02 - Mestrado - Ciências Biológicas
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Navegando 02 - Mestrado - Ciências Biológicas por Autor "Almeida Neto, Mario"
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Item Propriedades da rede comensal de uma assembleia de orquídeas e seus forófitos em uma floresta estacional semidecidualSilva, Henrique Zotarelli Gomes da; Sofia, Silvia Helena [Orientador]; Almeida Neto, Mario; Bianchini, Edmilson; Ribeiro, José Eduardo Lahoz da Silva [Coorientador]Resumo: As análises de redes ecológicas têm sido utilizadas em diversos ramos da ecologia e se consolidaram como excelentes ferramentas no estudo de comunidades biológicas Embora tais análises tenham se revelado bastante informativas no estudo das interações ecológicas como mutualismo, parasitismo e comensalismo, análises de redes voltadas especificamente ao estudo da relação comensal entre orquídeas e seus forófitos são ainda escassas na literatura Atualmente, existe disponível uma grande diversidade de índices para as análises de redes ecológicas, os quais, se utilizados em conjunto, no caso de abordagens envolvendo orquídeas e seus forófitos, podem revelar padrões de distribuição espacial das diferentes espécies de orquídeas, informação essencial para a compreensão da dinâmica estrutural do grupo Deste modo, o presente trabalho visou analisar uma assembleia de orquídeas e seus forófitos sobre a perspectiva das redes ecológicas As amostragens foram realizadas em um remanescente de Floresta Estacional Semidecidual (Parque Estadual Mata dos Godoy, PEMG), com 69 ha, localizado no norte do estado do Paraná, sul do Brasil (23°27’S, 51°15’W), no período de janeiro a novembro de 213, totalizando 1 dias de amostragens e cerca de 9 horas de investigação de campo As amostragens, sempre realizadas por dois pesquisadores, envolveram buscas intensas por trilhas e incursões por diferentes áreas do parque, na procura de orquídeas e seus forófitos Nas análises de rede foram utilizados índices de aninhamento (NODF), modularidade (M) centralidade por proximidade (CC), centralidade por intermédio (BC) e robustez (R) A fim de se detectar se a proximidade filogenética interfere no padrão de colonização das orquídeas, foi construída uma rede energizada, na qual as espécies centrais tendem a estarem posicionadas no centro da rede Nesta análise as orquídeas foram separadas de acordo com suas respectivas subtribos Foram coletadas 27 espécies de orquídeas epífitas em 39 espécies de forófitos A rede apresentou-se fracamente aninhada e não modular As orquídeas que se estabeleceram preferencialmente acima do dossel tenderam a utilizar três espécies de forófitos que oferecem tais condições: Aspidosperma polyneuron Muell Arg, Gallesia integrifolia Spreng e Ficus sp Contudo, estas espécies também serviram de suporte para várias outras espécies de orquídeas que se estabeleceram preferencialmente no sub-bosque, constituindo assim parte do núcleo generalista que interage com espécies com alto grau (muitas interações) e com espécies de baixo grau (poucas interações), uma característica presente em redes aninhadas Assim, uma possível explicação para o valor de NODF ter sido baixo pode estar relacionada à baixa especificidade por forófito apresentada pelas orquídeas de sub-bosque Uma vez que elas utilizam diversas espécies de forófito para se estabelecer, algumas ligações entre espécies de baixo grau acabaram ocorrendo Como estas ligações não são previstas em redes aninhadas, o índice de aninhamento se mostrou baixo A não especificidade por forófitos das espécies que ocorreram preferencialmente no sub-bosque também foi determinante para a não-modularidade da rede Uma vez que a dispersão das sementes ocorre pelo vento, e, portanto, de forma aleatória, as espécies de orquídeas tendem a colonizar os forófitos também de maneira aleatória, isso porque o que parece determinar o estabelecimento são as condições ambientais (principalmente a luz), e não o forófito em si Os índices de centralidade CC e BC indicaram que A polyneuron e Sebastiania klotzschiana são os forófitos mais centrais da rede, podendo ser classificadas como ‘espécies-chave’ para a assembleia de orquídeas na área estudada Tais índices também apontaram diferenças nos padrões de ocupação entre as duas subtribos de orquídeas representadas pelo maior número de espécies no PEMG (Oncidiinae e Pleurothallidinae) Oncidiinae tendeu a ocupar preferencialmente o sub-bosque, embora tenha também apresentado algumas poucas espécies ocupando esporadicamente o dossel Já Pleurothallidinae tendeu a ocorrer mais no dossel, com algumas espécies ocorrendo também no sub-bosque Ambas apresentaram altos índices de CC Já o índice BC se mostrou alto para Oncidiinae e baixo para Pleurothallidinae Uma possível explicação para este resultado é que as orquídeas pertencentes à subtribo Oncidiinae tenderam a ocupar várias espécies de forófitos, o que as torna “próximas” de várias espécies na rede, aumentando assim CC Além disso, muitas vezes esses forófitos só estão conectados à rede a uma espécie de orquídea, o que aumenta o índice BC, uma vez que tais orquídeas ligam diversas espécies de forófitos à rede Já Pleurothallidinae, apesar de se ligar a poucas espécies de forófitos, está preferencialmente ligada a espécies extremamente centrais, o que eleva o índice CC, uma vez que o caminho para o restante da rede é encurtado pela ligação com tais espécies Contudo, o fato de muitas vezes uma espécie de orquídea desta subtribo estar ligada a apenas uma ou duas espécies de forófitos, faz com que o índice BC diminua, visto que tais espécies tendem a não “conectar” espécies à rede Isso aconteceu principalmente porque as espécies de Pleurothallidinae tenderam a ocorrer no dossel, restringindo assim sua ocupação às poucas espécies de plantas que oferecem tais condições Estes resultados corroboram o padrão encontrado na análise da rede energizada Contudo, a proximidade filogenética não parece interferir na espécie de forófito a ser ocupado, mas sim no padrão de ocupação A rede mostrou-se resistente à eliminação aleatória de forófitos, mas pouco resistente à eliminação ordenada a partir dos forófitos que abrigam maior quantidade de orquídeas Esse resultado pode ser explicado pela baixa especificidade das espécies de sub-bosque e pela alta especificidade das espécies de dossel, de forma que as espécies de sub-bosque utilizam várias espécies de forófitos, aumentando a robustez da rede; ao mesmo tempo, as espécies de dossel utilizam poucas espécies que oferecem condições de dossel, diminuindo a robustez ordenada, visto que tais espécies são primeiramente eliminadas Dessa forma, a preferência por hábitats (sub-bosque ou dossel) parece explicar, pelo menos em parte, todas as métricas utilizadas