Investigação da contaminação ambiental e avaliação da efetividade da desinfecção em áreas críticas hospitalares.

Data

2021-01-15

Autores

Soares, Jéssica Heloiza Rangel

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Resumo

Introdução: As infecções relacionadas à assistência à saúde representam risco à segurança do paciente. O ambiente hospitalar pode contribuir para a multiplicação e disseminação de microrganismos patogênicos e resistentes aos antimicrobianos, principalmente em áreas críticas hospitalares, como Unidade de Terapia Intensiva. Para controle desses focos microbianos é importante uma efetiva desinfecção e monitoramento da qualidade deste processo. Objetivos: Avaliar por análise microbiológica a efetividade da desinfecção concorrente, bem como realizar o mapeamento microbiológico da contaminação ambiental e etiologia multirresistente das culturas clínicas em unidade de terapia intensiva. Método: Trata-se de um estudo transversal, descritivo e observacional, que se propôs a investigar a contaminação do ambiente hospitalar através de análises de culturas microbiológicas da unidade do paciente e clínicas (materiais biológicos dos pacientes). As amostras de superfícies e equipamentos investigados foram selecionados com base na frequência de contato com as mãos dos profissionais e a proximidade com os pacientes de acordo com padronização da Agência Nacional de Vigilância Sanitária. A pesquisa foi realizada nas unidades de terapia intensiva adulto e de queimados de um hospital universitário. Para avaliar a contaminação ambiental foram friccionados swabs nas superfícies da área correspondente à unidade do paciente, nos momentos pré e pós-desinfecção concorrente utilizando álcool 70%. Os microrganismos foram qualificados em relação à espécie bacteriana, perfil de resistência aos antimicrobianos e quantificados em Unidades Formadoras de Colônia por centímetro quadrado (UFC/cm2) da superfície analisada. Dados de culturas microbiológicas dos pacientes hospitalizados nos leitos estudados foram extraídos do prontuário eletrônico, e seus resultados foram comparados aos das culturas ambientais realizadas nesta pesquisa. Resultados: Foram analisadas 14 unidades do paciente, sendo oito de terapia intensiva adulto e seis do centro de queimados. Na análise quantitativa, as superfícies que apresentaram maior contagem de UFC no momento pré-desinfecção foram o painel touch screen do ventilador mecânico (6040 UFC/mL - 85,71%), seguido da bancada lateral (2380 UFC/mL - 57,14%) e grade lateral da cama (650 UFC/mL – 42,86%). No momento pós-desinfecção foi observado redução total de 73,87% no crescimento bacteriano em todas as superfícies, sendo mais expressiva a redução na unidade de terapia intensiva de queimados (80,46%). Do total de superfícies analisadas (42), houve crescimento bacteriano em 26 (62,0%) no momento da pré-desinfecção. Dessas 17 (65,3%) superfícies alcançaram redução total na contaminação ambiental após a desinfecção. Na análise de farmacorresistência, dos 14 pacientes analisados, 13 (92,86%) apresentavam alguma infecção ou colonização por microrganismos multirresistentes. Em relação às amostras clínicas, a resistência antimicrobiana mais frequente foi aos carbapenêmicos (64,0%), com prevalência do microrganismo Acinetobacter baumannii resistente aos carbapenêmicos (28,0%). Na amostra ambiental, evidenciou-se contaminação de 11 unidades (78,57%) sendo A. baumannii resistente aos carbapenêmicos (47,05%) o microrganismo mais frequente. Entre os pacientes hospitalizados nos leitos investigados, 57,14% (8) apresentavam concordância da espécie e perfil fenotípico de resistência entre as amostras clínicas e ambientais. Conclusão: Os resultados do presente estudo evidenciaram que em ambas as unidades de terapia intensiva as superfícies dos painéis touch screen dos ventiladores mecânicos apresentaram maior frequência de contaminação. Houve redução expressiva na contagem quantitativa de microrganismos para as duas unidades após a desinfecção com álcool 70%, comprovando sua efetividade. Observou-se também a presença de microrganismos farmacorresistentes nas superfícies da unidade do paciente em terapia intensiva, com destaque para as superfícies das camas e prevalência de resistência aos carbapenêmicos. Encontrou-se elevada concordância entre as espécies e perfil fenotípico dos isolados clínicos e ambientais.

Descrição

Palavras-chave

Infecção hospitalar, Farmacorresistência bacteriana múltipla, Desinfecção e desinfetantes, Serviço hospitalar de limpeza, Unidades de terapia intensiva, Técnicas microbiológicas, Contagem de colônia microbiana, Testes de sensibilidade microbiana, Hospitais

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