Navegando por Autor "Forin Junior, Renato"
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Item De gregos a baianos : canção, literatura e teatro nas tramas rapsódicas de Maria BethâniaForin Junior, Renato; Pascolati, Sonia Aparecida Vido [Orientador]; Silva, Alexandra Moreira da; Matos, Edilene Dias; Celano, Diego Emanuel Giménez; Fernandes, Frederico Augusto GarciaResumo: A tese toma como objeto a obra da intérprete Maria Bethânia, mais especificamente a forma que ela concebeu junto do diretor Fauzi Arap entre os anos 196-197 e refinou ao longo de cinco décadas de trajetória artística, com diferentes encenadores: o “espetáculo de música teatralizado” O roteiro destes shows é pensado a partir da minuciosa organização intertextual de fragmentos literários e canções Tal dramaturgia, feita de quadros sucessivos, dialoga com signos de várias naturezas durante a realização cênica Estes dados nos levam – a despeito da crítica – a destacar a essência teatral da forma e servem de base para nossa principal hipótese: o espetáculo de música teatralizado de Maria Bethânia anuncia no Brasil características da cena contemporânea, que se tornariam paradigmáticas nos palcos a partir dos anos 198 Para comprovar a proposição, analisamos trechos de vários shows da intérprete à luz da teoria do drama, sem perder de vista os estudos de literatura e oralidade Nossa principal base teórica é o francês Jean-Pierre Sarrazac, para quem a “rapsódia” regressa da ancestralidade grega para se transformar em uma das qualidades peculiares do drama moderno e contemporâneo Assim, o texto teatral torna-se um jogo de construção a partir de colagens e montagens, e o autor é uma espécie de engenheiro que organiza esses elementos – exatamente como ocorre na obra de Bethânia Adotamos ainda outros conceitos como o transbordamento, a poeticidade, o teatro dos possíveis, a fragmentação, o drama-da-vida, o íntimo, a (crise da) mimesis, o metateatro e o trágico (do) cotidiano, sempre tendo como norte a pertinência à obra da intérprete baiana Antes, nossas reflexões centram-se sobre o fenômeno da canção popular brasileira Lançamos a possibilidade de compreendê-la como um lugar de reencontro entre filosofia e poesia, estas instâncias segregadas pelo racionalismo de Platão O filósofo condena a textura performativa da palavra poética e a conduz ao silêncio ocidental A partir destes argumentos – e tomando como referência a transformação de um dos primeiros mitos femininos da voz, as sereias –, estabelecemos uma ponte sincrônica entre o Brasil e a Grécia Arcaica (mitopoética, não contaminada pelo logocentrismo insonoro) Nossa proposta é compreender a cultura brasileira a partir da rapsodização, cuja marca é a mistura, a amálgama, a heterogeneidade – na linha da Antropofagia e do Tropicalismo Nossos intérpretes são neorrapsodos: como os antigos poetas gregos, elaboram obras autorais a partir da costura (“rhaptein”, em grego, significa “costurar”) de múltiplos textos-tecidos e realizam-nas plenamente em uma performance interartísticaItem Sereia-pássaro : Maria Bethânia e o encontro do teatro com a cançãoForin Junior, Renato; Pascolati, Sonia Aparecida Vido [Orientador]; Fernandes, Frederico Augusto Garcia; Branco, Lucia CastelloResumo: Ao longo de sua carreira, a intérprete Maria Bethânia protagoniza espetáculos cujos roteiros são pensados a partir da minuciosa organização intertextual de excertos literários e canções Estes textos são fragmentados, editados e reorganizados para a composição de uma dramaturgia integral Sempre concebidas por diretores teatrais, as montagens compõem-se de um elaborado sistema de signos em que a palavra (cantada ou recitada) dialoga com a música, a cenografia, os figurinos, a iluminação e a interpretação – o que exige uma leitura abrangente por parte do espectador O resultado é uma obra polissêmica, de caráter autoral e que reelabora pilares do drama aristotélico como a noção de personagem e fábula Ela encontra na encenação performática a plenitude de sua realização poética Tais traços formais permitem situar o trabalho de Maria Bethânia como uma ponte entre ancestrais modos do fazer poético e contemporâneas modalidades do drama A presente Dissertação chega a estas características a partir da análise do espetáculo Pássaro da manhã, dirigido por Fauzi Arap no ano de 1977 O show foi projetado como uma espécie de prenúncio da anistia em plena ditadura militar e para chamar a volta de dois brasileiros exilados: o teatrólogo Augusto Boal e o poeta Ferreira Gullar A dramaturgia recorre a temas como a espera, a saudade, a prisão, o regresso Para tanto, trabalha a oposição semântica entre luminosidade X escuridão e evoca imagens poéticas, como a das aves que desejam voltar aos lares A análise estende-se às metáforas visuais concebidas pelo cenógrafo e figurinista Flávio Império Antes do estudo do espetáculo, o trabalho amplifica a sua abrangência ao trazer reflexões sobre o nascimento indistinto da poesia, da música e do teatro em contextos orais, bem como sobre as origens do drama musical, que veio a desenvolver-se em gêneros como a ópera e o teatro ligeiro Na Grécia Homérica, encontramos a lenda das sereias-pássaro, que nos serve de alegoria para uma intérprete que fascina pelo uso da palavra oralizada, canto-falada Paralelamente, dedicamos capítulo à parte para pensar a influência da oralidade, herança da miscigenação, na configuração das formas artísticas brasileiras, fato que se evidencia na potência da música popular Por fim, traçamos um longo e inédito estudo sobre as relações entre canção e teatro no Brasil, com especial destaque para os primeiros séculos, o teatro musicado (ou ligeiro) e os musicais políticos da década de 196 Maria Bethânia situa-se na ponta desta trajetória aglutinando tendências numa forma dramática singular