Estudo da resposta inflamatória em pacientes com acidente vascular cerebral isquêmico agudo (AVCI) : sua relação com os subtipos de AVCI, déficit neurológico e evolução clínica

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Resumo: O acidente vascular cerebral isquêmico (AVCI) é uma das principais causas de morte e incapacidade em todo o mundo As vias fisiológicas do metabolismo lipídico, resposta inflamatória crônica, coagulação e hemostasia, regulação da pressão sanguínea e adesão celular têm sido implicadas na fisiopatologia do AVCI em estudos realizados em diferentes populações mundiais O objetivo deste estudo foi avaliar a associação entre os marcadores demográficos, epidemiológicos, inflamatórios e metabólicos com os subtipos de AVCI, déficit neurológico e evolução clínica em pacientes com AVCI agudo da população brasileira O estudo incluiu 121 pacientes com atendidos no Pronto Socorro do Hospital Universitário da Universidade Estadual de Londrina, Londrina, e 96 indivíduos saudáveis controlados por idade, sexo, etnia e índice de massa corpórea (IMC) provenientes da mesma região geográfica Foram coletados dados demográficos, antropométricos, clínicos e fatores de risco associados ao AVCI O subtipo de AVCI foi classificado segundo os critérios de TOAST em aterosclerose de grandes artérias (large artery atherosclerosis stroke, LAAS), infarto cardioembólico (cardioembolic infarct, CEI), infarto lacunar (lacunar infarct, LAC), AVCI de outra etiologia determinada (other determined etiology, ODE) e AVCI de etiologia indeterminada (undetermined etiology, UDE) A capacidade funcional dos pacientes foi avaliada no momento da admissão pela Escala de Rankin Modificada (mRS) e após três meses de evolução Amostras de sangue periférico foram coletadas em até 24 horas após o diagnóstico de AVCI para a determinação da contagem de leucócitos periféricos e plaquetas, velocidade de hemossedimentação (VHS), níveis séricos de proteína C reativa ultrassensível (usPCR), ferritina e homocisteína, níveis plasmáticos de interleucina 6 (IL-6), fator de necrose tumoral alfa (TNF-a) e da metaloproteinase de matrix 9 (MMP-9) Foram analisados também níveis séricos de ferro, colesterol total (CT), triglicerídeos (TG), lipoproteína de alta densidade do colesterol (HDL-C), lipoproteína de baixa densidade do colesterol (LDL-C) e níveis plasmáticos de glicose e insulina A resistência à insulina foi avaliada pelo Modelo de Avaliação da Homesostase para Resistência à Insulina (Homeostasis Model Assessment for Insulin Resistance, HOMA-IR) Entre os pacientes, 68 (56,2%) eram homens e os riscos modificáveis mais frequentes para AVCI foram hipertensão (87/712%), sedentarismo (68/ 56,2%), dislipidemia (45/37,2%), diabetes (45/37,2%) e tabagismo (26/21,5%) Segundo os subtipos do AVCI, 35 (28,9%) pacientes apresentaram LAAS, 21 (17,3%) CEI, 39 (32,2%) LAC, 8 (6,6%) ODE e 18 (14,9%) UDE Quando os subtipos foram comparados aos controles, a frequência de homens foi maior entre os que tiveram LAAS, LAC e CEI (p<,1, p=,16 e p=,16, respectivamente); os não Caucasianos foram mais frequentes entre os que apresentaram LAAS (p=,39); hipertensão foi mais frequente entre os pacientes com LAAS, LAC e CEI (p=,95, p=,44 e p=,234, respectivamente); diabetes foi mais frequente entre os pacientes com LAAS (p=216); sedentarismo foi mais frequente entre os pacientes com LAAS, LAC e CEI (p<,1); tabagismo foi mais frequente entre os que tiveram LAAS e LAC (p=,7 e p=,4, respectivamente); uso de antihipertensivos foi mais frequente entre os que tiveram LAAS e LAC (p=,21 e p=,218, respectivamente); e o uso de anti-paquetários foi mais frequentes entre os que tiveram LAC (p=,62) Ainda comparados aos controles, os leucócitos periféricos e os níveis de usPCR, IL-6, MMP-9 e glicemia foram mais elevados nos pacientes com LAAS, LAC e CEI (p<,5) e os níveis de HDL-C e ferro foram menores nos pacientes com LAAS, LAC e CEI (p<,1); insulina, HOMA-IR e homocisteína foram mais elevados nos que tiveram LAC (p<,1) e CT foi menor nos pacientes com LAAS e CEI (p<,1 e p<,1, respectivamente) O déficit neurológico foi mais elevado nos pacientes com LAAS vs LAC [6, (4,-5,) vs 4, (3,-4,), respectivamente, p<,1]; Caucasianos foram mais frequentes entre os pacientes com LAC (p=,45) e a taxa de mortalidade foi mais elevada entre os pacientes com LAAS que naqueles com LAC (45,7% vs 2,5%, p=,391, OR 3,263 (95%CI: 1,173-9,78) Os marcadores inflamatórios avaliados não diferiram entre os subtipos de AVCI (p>,5); a insulina foi mais elevada nos pacientes com LAAS vs LAC (p<,5) e nos pacientes com LAC vs CEI (p<,5) e os níveis de CT foram menores nos pacientes com LAC vs CEI (p< ,5) O estudo demonstrou, também, que a VHS foi mais elevada nos pacientes com déficit neurológico moderado/grave (p<,5) e nos com déficit neurológicico leve (p<,5) comparados aos controles Níveis de usPCR e IL-6 foram mais elevados nos pacientes com mRS = 3 comparados aos controles (p<,1, p<,5 e p<,1, respectivamente) e comparados aos pacientes com mRS < 3 (p<,5) Os níveis de ferritina foram mais elevados nos pacientes com mRS = 3 que nos controles (p<,1); no entanto, não diferiram entre os pacientes com AVCI Verificou-se uma correlação positiva entre o déficit neurológico na admissão com leucócitos periféricos (r=2588, p=61), VHS (r=3832, p=2), usPCR (r=3777, p<1) e IL-6 (r=3332, p=11) VHS, usPCR e IL-6 também apresentaram correlação positiva com a diferença entre os escores do mRS obtidos na admissão e após três meses de seguimento (r=2758, p=3298; 2491, p=27 e r=3549, p=7, respectivamente) O deficit neurológico, leucóticos periféricos, usPCR, IL-6 e MMP-9 obtidos na admissão dos pacientes apresentaram significativa associação com o desfecho após três meses do AVCI (p<,1, p,117, p=,74, p<,1 e p=,435, respectivamente), sendo mais elevados nos pacientes que não sobreviveram comparados aos que sobreviveram Em conclusão, hipertensão, sedentarismo, aumento de leucócitos periféricos, usPCR, IL-6 e MMP-9, assim como hiperglicemia e baixos níveis de HDL-C e ferro foram associados com os subtipos LAAS, LAC e CEI de AVCI O deficit neurológico e o aumento dos niveis séricos deste marcadores inflamatórios foram associados com a mortalidade dos pacientes com AVCI Os resultados confirmam a extensa resposta inflamatória e alterações metabólicas associadas ao AVCI Estas moléculas exercem importante papel na patogênese e evolução clínica do AVCI e podem ser consideradas como marcadores do perfil inflamatório e metabólico que contribuem para o desenvolvimento e evolução clínica do AVCI Podem, também, serem utilizadas na avaliação dos pacientes na sua admissão hospitalar e, assim, identificar os que podem se beneficar com estratégias terapêuticas anti-inflamatórias que levem em consideração a magnitude destas alterações após o evento isquêmico

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Palavras-chave

Acidentes vasculares cerebrais, Isquemia cerebral, Fator de necrose de tumor, Inflamação, Cerebrovascular disease, Cerebral ischemic, Tumor necrosis factor, Inflammation

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