Impacto da oclusão vascular parcial na dor, capacidade funcional, força, ativação muscular do quadríceps e controle postural de mulheres com e sem dor patelofemoral
Data
2023-12-14
Autores
Ferreira, Daiene Cristina
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Resumo
Introdução: O uso da oclusão vascular parcial (OVP) aumentou consideravelmente nos últimos anos, tanto em indivíduos saudáveis como na reabilitação de pacientes com disfunções musculoesqueléticas. Entretanto, poucos estudos avaliaram o efeito da OVP na dor patelofemoral, e os parâmetros de aplicação e protocolos de intervenção com OVP ainda não estão bem estabelecidos. Objetivo: Verificar o impacto da OVP do quadríceps na dor, capacidade funcional, força, ativação muscular do quadríceps e controle postural de mulheres com e sem dor patelofemoral. Métodos e Resultados: Foram realizados dois estudos. O primeiro estudo avaliou 14 mulheres, sem queixas álgicas ou disfunções musculoesqueléticas, com e sem OVP, nos desfechos força muscular do quadríceps por dinamometria digital portátil, ativação muscular do quadríceps por eletromiografia de superfície, controle postural em apoio unipodal, com agachamento unipodal e na subida-descida de degraus com plataforma de força. Os resultados mostram que o uso da OVP não apontou diferenças de força e ativação muscular, mas melhorou a velocidade da oscilação anteroposterior do controle postural em apoio unipodal. Foi estabelecida correlação moderada e inversa entre força muscular e as variáveis do controle postural na subida de degraus durante o uso da OVP (r = -0,5), e no grupo sem OVP observou-se correlação de moderada a forte no exercício de mini agachamento e na descida de escada (-0,5 < r > -0,7). Concluiu-se que a OVP não prejudicou a força, ativação muscular do quadríceps ou o controle postural de mulheres saudáveis. O segundo estudo foi um ensaio clínico aleatorizado e cego, com mulheres com dor patelofemoral submetidas à dois protocolos de intervenção. O grupo de fortalecimento do quadríceps com carga externa (20 % do peso corporal) realizou 12 atendimentos, por seis semanas. O grupo com OVP realizou o mesmo protocolo de exercícios sem carga externa e com OVP no quadríceps. Os desfechos foram dor na realização dos exercícios (Escala Visual Análoga - EVA), dor na última semana (EVA), capacidade funcional (Anterior Knee Pain Scale - AKPS e Lysholm Knee Scoring Scale - Lyshom), controle postural em atividades de subida e descida de degrau (plataforma de força), ativação muscular (eletromiografia de superfície) e força muscular (dinamômetro portátil). O mesmo avaliador cego coletou os dados na linha de base, após o tratamento e com quatro semanas de follow-up. Os resultados mostram que a dor na última semana não foi diferente entre os grupos no baseline, após o tratamento e no follow-up (P>0,05), e que os dois grupos melhoraram significativamente (P<0,05; d>1). Entretanto, somente o grupo submetido à carga externa apresentou menor dor no follow-up. Para a dor durante os exercícios não houve diferença entre os grupos (P=0,79). Em relação à capacidade funcional, não foi estabelecida diferenças entre os grupos (P>0,05) na AKPS ou Lysholm, e ambos os grupos melhoraram de forma significativa após o tratamento e no follow-up (P<0,05; d>1). Para o controle postural não foi estabelecida diferença entre os grupos, mas somente o grupo com carga externa melhorou a oscilação do centro de pressão (COP) na subida (P<0,01) e descida (P=0,005) da escada após o tratamento. Os resultados da ativação muscular foram inconclusivos, e os grupos foram semelhantes no baseline e no momento após os tratamentos. Entretanto, no follow-up, o grupo com carga externa apresentou menor recrutamento do reto femoral (P<0,004) e o grupo OVP menor recrutamento do vasto medial obliquo (P<0,05). Para a força muscular do quadríceps não foi estabelecida diferenças entre os grupos nos momentos avaliados. Mas, somente o grupo com carga externa apresentou maiores valores no pós-tratamento (P=0,009) e manteve essa melhora no follow-up (P<0,001). Conclusão: Pode-se concluir que exercícios com OVP não tiveram alterações do controle postural, força e ativação muscular, e que os dois tratamentos desenvolvidos para mulheres com DPF, por meio de exercícios com OVP ou com carga externa de 20% do peso corporal, foram semelhantes para os resultados de dor, capacidade funcional, controle postural e força muscular. Como contribuição clínica, o uso da OVP apresenta os mesmos resultados de exercícios com carga adicional externa de 20% e podem ser mais uma opção de escolha do fisioterapeuta.
Descrição
Palavras-chave
Dor patelofemoral, Eletromiografia, Oclusão vascular, Exercício, Força muscular, Equilíbrio postural, Dor - Fisiopatologia