Repositório Institucional da UEL - RIUEL

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Submissões Recentes

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Multiscaled walkability : exploring built environment using artificial intelligence
(2023-09-19) Leão, Ana Luiza Favarão; Kanashiro, Milena; Reis, Rodrigo Siqueira; Vargas, Júlio Celso Borello; Rego, Renato Leão; Hirota, Ercilia
Caminhar é reconhecido há muito tempo na literatura científica como o modo de transporte mais equitativo e universalmente acessível nas cidades. É uma forma predominante de atividade física para adultos. A caminhabilidade descreve o grau em que um ambiente apoia e incentiva a caminhada. Tradicionalmente, esse atributo urbano tem sido quantificado usando índices, que são essencialmente equações ponderadas que encapsulam vários fatores de bairro em macroescala. No entanto, essas métricas muitas vezes negligenciam características de rua em microescala que afetam significativamente a caminhada, principalmente devido aos desafios da coleta de dados. Existe uma crescente necessidade de pesquisa sobre caminhabilidade em cidades brasileiras de médio a pequeno porte, dada a rápida crescimento populacional, disparidades sociais e a importância da caminhada como modo de transporte. Este estudo visa elucidar sobre a caminhabilidade em múltiplas escalas, atraves do desenvolvimento de modelos de caminhabilidade para cidades medias e pequnas do Brasil usando tecnicas de aprendizado profundo. A tese central postula que uma análise robusta de caminhabilidade em nível de bairro, para cidades brasileiras de médio a pequeno porte, pode ser desenvolvida usando técnicas de aprendizado profundo. Utilizando a metodologia de Pesquisa em Ciência do Design, três cidades de tamanhos variados no Paraná, Brasil - Rolândia, Cambé e Londrina - foram selecionadas como estudos de caso. Fatores de caminhabilidade em macroescala foram organizados em conjunto com características em microescala, extraídas do Google Street View usando um modelo de rede neural profunda para segmentação semântica. Os dados dessas cidades foram então avaliados usando três modelos de regressão multinível distintos: um focando apenas em fatores em microescala, outro em fatores em macroescala, e um modelo compreensivo em múltiplas escalas abrangendo variáveis de ambas as escalas. A variável de resposta primária foi o modo de transporte - caminhar versus outros - com variáveis sociodemográficas consideradas como covariáveis. Esses dados foram obtidos do Plano de Mobilidade das respectivas cidades. As descobertas revelaram padrões variados nas três cidades. Em Rolândia, a menor cidade analisada, fatores como a presença de muros e indivíduos em bicicletas ou motocicletas foram vistos como promotores da caminhada. Por outro lado, sinalizações urbanas, como postes e semáforos, desencorajavam a caminhada. Em Cambé, de tamanho intermediário, a presença de terrenos vagos e espaços verdes estava associada a uma redução na caminhada. Em Londrina, a maior cidade considerada neste estudo, uma combinação de fatores micro e macro influenciou o comportamento da caminhada. A disponibilidade de calçadas e o uso diversificado do uso do solo incentivaram a caminhada, enquanto uma maior presença de estradas e áreas verdes estava negativamente associada à caminhada. Esses resultados ampliam nosso entendimento sobre caminhabilidade e podem informar futuros esforços de planejamento urbano. Ao focar nessas abordagens, os formuladores de políticas podem elaborar políticas urbanas específicas ao contexto para promover a caminhada, combinando estratégias baseadas em evidências.
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Distorções comunicativas nos relatórios de sustentabilidade de uma mineradora brasileira : uma apreciação pautada no pensamento habermasiano
(2024-04-11) Marques Sobrinho, Giovana; Favoreto, Ricardo Lebbos; Cenci, Elve Miguel; Pegino, Paulo Marcelo Ferrarese
A presente pesquisa, tem por objetivo fazer uma apreciação das distorções comunicativas pautadas no pensamento habermasiano nos relatórios de sustentabilidade da mineradora Vale S.A. Delimitou-se os anos de 2018, 2019 e 2020, um ano antes do rompimento da barragem em Brumadinho (MG), o ano do ocorrido e um ano após para a seleção de tais documentos. Compreende-se como distorção comunicativa a comunicação entre atores que não atende aos pressupostos pragmáticos de inteligibilidade, verdade, legitimidade e veracidade, sendo utilizado para a manipulação e não o entendimento mútuo. Em relação a metodologia, a pesquisa caracteriza-se como qualitativa, descritiva e exploratória. As informações para verificação, foram coletadas por meio de pesquisa documental e posteriormente analisadas mediante a técnica de análise de conteúdo. Os três relatórios selecionados, apresentaram inadequações referente aos quatro pressupostos pragmáticos. Em relação às distorções de verdade, notou-se a falta de evidências que comprovem as declarações da mineradora, tais declarações contrariadas também por notícias de jornais relevantes no cenário nacional, bem como uma exacerbação dos impactos positivos e uma carência de descrição dos impactos negativos. Quanto à distorção de sinceridade, percebeu-se o uso de metáforas que ofuscam o desempenho real da mineradora em relação à sustentabilidade, resultando em uma imagem otimista da organização. No que diz respeito, às distorções de inteligibilidade foram detectados jargões, excesso de imagens, quadros, tabelas que dificultam uma leitura fluída e diversos materiais externos aos relatórios que não estão mais disponíveis para consulta, dificultando o entendimento de uma linguagem comum entre a mineradora e seus leitores. Por fim, nas distorções de legitimidade, notou-se a inobservância dos “Princípios de Relato GRI” e irregularidades ao relatar informações obrigatórias, rompendo com o contexto normativo em que esses relatórios estão inseridos. A apreciação dos relatórios mediante as distorções comunicativas baseadas no pensamento habermasiano, revelaram prejuízos ao entendimento sobre a sustentabilidade que a mineradora comunica.
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A crítica de MacIntyre aos direitos humanos e a tradição tomista contemporânea
(2024-04-08) Silva, Luís Henrique Toniolo Serediuk; Faggion, Andréa Luisa Bucchile; Feldhaus, Charles; Silva, Frederico Augusto Bonaldo
O trabalho cobre a crítica de MacIntyre sobre os direitos humanos, que é uma parte de sua crítica mais ampla à racionalidade moderna e ao inquérito moral moderno, e isso tendo como pano de fundo o tomismo contemporâneo. Pois diferentes tomistas ofereceram explicações diversas sobre como os direitos humanos surgiram na filosofia e prática ocidentais, o que resultou em respostas conflitantes para a "crise epistemológica" que veio com esse novo conceito de racionalidade prática. Alguns argumentaram em seu favor, vendo-o seja como produto direto de um contexto cristão e, mais especificamente, tomista (relação genética), seja ao menos como um conceito amistoso, compatível com um contexto tomista (relação complementar). Outros, dentre os quais, MacIntyre, enxergaram os direitos como um conceito completamente disruptivo que estorva a racionalidade tradicional (relação dialética) e leva apenas à incomensurabilidade e dissenso moral. Porém, o objetivo geral desta pesquisa não é apenas explicar a crítica de MacIntyre em sua relação com outros ramos do tomismo contemporâneo, mas ir além do próprio MacIntyre, considerando que ele aderiu a uma explicação tomista da lei natural várias décadas atrás. Um dos resultados aqui alcançados é que é possível falar de direitos (direitos-na-tradição, não o que comumente se entende por direitos humanos) que surgem de uma explicação tomista da lei natural, mesmo na teoria de MacIntyre, partindo de uma racionalidade ancorada numa tradição e em práticas, e numa explicação teleológico-essencialista da natureza humana, contra a explicação nominalista-mecanicista na qual vicejam os direitos humanos. Portanto, de uma análise da cultura moderna informada por tais princípios nominalistas-mecanicistas da razão prática, e indo além do ceticismo de MacIntyre quanto a direitos em geral, foi possível chegar a uma solução para a "crise epistemológica" com respeito ao tomismo e direitos humanos, com o que se pode chamar de "relação genética qualificada": direitos atribuíveis aos seres humanos só podem funcionar propriamente num contexto de razão prática informado por uma tradição de inquérito moral, e têm suas raízes, especificamente, na racionalidade cristã e pré-moderna. Uma vez retirado desse contexto, assim como outros conceitos que MacIntyre chama de "tabus", está fadada a falhar