Avaliação da neoglicogênese hepática e das citocinas circulantes na caquexia induzida por tumor Walker-256

Data

2010-02-25

Autores

Moreira, Carolina Campos Lima

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Resumo

A caquexia neoplásica é caracterizada por um conjunto de desvios metabólicos provocados por diversos fatores denominados mediadores da caquexia. Poucos estudos têm investigado as alterações metabólicas hepáticas na caquexia associada ao câncer, não havendo consenso se a neoglicogênese está aumentada ou diminuída nesta patologia. Além disso, não há estudos sobre as concentrações circulantes de citocinas durante o processo de desenvolvimento do tumor Walker-256. O objetivo deste estudo foi avaliar a neoglicogênese hepática e parâmetros metabólicos relacionados, bem como as concentrações séricas de citocinas, em ratos portadores de caquexia induzida por tumor Walker-256, em diferentes estágios do desenvolvimento tumoral. Para a implantação do tumor, 8x107 células Walker-256 (grupo WK) foram inoculadas subcutaneamente no flanco direito traseiro de ratos machos Wistar (220-230 g). Animais controles foram inoculados com PBS (salina tamponada com fosfato) no mesmo local. A neoglicogênese hepática e os parâmetros metabólicos relacionados foram avaliados em estudos de perfusão de fígado in situ, a partir dos precursores alanina, piruvato, lactato ou glicerol, no 5º (WK 5º) e 8º (WK 8º) dia após a inoculação das células tumorais. As citocinas séricas, fator de necrose tumoral a (TNFa) e as interleucinas 1ß (IL-1ß) e 6 (IL-6), foram avaliadas no 2º, 5º, 8º, 11º e 14º dia de desenvolvimento tumoral. Os resultados demonstraram redução (p<0,05) da produção hepática de glicose e do consumo de oxigênio a partir da alanina 2,5 mM nos grupos WK 5º e WK 8º. Nestes estudos de perfusão com alanina, houve aumento (p<0,05) da produção hepática de piruvato e lactato e tendência de aumento na produção hepática de uréia no grupo WK 5º, enquanto no grupo WK 8º houve tendência de redução na produção hepática de piruvato, lactato e uréia. A produção hepática de glicose e o consumo de oxigênio a partir do piruvato 5 mM ou lactato 2 mM foram também reduzidos (p<0,05) nos animais portadores de tumor (WK 5º e WK 8º), exceto para o grupo WK 5º que apresentou apenas tendência de redução no consumo de oxigênio a partir do piruvato. Entretanto, a produção de glicose e o consumo de oxigênio a partir do lactato 5,5 mM (grupo WK 8º) ou a partir do glicerol 2 mM (grupos WK 5º e WK 8º) não foram reduzidos nos animais portadores de tumor. As concentrações séricas de TNFa, IL-1ß e IL-6 foram indetectáveis nos ratos portadores de tumor (grupos WK 2º, WK 5º, WK 8º, WK 11º e WK 14º). Os resultados permitiram concluir que houve inibição da neoglicogênese hepática a partir dos precursores alanina, piruvato e lactato, mas não a partir do glicerol, no 5º e 8º dia de desenvolvimento tumoral. Estes achados, juntamente com os de produção hepática de lactato, piruvato e uréia a partir da alanina, permitem sugerir que houve inibição de enzimas regulatórias da neoglicogênese, como a piruvato carboxilase e/ou PEPCK (fosfoenolpiruvato carboxiquinase) e tendência de inibição da alanina aminotransferase (WK 8º), mas não houve inibição de enzimas que catalisam reações posteriores à entrada do glicerol (frutose 1,6-bifosfatase e glicose 6-fosfatase), nos ratos portadores de tumor. É possível que o TNFa, a IL-1ß e a IL-6, produzidos localmente no fígado e em outros tecidos, estejam atuando como mediadores autócrinos/parácrinos e inibindo a expressão e/ou atividade destas enzimas regulatórias da neoglicogênese. Os dados também indicam, como demonstrado pela inibição da produção hepática de glicose a partir do lactato 2 mM, mas não a partir do lactato 5,5 mM, que houve alteração da concentração saturante de lactato, nos fígados dos animais portadores de tumor. Assim, é possível que a produção hepática de glicose a partir de maiores concentrações circulantes de lactato, como as observadas nos ratos portadores de tumor, contribua para o impedimento de hipoglicemia acentuada e, portanto para o prolongamento da vida no estado portador de tumor

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Palavras-chave

Caquexia, Tumor Walker-256, Neoglicogênese hepática, Citocinas

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