velhos oriundos de outras regiões), ainda mulheres e homens jovens, paraguaios, das duas escolaridades, nascidos nas localidades paraguaias Além da dimensão diatópica (variação atribuída a distintas localidades), e o perfil do informante, a análise dos dados foi contraposta à dimensão dialingual (duas ou mais línguas/variedades em contato), à dimensão diafásica (diferenciação entre respostas de questionários e conversas livres), à dimensão diarreferencial (modo de falar do informante contrastado à sua consciência linguística) A coleta de dados foi realizada in loco, por meio de questionários previamente definidos conforme os objetivos da pesquisa, e cartografados em cartas fonéticas, semântico-lexicais e morfossintáticas Os resultados apontam que não há grandes interinfluências das língua espanhola e guarani na fala dos brasileiros, contudo, a língua portuguesa se manifesta pelo contato e pela mídia na fala dos paraguaios A manutenção dos traços linguísticos sulistas está diretamente ligada à geração topodinâmica e mais velha, enquanto os jovens apresentam uma preferência ao uso de variantes nortistas

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Palavras-chave

Língua portuguesa, Variação, Brasil, Língua portuguesa, Variação, Boundaries

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