01 - Doutorado - Ciência Animal
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Item Análise integrada da carne DFD em bovinos Nelore: termografia infravermelha e avaliação sensorial(2023-05-30) Ferreira, Guilherme Agostinis; Bridi, Ana Maria; Soares, Adriana Lourenço; Prado, Ivanor Nunes do; Pedrão, Mayka Reghiany; Carvalho, Rafael Humberto deEsta tese discute o fenômeno da carne de corte escuro, também conhecida como DFD na espécie bovina em condições tropicais e está dividida em três estudos acerca do tema. O primeiro estudo teve como objetivo investigar as diferenças entre carne bovina com valores intermediários e altos de pHu e de características físico-químicas, além de avaliar a correlação entre biomarcadores sanguíneos ligados ao estresse e o pH final (pHu) de carcaças. O estudo constatou que os bifes do grupo de pH intermediário e alto apresentaram valores de a* e b* mais baixos do que os bifes do grupo normal, com diferença apenas na luminosidade entre eles. Os grupos de pH intermediário e alto apresentaram maior conteúdo de Metamioglobina do que o normal. O grupo de pH alto foi o mais macio entre todos os grupos. Com relação aos biomarcadores sanguíneos, houve correlação moderada entre os biomarcadores sanguíneos e o pHu, indicando que a mensuração dos parâmetros sanguíneos no momento do abate pode ser uma ferramenta útil para identificar carcaças com diferentes pHu. O segundo estudo avaliou a percepção do consumidor brasileiro sobre carne bovina com diferentes valores de pHu por meio de uma análise sensorial. O estudo constatou que os consumidores gostaram mais dos bifes de pH mais elevado em termos de maciez, e houve uma tendência para o mesmo comportamento em termos de suculência. Não houve diferença nos demais parâmetros avaliados. Os modelos de regressão indicaram uma forte influência da cor e aparência de frescor, além de maciez e suculência nas pontuações gerais de preferência dos consumidores. O terceiro estudo explorou o uso da termografia infravermelha (IRT) para identificar o fenômeno DFD na carne bovina brasileira. Os resultados indicaram correlações significativas entre a termografia infravermelha (TRI) e vários preditores. O IRT max sozinho apresentou um valor notável de R-quadrado (R²) de 0,75, indicando uma forte relação com a variável desfecho. A combinação da TRI máx com diferentes variáveis, como Glicose e Lactato, resultou em melhora dos valores de R², chegando até 0,80. Essas descobertas ressaltam o potencial da TRI como uma ferramenta valiosa para modelagem preditiva em nosso estudo. De forma geral, os estudos destacam a importância de entender o fenômeno DFD e desenvolver ferramentas eficazes para identificar carcaças com alto pHu para melhorar a qualidade da carne.Item Uso do monitor Brain4care BCMM/2000 na avaliação das ondas da pressão intracraniana não invasiva em cães com trauma craniano(2023-07-10) Weizenmann, Thyara Caroline; Arias, Mônica Vicky Bahr; Villanova Júnior, José Ademar; De Biasi, Fernando; Martins, Maria Isabel Mello; Gomes, Lucas AlécioO traumatismo craniano em cães é uma condição clínica grave que pode resultar em lesões secundárias, aumento da pressão intracraniana (PIC), sequelas neurológicas e até mesmo óbito. Há controvérsias quanto ao diagnóstico e manejo da hipertensão intracraniana (HIC) na espécie, pois a monitoração invasiva da pressão intracraniana não é um procedimento realizado rotineiramente na medicina veterinária. Recentemente, foi desenvolvido um monitor não invasivo das ondas da PIC (PIC-Ni) para uso em seres humanos, cuja técnica baseia-se no uso de um sensor de deformação óssea colocado sobre a pele do crânio do paciente. O resultado é apresentado em forma de ondas não invasivas da PIC. As principais ondas são a P1 e a P2, sendo que em condições normais, P1 é maior que P2 e a razão P2/P1 é menor que 0,8. Assim, os objetivos do presente estudo foram utilizar o monitor da PIC-Ni em cães com TCE para verificar sua eficácia na detecção de alterações no traçado das ondas de PIC compatíveis com HIC, se ocorria normalização do traçado após o tratamento e verificar se as alterações clínicas e do traçado das ondas indicativas de HIC se correlacionavam com o desfecho clínico. Além disso, devido às dificuldades relativas ao uso do monitor na espécie, no segundo artigo será descrita a metodologia utilizada com mais detalhes. Foram avaliados parâmetros físicos como a Escala de Coma de Glasgow Modificada (ECGM); frequência cardíaca (FC); frequência respiratória (FR); pressão arterial (PA); temperatura (ToC); e laboratoriais como glicemia em amostras de soro sanguíneo; lactato, bem como o tempo até a alta, óbito ou eutanásia, além das ondas da PIC e a razão P2/P1 antes e após o tratamento. Foram avaliados 11 cães com idade média de 5,6 anos (3 meses a 13 anos), peso médio de 9,53 kg (2,4 a 23 kg), sendo 54,54% (6) machos. O tempo decorrido entre o trauma e o atendimento clínico variou de 1 hora a 5 dias (mediana = 5,2 horas) e o atropelamento foi a causa mais comum (81,82%) de TCE. Oito cães receberam alta entre 1 e 14 dias após o atendimento, dois cães foram submetidos à eutanásia e um cão veio a óbito. A ECGM no atendimento inicial variou de oito a 18 (mediana = 13) e após o tratamento variou de seis a 18 (mediana = 17). Em seis casos com relação P2/P1 > 1,25 no período pós-tratamento e ECGM < 8, houve correlação diretamente relacionada a desfecho clínico desfavorável (r = -0,816). Entretanto, em três cães com ECGM > 15 constatou-se P2>P1, com normalização desta relação logo após o uso de agentes hiperosmolares. Embora tenha havido correlação moderada da ECGM com a P2/P1, ainda assim foi observado uma ECGM favorável com P2/P1 alterada em alguns casos. O uso do monitor de PIC-Ni em cães com traumatismo craniano foi promissor na avaliação das alterações nas ondas de pressão intracraniana e auxílio na decisão terapêutica, inclusive o uso de agentes hiperosmolares nos cães do presente estudo, mas é importante reconhecer que a eficácia definitiva ainda não pode ser totalmente afirmada pois há influência de vários fatores sistêmicos nos resultados clínicos.Item Métodos de desidratação de forragem de aveia branca: composição bromatológica, qualidade nutricional da silagem pré-secada e desempenho de novilhos em confinamento(2023-10-27) Souza, André Martins de; Bumbieris Júnior, Valter Harry; Ribeiro, Edson Luis de Azambuja; Calixto, Odimari Pricila Prado; Gomes, Rodrigo da Costa; Gomes, Marina de Nadai Bonin; Neumann, MikaelA região sul do Brasil possui em sua essência a produção de bovinos a pasto, e somente é permitida tal forma de produção devido suas características climáticas, no entanto, existem períodos do ano que a produção forrageira é comprometida, gerando déficit na alimentação dos animais. Em sistemas de produção intensiva isso se torna impraticável e dessa forma se faz necessário buscar alternativas como a utilização de silagem pré-secada, que tem por objetivo disponibilizar aos animais uma alimentação padronizada o ano todo. Contudo, a confecção deste alimento é dependente de fatores climáticos, devido a necessida de realizar a desidratação da forragem após seu corte. Dentro deste contexto, o presente estudo buscou alternativas mais eficazes para realizar a desidratação da forragem, e assim garantir a produção de uma silagem pré-secada de qualidade. O delineamento experimental para avaliar as caracteristicas fisico-quimicas e microbiológicas das silagens pre-secadas foi o de blocos ao acaso, composto por 3 tratamentos, sendo: três métodos de desidratação da forragem (Mecânico, Mecânico + Composto químico bacteriano e Glifosato), com cinco repetições cada. Ao avaliar o desempenho animal, o delineamento experimental foi de blocos inteiramente casualizados, composto por dois tratamentos, sendo dois métodos de desidratação da forragem (Mecânico e Mecânico + Composto químico bacteriano), com cinco repetições cada. A taxa de desidratação da forragem foi superior no método Mecânico + Composto químico bacteriano (0,82% hora), seguido do Mecânico (0,69% hora) e do uso do Glifosato (0,08% hora). A silagem pré-secada confecionada a partir da forragem dessecada pelo Glifosato possuiu as maiores perdas de matéria seca durante o processo fermentativo, em relação as demais (20,11%). As concentrações de hemicelulose (21,17%), celulose (27,27%) e lignina (3,20%) foram inferiores quando a confecção da silagem pré-secada se deu com forragem desidratada pelo método Mecânico + Composto químico bacteriano. A produção de gás via fermentação de carboidratos não fibrosos foi superior para as silagens pré-secadas confeccionadas a partir dos métodos de desidratação Mecânico + Composto químico bacteriano e Mecânico (177, 99 e 107,36 mL g-1 de MS respectivamente). As maiores concentrações de ácido acético (3,96 g kg) e iso-butírico (0,78 g kg) se deu na silagem pré-secada confeccionada com a forragem dessecada pelo Glifosato. Em relação a diversidade microbiológica e a riqueza não houve diferença entre as silagens pré-secadas testadas, mas a abundância relativa de filo e genero foram alteradas. Ao avaliar as silagens pré-secadas frente ao desemepnho animal observou maior digestibilidade aparente da matéria seca e da fibra insolúvel em detergente neutro para a silagem pré-secada confecionada com a forragem desidratada pelo método Mecânico + Composto químico bacteriano em relação ao Mecânico (80,42% contra 77,81% e 70,97% vs 68,83% respectivamente). O método de desidratação Mecânico + Composto químico bacteriano foi mais eficaz que os demais, gerando uma silagem pré-secada de melhor qualidade bromatológica, com maiores taxas de degradação ruminal. O Glifosato não trouxe tantos prejuizos para o processo fermentativo, no entanto, quando se deu o seu uso na desecação da forragem, a silagem pré-secada obteve maior proteólise que as demais, menor concentração de carboidratos soluveis, e uma significativa redução de sua degradação ruminal.Item Espectroscopia de infravermelho próximo para caracterização nutricional de gramíneas dos gêneros Urochloa, Cynodon e Megathyrsus(2023-02-10) Serafim, Camila Cano; Mizubuti, Ivone Yurika; Melquiades, Fábio Luiz; Vendrame, Pedro Rodolfo Siqueira; Becquer, Thierry; Marchão, Robélio Leandro; Calixto, Odimari Pricila PradoA pecuária brasileira é representada em grande parte pela criação de bovinos a pasto de gramíneas tropicais. Para monitorar o valor nutritivo dessas forrageiras são realizadas análises químicas por métodos convencionais. Como alternativa a esses métodos, tem-se utilizado a Espectroscopia de infravermelho próximo (NIRS) de forma mais rápida, ecologicamente correta por não utilizar reagentes químicos e por determinar diversos parâmetros simultaneamente. O objetivo deste trabalho foi o desenvolvimento de modelos preditivos para caracterizar os atributos nutricionais de gramíneas tropicais do gênero Cynodon, Megathyrsus e Urochloa pela NIRS, e avaliar o efeito de validações espécie-específicas em modelos multiespécies. O banco amostral total foi constituído de 1120 amostras, sendo 712 amostras de Urochloa brizantha cultivares Marandu e Piatã, compostas de lâmina foliar e colmo+bainha, coletadas de propriedades com sistema de pastejo com lotação contínua; 345 amostras de Megathyrsus maximus cultivar Tanzânia compostas de lâmina foliar, colmo+bainha e planta inteira, de uma propriedade com sistema de pastejo com lotação contínua; e 63 amostras de Cynodon spp. cultivar Tifton 85 compostas de lâmina foliar, colmo+bainha e planta inteira, de uma propriedade com área para fenação. Com as amostras secas e moídas determinaram-se os teores de matéria seca (MS), proteína bruta (PB), fibra em detergente neutro (FDN), fibra em detergente ácido (FDA) e cinzas (esse último apenas para M. maximus), além de se determinar a digestibilidade in vitro da matéria seca (DIVMS), pelas metodologias bromatológicas de referência. Posteriormente, as amostras foram escaneadas em espectrômetro Vis-NIR para obtenção dos espectros na faixa de comprimento de onda de 1100 a 2500 nanômetros. A análise de componentes principais (PCA) foi empregada para análise exploratória, seja com os resultados dos métodos convencionais, seja com os espectros NIRS coletados em valores de absorbância. A calibração dos modelos preditivos foi realizada a partir do emprego da regressão por mínimos quadrados parciais (PLS). Com o banco amostral de M. maximus foram desenvolvidos e validados modelos espécie-específicos para cada atributo nutricional estudado, enquanto para o estudo dos modelos com amostras de U. brizantha, Cynodon spp. e M. maximus, esses foram calibrados e validados de forma conjunta, originando modelos multi-espécies, e em seguida as validações foram fragmentadas em espécie-especificas para teste desses mesmos modelos. Os modelos desenvolvidos demonstraram excelente capacidade preditiva para os teores de cinzas, PB, DIVMS, FDN e FDA de M. maximus cv. Tanzânia. Foram obtidos resultados de coeficiente de determinação (R²) maior que 0,90; taxa de desvio preditivo (RPD) acima de 3; taxa de desvio da performance (RER) maior que 12 para todos os parâmetros estudados, com uso de sete a oito variáveis latentes (VL). Dessa forma, pode-se considerar a metodologia NIRS como uma ferramenta alternativa para a avaliação nutricional do capim Tanzânia nas condições apresentadas. Os modelos preditivos multi-espécies de U. brizantha, M. maximus e Cynodon spp., apresentaram boa capacidade de predição da composição nutricional dessas espécies forrageiras, com resultados para PB, DIVMS, FDN e FDA de R² na faixa de 0,84 a 0,89; RPD de 2,5 a 3,0; RER > 11 e Bias próximos de 0. Na validação de forma espécie-específica dos modelos multi-espécies, sua precisão diminuiu para alguns atributos, classificados com baixa ou nenhuma qualidade de uso. Para os parâmetros DIVMS (R² 0,38; RPD 1,3; RER 4,4) e FDN (R² não significativo; RPD 0,9; RER 3,7) de Cynodon spp, e para DIVMS (R² 0,54; RPD 1,5; RER 6,6) e FDA (R² 0,51; RPD 1,4; RER 5,2) de M. maximus não foi possível considerar os modelos NIRS como alternativa às técnicas convencionais da análise dessas gramíneas. Conclui-se que modelos multi-espécies devem possuir um número amostral suficiente para representar cada espécie analisada, bem como ser avaliados minuciosamente para evitar possíveis predições errôneas e indesejadas. Em geral, os resultados encontrados demonstram que a espectroscopia de infravermelho próximo apresenta potencial como alternativa para a análise de atributos nutricionais de gramíneas tropicais. Entretanto, o estudo de todo o processo de modelagem apresenta importância e é preciso observar fatores de variabilidade extrema que possam afetar negativamente a precisão dos modelos e formas de amenizá-los, principalmente em relação a constituição do banco de dados.Item Eficácia de concentrados de eletrólitos comerciais diluídos em leite ou em água para a correção dos desequilíbrios de bezerros diarreicos(2023-12-13) Romão, Fernanda Tamara Neme Mobaid Agudo; Lisbôa, Júlio Augusto Naylor; Gomes, Viviani; Leal, Marta Lizandra do Rêgo; Ribeiro Filho, José Dantas; Facury Filho, Elias Jorge; Pereira, Priscilla Fajardo ValenteA hidratação oral em bezerros com diarreia é o método mais empregado para correção da desidratação e dos desequilíbrios eletrolíticos e ácido base apresentados. O objetivo deste estudo foi comparar a eficácia da administração oral de dois concentrados de eletrólitos (CE) diluídos em água ou leite para a reversão dos desequilíbrios hídrico, eletrolítico e ácido base de bezerros neonatos com diarreia osmótica e desidratação induzidas. Para isto, foram realizados dois estudos, cada um com 24 bezerros da raça Jersey. No estudo 1 o CE utilizado foi o Glutellac?, e no estudo 2, o Hidralac?. Em ambos os estudos, os bezerros foram submetidos a indução de diarreia osmótica e desidratação com protocolo já comprovado: leite in natura (16,5 mL/kg), sacarose (4 g/kg, diluída em solução a 20%), espironolactona (2 mg/kg) e hidroclorotiazida (2 mg/kg) administrados por via oral a cada 8 horas, durante 48 horas, e restrição hídrica no período noturno por 12 horas. Após o período de indução, foram distribuídos de maneira aleatória em dois grupos de tratamento: GL com o CE diluído no leite das refeições (40 mL/kg), e GA com o CE diluído na água (volume de 5% PC, horas 4 e 12). Todos foram alimentados com leite (volume de 4% PC, nas horas 0, 8 e 16) e tiveram acesso livre a água. Ao longo do período experimental, os bezerros foram examinados a cada 8 horas. Amostras de sangue venoso foram colhidas nos seguintes momentos: - 48, -24, 0, 8, 16, 24, 48. O volume de água ingerido espontaneamente ao longo do dia foi mensurado nas horas -24, 0, 24 e 48. As variáveis laboratoriais foram mensuradas ou calculadas: volume globular, proteína plasmática total, pH, pCO2, HCO3-, BE, Na+, K+, Cl-, lactato L, creatinina, strong ion difference- (SID3), anion gap (AG), concentração total de ácidos fracos não voláteis (Atot) e variação volume plasmático (VVP). A análise de variância de medidas repetidas bifatorial foi empregada para testar o efeito do fator tempo, tratamento e da interação entre os dois fatores. No estudo 1, os bezerros apresentaram desidratação moderada, hiponatremia, hipercloremia relativa e acidose metabólica por íons fortes de intensidade leve. A expansão do volume plasmático foi mais rápida no GA, e a ingestão voluntária de água foi maior no GL. Ambos os métodos de hidratação foram efetivos para a correção dos desequilíbrios. No estudo 2 a desidratação e acidose metabólica por íons fortes foram de intensidade moderada, com hiponatremia e hipercloremia relativa. A expansão plasmática foi mais rápida no GA e não houve diferença no consumo voluntário de água entre os grupos de tratamento. Com os resultados obtidos em ambos os estudos, conclui-se que a administração do CE diluído em leite é tão eficaz quanto a administração de SEO para a correção da desidratação moderada em bezerros com diarreia osmótica induzida que tenham acesso livre a água. Ambos os tratamentos estudados foram capazes de corrigir a acidose metabólica de intensidade leve e moderada, além de reestabelecer a SID3 plasmática com a mesma eficiência.Item Avaliação da toxicidade de desoxinivalenol e micotoxinas emergentes em suínos(2023-03-02) Hasuda, Amanda Lopes; Bracarense, Ana Paula Frederico Rodrigues Loureiro; Di Santis, Giovana Wingeter; Sartori, Daniele; Keller, Kelly Moura; Oliveira, Carlos Augusto Fernandes deO desoxinivalenol (DON) é uma micotoxina que causa danos intestinais por meio do estresse ribotóxico e oxidativo. Algumas micotoxinas detectadas recentemente são chamadas de micotoxinas emergentes, entre elas a beauvericina (BEA) e as eniatinas (ENNs). No entanto, dada a falta de estudos in vivo, o risco de BEA e ENNs para a saúde animal e humana não pode ser confirmado. Portanto, o objetivo desse trabalho foi verificar os efeitos tóxicos de DON, BEA e ENNs em suínos. Para isso, foram realizados três experimentos. O primeiro avaliou o efeito da ingestão de DON (2,5 mg/kg) sozinho (grupo DON), uma mistura de BEA (2,5 mg/k) e ENN B + ENN B1 (1,35 mg/kg) (grupo EB) e uma associação entre todas as micotoxinas (2, 3,5 e 1,8 mg/kg, respectivamente) (grupo EB + DON) em 32 leitões por 14 dias. O sangue dos animais foi colhido 7 e 14 dias após o início dos tratamentos para obtenção do plasma para avaliações hepáticas (atividade de enzimas e metabolismo hepático) e intestinais (i-FABP, ZON e IGF-1). Os animais foram eutanasiados para obter amostras de jejuno, cólon, fígado e linfonodos. Todos os fragmentos de órgãos foram processados para análise histológica e a expressão de genes no jejuno e fígado. As fezes foram colhidas ao final do experimento para análise do microbioma. A ingestão de EB + DON diminuiu o ganho de peso dos animais. As atividades das enzimas hepáticas diminuíram após 14 dias em leitões recebendo dieta EB + DON em comparação com leitões recebendo dieta controle. Todas as dietas contaminadas com as micotoxinas levaram a alterações histológicas moderadas a graves no jejuno, fígado e linfonodos. A análise metagenômica revelou que a ingestão de EB diminuiu a diversidade da microbiota intestinal. O segundo e o terceiro experimentos utilizaram uma associação do modelo in vitro (células HepG2) e o modelo ex vivo, com uma técnica de corte de precisão (PCLS) do fígado. Foram avaliados a viabilidade celular, os biomarcadores hepáticos, a morfologia hepática e a expressão de diversos genes. Para avaliar a citotoxicidade, as células foram incubadas em concentrações crescentes (0-100 µM). Para as demais análises, os dois modelos foram expostos ao DON (10 µM) ou às micotoxinas emergentes (BEA, ENN A1/B/B1, emodina - EMO, apicidina - API e aurofusarina - AFN) (10 µM). No segundo experimento, o DON diminuiu a viabilidade celular, induziu alterações teciduais, apoptose e modificou a expressão de genes inflamatórios e de fatores de transcrição de forma semelhante em ambos os modelos. Os biomarcadores hepáticos não mostraram alteração, e a expressão dos genes apoptóticos e do estresse oxidativo alterou-se apenas in vitro. Os resultados demonstram que o fígado é um alvo relevante para observar a resposta inflamatória devido à superexpressão de fatores de transcrição em ambos os modelos. Os parâmetros avaliados in vitro e ex vivo mostraram perfis semelhantes, apesar de algumas diferenças na intensidade da expressão gênica. No terceiro experimento, a maioria das micotoxinas foram citotóxicas e alteraram os níveis de genes relacionados à inflamação, fator de transcrição e metabolismo hepático in vitro. Nos explantes, apenas ENN B1 foi capaz de causar alteração morfológica significativa, mas sem mudanças nos níveis plasmáticos dos bioquímicos hepáticos. A ENN B1 também alterou poucos genes relacionados à inflamação, estresse oxidativo e proteínas de junção. No geral, nossos resultados fornecem novos insights sobre o impacto das micotoxinas emergentes sozinhas ou com DON no desempenho, saúde intestinal e parâmetros imunológicos em suínos. Também fornecem dados adicionais sobre os efeitos tóxicos do DON e das micotoxinas emergentes no fígado e mostram que explantes de fígado são uma ferramenta relevante para avaliar a toxicologia de contaminantes alimentares.Item Análise dos genes VP6 e VP7 de cepas de rotavírus identificadas em frangos de corte com síndrome da má absorção(2023-02-28) Gallego, Jéssica Cristhine; Alfieri, Amauri Alcindo; Dall Agnol, Alaís Maria; Lorenzetti, Elis; Lunardi, Michele; Takiuchi, ElisabeteRotavírus (RV) é uma das mais importantes etiologias de infecções entéricas em diferentes espécies de mamíferos e aves. RV é um vírus não envelopado, composto por 11 segmentos de RNA fita dupla que codificam seis proteínas estruturais (VP) e cinco a seis proteínas não estruturais. A VP mais abundante é a VP6 que define a espécie viral. VP4 e VP7 induzem anticorpos neutralizantes e, por isso, utilizadas para a classificação das cepas virais em genotipos P e G, respectivamente. Características antigênicas e moleculares de cepas de campo podem ser utilizadas para o conhecimento da evolução viral, rearranjos genômicos e a transmissão interespécies. RV identificados em aves são classificados em quatro espécies distintas, denominadas como RVA, RVD, RVF e RVG. Assim como em mamíferos, RVA também é a espécie mais descrita em aves. As espécies RVD, RVF e RVG, até o momento, foram identificadas exclusivamente em hospedeiros aviários. Estudos relacionados à caracterização molecular de cepas de RV identificados em espécies aviárias não são frequentes comparativamente às cepas provenientes de mamíferos. Este estudo teve por objetivo realizar a caracterização molecular em cepas de campo de RV aviário. Foram utilizadas 55 amostras individuais de conteúdo intestinal de frangos de corte com uma a duas semanas de idade que apresentavam quadro clínico de diarreia e síndrome da má absorção. Em estudo anterior, todas as amostras haviam sido previamente identificadas como positivas para RV por meio da técnica de eletroforese em gel de poliacrilamida. O objetivo do primeiro estudo foi determinar as espécies de RV aviário.Foi realizado por meio da amplificação parcial do gene VP6 com primers específicos para as espécies RVA, RVD, RVF e RVG. Posteriormente, foi realizado o sequenciamento dos amplicons com o objetivo de determinar a caracterização molecular e filogenética do gene VP6 (genotipo I) das cepas virais incluídas no estudo. Adicionalmente, no segundo estudo o objetivo foi determinar o gene VP7 (genotipo G) de 10 cepas de campo pertencentes ao RVA e de nove cepas ao RVD. Das 55 amostras positivas para RV incluídas no estudo em 10, 18 e 28 amostras foi possível à amplificação parcial do gene VP6 de RVA, RVD e RVF, respectivamente. Análises filogenéticas realizadas nos produtos do gene VP6 amplificados por RT-PCR possibilitaram classificar as 10 cepas de RVA no genotipo I11. Já as cepas de RVD e RVF apresentaram 89% e 93 a 98% de identidade de nucleotídeos (nt), respectivamente, com outras cepas disponíveis no GenBank descritas no Brasil e no mundo. Com relação às análises realizadas no produto da amplificação parcial do gene VP7 as cepas de RVA apresentaram 95 a 97% de identidade de nt com cepas que pertencem ao genotipo G19. A identidade de nt das nove cepas de RVD incluídas nas análises do gene VP7 apresentaram de 89 a 91% de identidade de nt com cepas de RV aviário descritas no Brasil e disponíveis no GenBank e 85% com a cepa protótipo 05V0049. Considerando as diversidades moleculares e antigênicas já descritas em cepas de RV, o monitoramento dos genotipos mais prevalentes em cepas de RV aviários é essencial para o desenvolvimento de ações em saúde animal e de biosseguridade para a avicultura nacional.Item Qualidade sensorial da carne de animais nelores e cruzados em diferentes tempos de maturação(2024-03-20) Barro, Amanda Gobeti; Bridi, Ana Maria; Humberto, Rafael; Prudencio, Sandra Helena; Ramos, Patrícia Maloso; Soares, Adriana LourençoO objetivo deste estudo foi comparar a qualidade sensorial de diferentes músculos de bovinos Nelore e cruzados em diferentes tempos de maturação. Foram avaliados no primeiro experimento 10 animais raça Nelore e 10 animais cruzados Angus x Nelore, e no segundo 10 animais Nelore e 10 Brangus. As avaliações de carcaça foram: espessura de gordura subcutânea (EGS), área de olho de lombo (AOL), escore de acabamento, peso de carcaça fria (PCF), marmoreio, grau de ossificação, coloração da carne, coloração da gordura e altura do cupim. Para o primeiro experimento foram coletadas amostras do Longissimus thoracis (LT) e maturadas por 5, 15 e 25 dias. Para o segundo foram coletadas amostras dos músculos: Gluteus medius (GM), Semitendinosus (ST) e Semimembranosus (SM) maturados por 5 e 15 dias. Ambos foram submetidos às análises sensoriais com consumidores, conforme o protocolo Meat Standard Austrália (MSA). No primeiro estudo a análise de variância foi realizada com o teste post-hoc incluindo correção de Bonferroni avaliando efeito de Maturação e raça. A análise de regressão múltipla foi empregada para as variáveis sensoriais. A raça e a maturação apresentaram efeitos sobre as variáveis estudadas, porém não houve interação. A maciez de ambos os grupos genéticos aumentou gradativamente com a maturação. Animais cruzados Angus x Nelore foram mais apreciados pelos consumidores aos 5 e 15 dias de maturação para maciez e sabor, embora essa preferência não tenha persistido aos 25 dias. Os consumidores não relataram diferença de sabor e maciez entre os grupos aos 25 dias de maturação. A aceitabilidade global e a suculência aumentaram com o tempo de maturação em ambos os grupos, porém a maior média foi atribuída para animais cruzados. A maturação de 25 dias dobrou as chances de aceitação diária e triplicou a probabilidade de uma carne inicialmente insatisfatória ser considerada excelente. A análise de regressão para animais Nelore mostrou o modelo que explica 97% da variação na aceitabilidade global do consumidor, sendo o sabor a variável mais importante, mas a maturação não apresentou efeito neste caso. Para animais cruzados, a contribuição das variáveis da sensorial foram semelhantes, com sabor de maior efeito, porém a maturação apresentou efeito no modelo. Aos 25 dias houve uma otimização na qualidade sensorial da carne de animais Nelore para sabor e maciez, no entanto para suculência e aceitabilidade global a preferência dos consumidores são animais cruzados aos 25 dias. No segundo estudo foi realizada uma análise de variância para cada músculo e a análise de razão de chances (RC) foi aplicada por raça para associar as classificações com os tempos de maturação e cortes. Foi observado um efeito de maturação para todos os cortes em cada grupo estudado. O GM tourinhos Nelore apresentou uma ligeira redução na maciez (-3,2%) após 15 dias de maturação. Contudo, para o músculo ST e SM, os 15 dias de maturação resultaram em melhorias na maciez (+11,3 pontos, +22% e +14,1 pontos, +28%, respectivamente), sabor, suculência e aceitabilidade. No caso dos músculos das fêmeas Brangus, a maturação por 15 dias não foi bem recebida pelos consumidores, sendo que a maturação por 5 dias foi preferida. Para as classificações atribuídas, a maturação por 15 dias resultou em melhorias nas avaliações dos músculos SM e ST em tourinhos Nelore. Em contrapartida, apenas o músculo SM apresentou diferenças para fêmeas Brangus, com maior probabilidade de receber nota máxima após 5 dias de maturação. Tourinhos Nelore demonstraram uma preferência pela maturação de 15 dias, que se mostrou eficaz na melhoria sensorial dos músculos SM e ST. Conclui-se que a resposta dos consumidores à maturação varia com raça e músculo, sendo eficaz para tourinhis Nelore e menos eficiente para fêmeas Brangus nos três músculos do traseiro estudado.Item Neospora caninum: prevalência e cinética de anticorpos IgG em bovinos de leite(2022-05-19) Bernardes, Juliana Correa; Garcia, João Luis; Gondim, Luís Fernando Pita; Rodrigues, Fernando de Souza; Breganó, Regina Mitsuka; Caldart, Eloíza Teles; Barros, Luiz Daniel deDoenças que causam abortamento em vacas leiteiras refletem em grandes perdas reprodutivas e econômicas. No caso da neosporose, causada pelo protozoário N. caninum, os índices produtivos são preocupantes por se tratar: de uma infecção negligenciada por grande parte dos técnicos e produtores; não existe vacina; há muitas lacunas a respeito da patogenia e suas interações imunológicas. O presente trabalho, divididos em duas fases (artigo A e B), teve como objetivos determinar a prevalência de anticorpos anti-N. caninum e avaliar a ocorrência de fatores associados ao risco de soropositividade em propriedades rurais situadas na região Oeste-noroeste do estado de São Paulo; acompanhar a cinética de IgG anti-N. caninum em matrizes e suas progênies; calcular a taxa de transmissão transplacentária de N. caninum durante três gerações; analisar fatores de risco para soropositividade para N. caninum. No experimento 1 foram coletadas amostras de sangue de todos os bovinos leiteiros de 10 propriedades rurais totalizando em 653 animais. As coletas foram realizadas entre março de 2019 a dezembro de 2021. Inicialmente, foi utilizado a reação de imunofluorescência indireta (RIFI) para a pesquisa de anticorpos IgG contra os parasitas N. caninum e Toxoplasma gondii. A soroprevalência de N. caninum e T. gondii nos animais testados foi de 41,7% (272/653) e 11,5% (75/653), respectivamente. Os resultados da sorologia foram associados aos dados epidemiológicos das propriedades por meio de regressão logística baseada nos valores medianos dos títulos de anticorpos. Observou-se associação significativa entre a ocorrência sérica de IgG ant-N. caninum com raça, suplementação de bezerros, introdução de animais com problemas reprodutivos no rebanho e período de gestação. Já a baixa soroprevalência para T. gondii no rebanho pode ser explicada pela resistência da espécie bovina ao parasita. No experimento 2 dos 653 animais coletados na primeira fase do experimento, 152 eram vacas prenhas e seguiram no acompanhamento 37 matrizes (primeira geração) que pariram progênies fêmeas (segunda geração – P1), cujo a primeira coleta de sangue ocorreu desde o nascimento, antes da ingestão do colostro até o último terço gestacional e por fim, suas progênies (terceira geração – P2). A partir da RIFI anti-N. caninum, notou-se que 48,6% (18/37) das matrizes das bezerras eram sororreagentes para N. caninum. Foi observado um risco adicional de 88,9% de ocorrência de anticorpos anti-N. caninum em progênie 1 (P1) que nasceram de matrizes sororreagentes (p<0,001), sendo que das transmissões oriundas de infecção pré-natal, 100,0% (3/3) das progênies 2 (P2) permaneceram reagentes antes da ingestão do colostro. Já em relação ao grupo de bezerras não reagentes, foi observado a partir do acompanhamento de coorte a inversão de sorológica, nas quais, 26,3% (5/19) positivaram para N. caninum aos três meses; e 60,0% (6/10) aos seis meses da segunda geração (P1). Em relação a comparação dos títulos de anticorpos IgG nos indivíduos da P1, observou-se que as bezerras nascidas de matrizes sororreagentes apresentaram maiores títulos nas fases antes do colostro (p= 0,0002) e aos 90 dias de vida (p=0,0474). A N. caninum está amplamente disseminada na região estudada. Ao considerar que matrizes soropositivas no terço final de gestação apresentam uma maior possibilidade de gerar progênies positivas, as demonstrações entre transmissão vertical e horizontal do presente estudo indicam a necessidade de mais estudos epidemiológicos sobre N. caninum nos rebanhos leiteiros.Item Doença respiratória bovina no Brasil: padrões histopatológicos e identificação imuno-histoquímica de agentes infecciosos(2022-11-10) Oliveira, Thalita Evani Silva de; Headley, Selwyn Arlington; Alfieri, Amauri Alcindo; Flores, Eduardo Furtado; Lisbôa, Júlio Augusto Naylor; Cunha, Paulo Henrique Jorge daComplexo de doenças respiratórias dos bovinos (DRB) está associado como uma das principais causas de mortes em bovinos confinados no mundo. Todavia, os aspectos histopatológicos e imuno-histoquímicos (IHQ) associados ao diagnóstico da DRB são pouco descritos. Dessa forma, nesta tese estão incluídos quatro artigos abordando esse tema. O primeiro estudo foi uma breve revisão que aborda dados epidemiológicos, agentes infecciosos e as manifestações clínicas e patológicas associadas à DRB. Esta é uma enfermidade multifatorial e multietiológica descrita em todas as regiões do Brasil, relacionada ao alfaherpesvírus bovino tipo 1 (BoAHV1), vírus da diarreia viral bovina (BVDV), vírus respiratório sincicial bovino (BRSV) e Mycoplasma bovis (MB), entre outros agentes. Gammaherpesvírus-ovino 2 (OvGHV2) e HoBi-like pestivírus foram associados ao desenvolvimento de pneumonia em bovinos adultos e bezerros. O segundo artigo descreveu os padrões histopatológicos e achados de IHQ associados aos agentes MB, BoAHV1, vírus da parainfluenza tipo 3 (BPIV-3), BRSV e BVDV nos pulmões de 35 vacas holandesas, do estado do Paraná. Pneumonia foi diagnosticada em 91,4% das vacas (32/35), sendo pneumonia intersticial (n=15), broncopneumonia necrosupurativa (n=9) e broncopneumonia supurativa (n=6). Dentre os agentes, constatou-se BVDV (n=18), MB (n=16), BoAHV1 (n=14) e BRSV (n=11). O terceiro artigo descreveu a associação de um vírus do grupo do vírus da febre catarral maligna (MCFV) e MB, com desenvolvimento da DRB em 145 bovinos de corte e leite, bezerros e adultos, dos estados do Paraná, Goiás, São Paulo e Minas Gerais. Os principais padrões de lesão pulmonar foram pneumonia intersticial (72/120;60%) e broncopneumonia supurativa (31/120;25,8%). Antígenos intralesionais de MCFV (64/120) foram os mais frequentes, seguidos por MB (57/120), BVDV (51/120), BoAHV1 (34/120), BRSV (29/120) e BPIV-3 (10/120). Sobre os antígenos de MCFV identificados acredita-se que sejam do OvHV-2, pois é o único MCFV descrito no Brasil até o presente O quarto artigo descreve a presença de agentes infecciosos associados com a DRB em 37 pulmões de fetos bovinos abortados, dos estados do Paraná e Minas Gerais, para determinar se esses patógenos estavam associados à pneumonia e/ou outras alterações pulmonares. IHQ foi realizada para os mesmos agentes descrito anteriormente. Para o painel de doenças reprodutivas, PCR foram realizadas para BoAHV1, BVDV, Listeria monocytogenes, Histophilus somni, Neospora caninum, Leptospira spp., Brucella abortus e gammaherpesvirus bovino 6 (BoGHV6). Pneumonia intersticial foi observada em 29,7% dos fetos (11/37) e esteve associada a antígenos virais BRSV, BoAHV1 (n=3,cada), BVDV e DNA BoGHV6 (n=2,cada). Dentre os patógenos reprodutivos detectou-se Leptospira spp. (n=3), BVDV, Neospora caninum e Brucella abortus (n=2, cada). Abortos não relacionados aos agentes infecciosos testados foram observados em 59,5% (22/37) dos pulmões examinados. Conclui-se com esses estudos que a imunorreatividade positiva dos anticorpos utilizados são intracitoplasmáticas. Pneumonia intersticial e broncopneumonias supurativa e necrosupurativa foram os principais tipos de pneumonia no Brasil. BPIV-3 demonstrou baixa ocorrência nestes rebanhos e quando presente esteve associado a outro agente infeccioso. Finalmente, a amplificação de ácidos nucléicos do BoGHV6, BRSV e BPIV-3 dos pulmões fetais com pneumonia intersticial, sugere que esses patógenos podem ser considerados como potenciais agentes de fetopatia em bovinos, derivada de infecção intrauterina/transplacentária.Item Biomarcadores da Doença Renal Crônica de ocorrência natural em cães e efeitos pré-analíticos na hemogasometria.(2024-11-28) Bordini, Carolina Grecco Grano; Flaiban, Karina Keller Marques da Costa; Lisbôa, Júlio Augusto Navlor; Pereira, Patrícia Mendes; Marquez, Ellen de Souza; Martins, Guilherme FelipelliEsta Tese compreende dois estudos. O primeiro investiga biomarcadores séricos e urinários da Doença Renal Crônica (DRC). Quarenta (40) cães foram selecionados prospectivamente e divididos em 3 grupos: Grupo 1: animais saudáveis; Grupo 2: não azotêmicos com imagem ultrassonográfica de degeneração renal e densidade urinária (Du)<1,030, e Grupo 3: cães azotêmicos, com imagem ultrassonográfica de degeneração renal e Du< 1,030. As amostras de sangue e urina foram encaminhadas para a realização de hemograma, bioquímicos, incluindo dimetilarginina simétrica (SDMA) sérica, urinálise, relação proteína:creatinina urinárias (UPC), relação GGT:creatinina urinárias (uGGT/creatinina) e GGT corrigida pela densidade urinária (dGGT). Dentre os biomarcadores analisados, a SDMA não mostrou diferença entre os grupos 1 (10,0? 5,56 µg/dL) e 2 (20,1? 22,9 µg/dL), não sendo considerado, nesse estudo, como marcador precoce. Por sua vez, a uGGT/creatinina mostrou diferença (p=0,005) entre os grupos 1 (mediana 0,125) e 2 (0,346), evidenciando precocidade. A uGGT/creatinina mostrou-se mais precoce que a UPC dentre os cães avaliados. O segundo estudo teve como objetivo analisar os efeitos do tempo, do armazenamento e do anticoagulante em amostras de sangue venoso de cães destinadas a gasometria. Foram colhidas quatro amostras de sangue das veias jugulares de 30 animais. Em duas amostras foram utilizadas a seringa comercial, com heparina de lítio (HL), de gasometria BD 3mL (Linha BD-A-Line®) e, nas duas amostras restantes, seringa convencional de 3mL (BD®), com heparina sódica (HS), preparada pelo clínico. Análises foram realizadas nos tempos T0, T30, T120, T240 e T360. Após a primeira análise (T0), uma amostra da seringa contendo o HL era armazenada em banho de água gelada (0-4 C) e a outra em geladeira (2-8ºC), o mesmo procedimento acontecia com a seringa convencional com HS. O efeito tempo interferiu nos valores das variáveis estudadas, exceto cloretos. O tempo levou a reduções nos valores de bicarbonato e BE. O armazenamento em água gelada (0-4ºC) mostrou retardo das alterações in vitro. Ao utilizar a heparina sódica líquida ocorreu redução com significado clínico nas concentrações de cálcio ionizado (iCa).Item Estratégias para promover a saúde intestinal em frangos de corte(2024-04-20) Souza, Marielen de; Bracarense, Ana Paula Frederico Rodrigues Loureiro; Immerseel, Filip Van; Ducatelle, Richard; Janssens, Gert; Silva, Caio Abércio da; Maidana, Leila; Baptista, Ana Angelita SampaioA saúde intestinal influencia significativamente o bem-estar animal, o desempenho e a lucratividade na avicultura. Este projeto de pesquisa teve como objetivo avaliar os efeitos deletérios dos desafios intestinais prevalentes em frangos de corte, incluindo doenças intestinais (enterite necrótica), micotoxinas (desoxinivalenol) e fatores antinutricionais (β-manano). O estudo abrangeu duas investigações principais: i. Efeitos protetores de uma mistura de Lactobacillus spp. frente ao desafio com desoxinivalenol (DON) e Clostridium perfringens (CP). Este estudo investigou os impactos dos desafios simultâneos com DON e CP na saúde intestinal dos frangos de corte e avaliou o potencial de uma mistura de Lactobacillus spp. Em aliviar os danos associados aos desafios. Frangos de corte (n = 252) foram divididos em sete grupos: Controle, DON, CP, CP+DON, VL (DON+CP + mistura de Lactobacillus spp. viáveis), HIL (DON+CP + mistura de Lactobacillus spp. inativados pelo calor) e LCS (DON+CP + sobrenadante de cultura da mistura de Lactobacillus spp.). Os resultados indicaram que os tratamentos com Lactobacillus spp., independentemente de suas formas de apresentação (viáveis, inativados pelo calor ou sobrenadante da cultura), reduziram parcialmente o dano intestinal induzido pelos desafios com DON e CP. Macroscopicamente o grupo CP+DON exibiu o maior escore de lesão, enquanto os grupos VL e HIL exibiram os menores. A análise microscópica demonstrou que todos os tratamentos com Lactobacillus spp. mitigaram as alterações morfológicas induzidas pelos desafios. Curiosamente, a defesa antioxidante contra o estresse oxidativo induzido por CP não melhorou com os tratamentos com Lactobacillus spp. ii. Impacto da ingestão de β-mananas e suplementação com β-mananase na saúde intestinal de frangos de corte. Este estudo investigou os efeitos da goma guar, uma fonte de galactomananas, em dietas para frangos de corte com ou sem suplementação de β-mananase, na composição da microbiota e seu potencial papel na saúde intestinal e desempenho zootécnico. Frangos de corte com um dia de idade (n = 756) foram distribuídos aleatoriamente em três tratamentos: dieta controle, dieta com goma guar (1,7%) ou dieta com goma guar suplementada com β-mananase (Hemicell® 330g/ton). Os resultados revelaram que a ingestão de goma guar impactou negativamente o desempenho zootécnico, enquanto a suplementação com β-mananase restaurou o desempenho para níveis do grupo controle. A dieta rica em mananas induziu disbiose da microbiota cecal, caracterizada por aumento de gêneros específicos e diminuição de outros. No entanto, a suplementação dietética com β-mananase restaurou eficazmente a composição da microbiota para níveis semelhantes ao grupo controle, indicando um efeito atenuante. Além disso, a suplementação com β-mananase reduziu as concentrações cecais de certos ácidos graxos de cadeia curta, sugerindo melhor digestão de proteínas e redução da fermentação de proteínas cecais. Concluindo, os três fatores avaliados – desafio de DON e C. perfringens e β-mananas – impactaram a saúde intestinal. No entanto, as soluções propostas, mistura de Lactobacillus spp. e a suplementação de β-mananase, demonstraram eficiência em mitigar ou reverter completamente os efeitos negativos associados a esses desafios.Item Relação da concentração da proAKAP4 em espermatozoides ejaculados e epididimários criopreservados de felinos domésticos (Felis silvestris catus) e avaliação da metilação do DNA em espermatozoides criopreservados de tilápia do Nilo (Oreochromis niloticus).(2024-04-26) Hidalgo, Myrian Megumy Tsunokawa; Martins, Maria Isabel Mello; Barreiros, Thales Ricardo Rigo; Morotti, Fábio; Giordano, Lucienne Garcia Pretto; Zangirolamo, Amanda FonsecaDois estudos foram conduzidos para investigar a importância da qualidade dos espermatozoides na fertilidade masculina. O primeiro estudo teve como objetivo avaliar a relação da proAKAP4 em espermatozoides criopreservados em felinos domésticos. Foram utilizados 15 gatos adultos, submetidos a colheita de sêmen por cateterização uretral e recuperação da cauda do epidídimo. Em seguida, foram realizadas análises espermáticas (cinética, concentração, morfologia, integridade de membrana) e as amostras foram criopreservadas. Após criopreservação foram realizadas novas análises espermáticas e a quantificação da proAKAP4. Foi observada uma maior concentração de proAKAP4 em espermatozoides ejaculados 30,43 ± 3,45 ng/mL (15,26-59,18 ng/mL) comparado aos epididimários 20,51 ± 1,87 ng/mL (12,15-35,36 ng/mL) (P=0,004). Foi possível observar relação da concentração da proAKAP4 com os parâmetros: MT (r2 = 0,660, P<0,001) e dance (r2 = 0,266, P = 0,049) no grupo ejaculado e relação com MT (r2 = 0,668, P <0,001) e células estáticas (r2 = 0,74, P = 0,003) no grupo do epidídimo, sugerindo que a concentração da proAKAP4 pode ser utilizada como biomarcador de motilidade. O segundo estudo teve como objetivo avaliar a metilação do DNA em espermatozoides criopreservados de tilápia do nilo. Foram utilizados seis machos, em que o sêmen foi colhido por massagem abdominal e em seguida, foram realizadas análises espermáticas (cinética, concentração, morfologia, integridade de membrana e metilação do DNA) e as amostras foram criopreservadas. Foi realizada a extração do DNA e a preparação das bibliotecas das amostras frescas e descongeladas. O estudo revelou que houve mudança no perfil de metilação do DNA em espermatozoides de tilápia do Nilo.Item Análise dos genes VP6 e VP7 de cepas de rotavírus identificadas em frangos de corte com síndrome da má absorção(2023-02-28) Gallego, Jéssica Cristhine; Alfieri, Amauri Alcindo; Dall Agnol, Alais Maria; Lorenzetti, Elis; Lunardi, Michele; Takiuchi, ElisabeteRotavírus (RV) é uma das mais importantes etiologias de infecções entéricas em diferentes espécies de mamíferos e aves. RV é um vírus não envelopado, composto por 11 segmentos de RNA fita dupla que codificam seis proteínas estruturais (VP) e cinco a seis proteínas não estruturais. A VP mais abundante é a VP6 que define a espécie viral. VP4 e VP7 induzem anticorpos neutralizantes e, por isso, utilizadas para a classificação das cepas virais em genotipos P e G, respectivamente. Características antigênicas e moleculares de cepas de campo podem ser utilizadas para o conhecimento da evolução viral, rearranjos genômicos e a transmissão interespécies. RV identificados em aves são classificados em quatro espécies distintas, denominadas como RVA, RVD, RVF e RVG. Assim como em mamíferos, RVA também é a espécie mais descrita em aves. As espécies RVD, RVF e RVG, até o momento, foram identificadas exclusivamente em hospedeiros aviários. Estudos relacionados à caracterização molecular de cepas de RV identificados em espécies aviárias não são frequentes comparativamente às cepas provenientes de mamíferos. Este estudo teve por objetivo realizar a caracterização molecular em cepas de campo de RV aviário. Foram utilizadas 55 amostras individuais de conteúdo intestinal de frangos de corte com uma a duas semanas de idade que apresentavam quadro clínico de diarreia e síndrome da má absorção. Em estudo anterior, todas as amostras haviam sido previamente identificadas como positivas para RV por meio da técnica de eletroforese em gel de poliacrilamida. O objetivo do primeiro estudo foi determinar as espécies de RV aviário.Foi realizado por meio da amplificação parcial do gene VP6 com primers específicos para as espécies RVA, RVD, RVF e RVG. Posteriormente, foi realizado o sequenciamento dos amplicons com o objetivo de determinar a caracterização molecular e filogenética do gene VP6 (genotipo I) das cepas virais incluídas no estudo. Adicionalmente, no segundo estudo o objetivo foi determinar o gene VP7 (genotipo G) de 10 cepas de campo pertencentes ao RVA e de nove cepas ao RVD. Das 55 amostras positivas para RV incluídas no estudo em 10, 18 e 28 amostras foi possível à amplificação parcial do gene VP6 de RVA, RVD e RVF, respectivamente. Análises filogenéticas realizadas nos produtos do gene VP6 amplificados por RT-PCR possibilitaram classificar as 10 cepas de RVA no genotipo I11. Já as cepas de RVD e RVF apresentaram 89% e 93 a 98% de identidade de nucleotídeos (nt), respectivamente, com outras cepas disponíveis no GenBank descritas no Brasil e no mundo. Com relação às análises realizadas no produto da amplificação parcial do gene VP7 as cepas de RVA apresentaram 95 a 97% de identidade de nt com cepas que pertencem ao genotipo G19. A identidade de nt das nove cepas de RVD incluídas nas análises do gene VP7 apresentaram de 89 a 91% de identidade de nt com cepas de RV aviário descritas no Brasil e disponíveis no GenBank e 85% com a cepa protótipo 05V0049. Considerando as diversidades moleculares e antigênicas já descritas em cepas de RV, o monitoramento dos genotipos mais prevalentes em cepas de RV aviários é essencial para o desenvolvimento de ações em saúde animal e de biosseguridade para a avicultura nacionalItem Vírus da diarreia viral bovina e herpesvírus linfotrópico suíno em javalis de vida livre (Sus scrofa Linnaeus, 1758) provenientes de fragmentos de Mata Atlântica(2021-10-01) Porto, Gisele da Silva; Alfieri, Alice Fernandes; Silva, Virgínia Santiago; Lorenzetti, Elis; Orsi, Mário Luís; Zotti, Éverson; Alfieri, Amauri AlcindoEspécies não nativas invasoras têm se tornado um problema ambiental de interesse público. Quando somadas as suas distribuições exóticas e nativas o javali (Sus scrofa) é o suídeo com a maior distribuição geográfica do mundo. Os suínos asselvajados têm motivado estudos ambientais, sociais e sanitários, inclusive no Brasil, envolvendo principalmente o potencial de atuação desses animais como reservatório de doenças passíveis de serem transmitidas a animais silvestres, domésticos e humanos. A preocupação com o status sanitário das populações brasileiras de javalis de vida livre tem origem na característica continental e ambiental do país, que tem proporcionado a rápida dispersão desse invasor e, principalmente, pelo fato de javalis serem hospedeiros de doenças com alto impacto na saúde humana e animal. Considerando a capacidade de dispersão de javalis no ambiente natural e a possibilidade de contato com espécies domésticas de animais de produção, este estudo investigou a presença de pestivírus (vírus da diarreia viral bovina – BVDV) e gammaherpesvirus suíno (Herpesvírus linfotrópico suíno – PLHV) em javalis de vida livre provenientes das regiões Norte e dos Campos Gerais, no estado do Paraná, Brasil. Amostras de pulmões e soros de javalis abatidos por controladores colhidas entre 2017 e 2019 foram utilizadas para a investigação da presença de RNA de BVDV, de anticorpos anti-BVDV e de DNA de PLHV. Adicionalmente, pulmões e baços de seis fetos provenientes de uma fêmea abatida foram investigados quanto à presença de PLHV. No primeiro estudo, para investigação de BVDV, 49 amostras de pulmão foram avaliadas por RT-PCR para amplificação de um fragmento de 288 pb da região genômica 5'UTR e 42 amostras de soros pela técnica de vírusneutralização. Nenhuma das amostras de soro avaliadas apresentou anticorpos anti-BVDV. Porém, em três (6,12%) amostras de pulmão foi possível obter um fragmento do tamanho esperado para BVDV. Por meio de sequenciamento, uma cepa de BVDV foi classificada como subgenotipo 1a e duas cepas como subgenotipo 1d. No segundo estudo, 50 amostras de pulmões foram utilizadas para investigação da presença de DNA de PLHV a partir da amplificação do gene da DNA polimerase. Primeiramente, foram realizadas reações de PCR com primers consensuais (pan-herpesvírus) e, para classificação das espécies de PLHV-1, PLHV-2 e PLHV-3, novas reações de PCR foram feitas com primers específicos para amplificação de 393pb, 334pb e 148pb, respectivamente. DNA de PLHV foi amplificado em 48 (96%) das 50 amostras de pulmões analisadas, das quais, 33 (68,75%) amostras foram positivas para pelo menos duas espécies de PLHV. Apesar de serem provenientes de uma fêmea PLHV-positiva, as amostras de órgãos dos seis fetos analisadas foram negativas. O estudo permitiu concluir que i) ocorre circulação de BVDV em javalis de vida livre na região estudada; ii) as infecções por PLHV são endêmicas nessas populações; iii) e não há evidências de transmissão vertical de PLHV na fêmea avaliada. Esses resultados alertam sobre o potencial de javalis de vida livre atuarem como reservatórios e transmissores de doenças para animais de produção e evidenciam a importância do constante monitoramento sanitário desses animais.Item Líquido cerebroespinhal de ruminantes: conservação, estabilidade e validação(2022-09-30) Curti, Juliana Massitel; Flaiban, Karina Keller Marques da Costa; Marquez, Ellen de Souza; Lisbôa, Julio Augusto Naylor; Bracarense, Ana Paula Frederico Rodrigues Loureiro; Queiroz, Gustavo RodriguesA análise do líquido cerebroespinhal (LCE) traz informações importantes ao clínico como apoio ao diagnóstico de enfermidades neurológicas inflamatórias/infecciosas. O objetivo do presente trabalho foi avaliar a estabilidade e comparar os métodos para determinar a concentração de lactato liquórico de bovinos, caprinos e ovinos sadios sob refrigeração e congelamento. Foram colhidas e avaliadas 30 amostras de LCE de bovinos (n=10), caprinos (n=10) e ovinos (n=10). O LCE foi colhido por punção no espaço atlanto-occiptal sob sedação. Após a colheita as amostras foram distribuídas em sete alíquotas de acordo com o momento de sua análise 0h, 24h, 48h, 72h refrigeradas a 4°C, e 3 meses, 6 meses e 12 meses congeladas a -20°C. A concentração de lactato foi mensurada pelo lactímetro portátil (LP) e pelo analisador bioquímico automatizado (ABA), padrão ouro. Nas amostras refrigeradas foram realizadas as análises físicas, bioquímicas (proteína e glicose) e celulares rotineiras. Nas amostras congeladas foram mensurados concentração de eletrólitos sódio (Na+), potássio (K+) e cloreto (Cl-) e concentração de lactato. A análise de variância bifatorial foi empregada para comparação entre os diferentes momentos em cada espécie e o teste de Bland-Altman foi utilizado para observar se havia concordância entre os métodos. A correlação de Pearson foi empregada para verificar as relações entre o lactímetro portátil e o analisador bioquímico automatizado. O lactímetro portátil avaliado não pode ser empregado como método de avaliação do lactato liquórico em bovinos, caprinos e ovinos. Constatou-se que no LCE as espécies avaliadas possuem estabilidade de até 72 horas sob refrigeração a 4°C para a densidade, concentração de proteína e glicose e contagem total de células (leucócitos e hemácias), e congelado a -20°C por até 12 meses de eletrólitos. A estabilidade do lactato no LCE no ABA variou de acordo com a espécie, nos bovinos apresentou estabilidade por até 72 horas refrigerado, nos caprinos por até 3 meses congelado e nos ovinos por até 12 meses congelado. Os resultados encontrados indicam que o LCE pode ser colhido a campo e encaminhado ao laboratório a 4°C em até 72 horas sem comprometer a análise.Item Imunomoduladores contra bacterioses em tilápias: avaliação de ácidos orgânicos contra Francisella orientalis e determinação de potencial probiótico de cepas contra Streptococcus agalactiae(2023-02-27) Silva, Vanessa Gomes da; Pereira, Ulisses de Pádua; Di Santis, Giovana Wingeter; Caldart, Eloiza Teles; Pilarski, Fabiana; Campos, GuilhermeA aquicultura tornou-se um dos setores mais proeminentes do agronegócio mundial. A produção brasileira de peixe de cultivo alcançou 860mil toneladas em 2022, e a tilápia permanece como a espécie mais cultivada no país. Porém, os sistemas intensivos trazem reveses como a alta incidência de doenças bacterianas, em especial a franciselose e estreptococose, que causam surtos com alta mortalidade nas pisciculturas. Para controlar esses surtos, vários antimicrobianos são utilizados tanto terapêutica quanto profilaticamente. O uso excessivo e indiscriminado implica no surgimento de cepas resistentes que se acumulam na água, nos sedimentos, no pescado comercializado e oferecem risco para o tratamento de infecções em animais e humanos. Assim, a aquicultura moderna tem visado práticas mais sustentáveis a fim de fornecer produtos seguros para o consumidor final. Nesse sentido, esta pesquisa buscou avaliar novos aditivos alimentares quanto à sua capacidade de promover ganhos à imunidade e maior resistência às enfermidades de maior ocorrência na tilapicultura nacional. No trabalho A, diferentes concentrações (3 g.kg-1 e 5 g.kg-1) de um aditivo composto por ácidos orgânicos foi incorporado à ração, fornecido durante 21 dias para juvenis de tilápia que, em seguida, foram desafiadas com Francisella orientalis. Os animais alimentados com 0,5% de Bacti-nil®Aqua apresentaram melhoras em parâmetros imunológicos, como lisozima e atividade antibacteriana do soro, e menor mortalidade quando comparados com grupos controles. A microbiota intestinal manteve características pré-desafio entre os grupos tratados, o que pode ser considerado um efeito benéfico do produto sobre o microbioma intestinal. No trabalho B, diferentes cepas de microrganismos tiveram seu potencial probiótico avaliado e, posteriormente foram testados quanto ao efeito imunomodulador e à resistência contra Streptococcus agalactiae sorotipo Ib. Lactococcus lactis apresentou boa tolerância a baixo pH, sais biliares e NaCl, assim como demonstrou antagonismo contra Enterococcus faecium e S. agalactiae in vitro. As cepas da levedura Yarrowia lipolytica demonstraram boa resistência nos testes in vitro. Na avaliação histomorfológica do fígado, os grupos alimentados com Y. lipolytica tiveram escores gerais mais baixos, indicando que a levedura ajudou a preservar a integridade do fígado. A adição de L. lactis e Y. lipolytica teve um efeito benéfico no sistema imune, com resultados significativos na atividade bactericida do soro e na sobrevivência após o desafio bacteriano. Os trabalhos desenvolvidos indicam que a adição de ácidos orgânicos e probióticos à ração são importantes ferramentas no estímulo da imunidade dos animais, assim como no combate a enfermidades, propagando uma aquicultura mais sustentável. Os microrganismos testados poderão ser amplamente utilizados como aditivos na ração e as técnicas desenvolvidas permitem a exploração de novas cepas probióticas, em especial, cepas autóctones que oferecem maior adaptação e segurança para os animais e para cadeia produtivaItem Efeitos da reposição estrogênica na adiposidade e na microbiota fecal de gatas previamente castradas(2020-02-20) Haddad Neta, Jamile; Martins, Maria Isabel Mello; Lopes, Maria Denise; Derrussi, Ana Augusta Pagnano; Gava, Fábio Nelson; Flaiban, Karina Keller Marques da CostaA castração felina é fator de risco para obesidade e diabetes mellitus. O tratamento da obesidade é desafiador e busca por estratégias inovadoras, como a restauração dos efeitos hipofágicos do estrógeno por meio de sua reposição e a manipulação da microbiota de perfil magro. Este trabalho avaliou os efeitos do valerato de 17 ß-estradiol sobre o consumo alimentar, ganho de peso, perfil bioquímico, morfometria adipocitária e microbiota em 12 gatas divididas em três grupos: OH+E2 (gatas ovariohisterectomizadas com reposição estrogênica), OH (gatas ovariohisterectomizadas sem reposição estrogênica) e SHAM (gatas submetidas apenas à celiotomia). Utilizou-se a dose de 4 µg durante três meses (E1), e após um intervalo de 20 dias a dose foi aumentada para 12 µg durante três meses (E2). O registro do consumo alimentar e do peso foi diário e semanal, respectivamente. Amostras de sangue para exames bioquímicos e esfregaço vaginal para colpocitologia foram obtidos a cada seis semanas, sob sedação, e amostras de tecido adiposo subcutâneo foram colhidas sob anestesia no momento anterior ao experimento e ao final de E1 e E2. Amostras de fezes foram colhidas no último dia do experimento, armazenadas a -80°C e submetidas ao sequenciamento das regiões V3/V4 do gene 16S rRNA. A reposição com 4 µg não exerceu os efeitos hipofágicos e de perda de peso, enquanto a reposição com 12 µg resultou em perda de peso (p= 0,03), hipofagia nas primeiras quatro semanas e presença de células superficiais na colpocitologia. As dosagens bioquímicas apresentaram-se dentro dos valore de referência, com aumento de triglicérides (p=0,004) e ALT no grupo OH, enquanto a reposição com 12 µg mantiveram-nas em declínio. Houve aumento da área dos adipócitos em todos os grupos, sendo significativo no grupo OH (p= 0,026). A hipertrofia adipocitária foi mais discreta no grupo com reposição. Não houve diferença quanto à alfa diversidade da microbiota fecal entre os grupos, enquanto a beta diversidade mostrou uma diferença entre a estrutura das comunidades nos grupos. A relação Firmicutes/Bacteroidetes foi maior nos grupos OH e OH+E2 em comparação com SHAM, impulsionada pela maior abundância de Megasphaera, Megamonas e Dialister (p= 0,020) no grupo OH+E2, em comparação com SHAM. Como conclusão, a reposição de 17 ß-estradiol na dose de 12 µg promoveu um maior controle da adiposidade associado à presença de células superficiais na colpocitologia e diferença na beta diversidade da microbiota fecalItem Desenvolvimento de qPCR para diagnóstico de Eimeria spp. em bovinos(2018-02-28) Cardim, Sérgio Tosi; Garcia, João Luis; Crhyssafidis, Andréas Lazaros; Breganó, Regina Mitsuka; Guimarães Junior, José da Silva; Alexey Leon Gomel BogadoA coccidiose bovina é uma enfermidade de grande importância em rebanhos bovinos ao redor do mundo. Esta enfermidade é causada por protozoários, do gênero Eimeria e afeta principalmente animais com menos de 12 meses, sendo as espécies E. bovis e E. zuernii as de maior importância clínica, podendo causar diarréia severa com sangue em bezerros infectados. O diagnóstico de rotina desta doença é realizado através da observação morofológica dos oocisto, os quais precisam estar esporulados para identificação da espécie envolvida, o que leva em torno de 10 a 15 dias,tornando o mesmo muito laborioso e com necessidade de alto treinamento do leitor, dificuldando um diagnóstico mais rápido e consequente tratamento mais rápido dos animais. Devido as estes fatores, o objetivo deste trabalho foi desenvolver técnicas de qPCR para o diagnóstico do gênero Eimeria e das espécies de maior patogenia, E. bovis e E. zuernii. Para isto foram selecionados o gene 18S rRNA para o gênero Eimeria e o gene ITS-1 para diferenciação das espécies, isto porque o gene 18S tem pouca variabilidade entre as espécies enquanto o gene ITS-1 tem uma alta variabilidade interespecifica, com baixa variabilidade dentro da espécie, visando assim uma alternativa de diagnóstico mais rápida e sensível. As PCRs foram realizadas utilizando SYBR Green como fonte de fluorenscencia. Tanto os primers desenvolvidos para o gênero, quanto os desenvolvidos para a espécie E. zuernii apresentaram alta sensibilidade, tendo a capacidade de amplificar amostrar contendo apenas um oocisto do parasita. Já os primers desenvolvidos para E. bovis apresentaram uma sensibilidade inferior, sendo capazes de detectar positividade em amostras de campo contendo 50 oocistos por grama de fezes. Para avaliação da especificidade das técnicas foram utilizadas amostras contendo Cryptosporidium spp. e Giardia spp., sendo que todas as técnicas apresentaram negatividade tanto para Giardia spp., quanto para Cryptosporidium spp. Baseado nos resultados encontrados neste estudo, conclui-se que os primers desenvolvidos apresentaram alta sensibilidade e especificidade no diagnóstico de Eimeria em bovinosItem Inteligência computacional e lógica fuzzy na classificação da qualidade tecnológica da carne suína(2018-02-27) Peres, Louise Manha; Bridi, Ana Maria; Nicolau, Juliana Pampana; Ayrosa, Pedro Paulo da Silva; Barbon Junior, SylvioA classificação da qualidade da carne suína é de extrema importância, uma vez que a partir desta podemos avaliar direta e indiretamente as ações tomadas na cadeia produtiva. Inúmeros são os padrões de classificação descritos na literatura, não havendo consenso entre eles no que se refere a quantidade de classes nem tampouco em relação aos limiares entre classes. E estes limiares são rígidos, ou seja, para uma amostra ser classificada ela tem que se encaixar numericamente nos limiares máximo e mínimo de uma classe e por isso é comum haver amostras que não se enquadram em nenhuma classe devido aos fatores intrínsecos e extrínsecos que afetam a qualidade da carne, sendo nesta ocasião denominadas amostras não factíveis. "Qual padrão escolher para classificar a qualidade tecnológica da carne?" e "O que fazer para classificar uma amostra quando ela não se enquadra em nenhuma classe?". As soluções para esta problemática são apresentadas nos dois artigos que compõem esta tese. ARTIGO I: "Meta-recommendation of pork quality standards" - através da meta- recomendação, utilizando o algoritmo de árvore de decisão J48 obtivemos resultado de máximo desempenho para o meta-modelo, considerando as medidas de acurácia, coeficiente kappa, verdadeiro-positivo, falso-positivo, precisão, revocação e F-measure (média ponderada entre precisão e revocação). Sendo assim, é notória a contribuição destes resultados para direcionar com confiabilidade o padrão de qualidade de carne suína mais adequado a qualquer dataset em estudo. ARTIGO II: "Fuzzy approach for classification of pork into quality grades: coping with unclassifiable samples" - quando classificamos as amostras com a lógica clássica, segundo os limiares rígidos dos padrões descritos, facilmente encontramos amostras não factíveis. Em função disto, muitos lotes de carne podem ser direcionadas para nichos de mercados não condizentes com suas características tecnológicas. Os resultados encontrados nesse artigo foram relevantes, pois a porcentagem de amostras não factíveis foi reduzida consideravelmente quando utilizada a lógica fuzzy em comparação a lógica clássica. Com este trabalho conseguimos preencher satisfatoriamente várias lacunas da classificação da qualidade da carne suína. Inicialmente fizemos a meta-recomendação do padrão mais adequado ao dataset e na sequência aplicamos a lógica fuzzy para aumentar a porcentagem de amostras classificáveis. Assim, é notória a contribuição da lógica fuzzy como uma ferramenta viável e confiável para comercializar produtos cárneos estrategicamente em função de sua classe de qualidade.