Reiche, Edna Maria Vissoci [Orientador]Alfieri, Daniela Frizon2024-05-012024-05-012019.00https://repositorio.uel.br/handle/123456789/16684Resumo: Introdução: O acidente vascular encefálico isquêmico (AVEi) agudo é uma das principais causas de morte e incapacidade em todo o mundo É uma doença complexa e apresenta interação entre fatores não modificáveis (sexo, idade, genético) e modificáveis (hipertensão, dislipidemia, diabetes mellitus tipo 2, obesidade, tabagismo, entre outros) As vias inflamatória, metabólica e de estresse oxidativo e nitrosativo (IMO&NS) têm um papel importante durante o AVEi agudo e estão correlacionadas com a gravidade do evento e o prognóstico do paciente Muitos biomarcadores inflamatórios têm sido considerados úteis no auxílio ao diagnóstico e prognóstico do AVEi, sendo a Proteína C reativa (PCR) um dos mais amplamente utilizados na prática clínica Estudos sugerem uma associação entre variantes no gene da PCR, como o rs113864, em que há maior produção de PCR e risco para AVEi No entanto, resultados inconsistentes em relação a este polimorfismo têm sido descritos e muitos destes estudos têm sido realizados em populações etnicamente homogêneas Além disto, até presente data, não temos conhecimento da avaliação concomitante destes biomarcadores de IMO&NS em pacientes com AVEi agudo na população brasileira Objetivo: O objetivo deste estudo foi avaliar os biomarcadores IMO&NS e o polimorfismo rs113864 no gene da PCR que possam predizer a suscetibilidade ao AVEi agudo, assim como a incapacidade funcional na admissão e o prognóstico a curto prazo Métodos: O estudo incluiu 176 pacientes com AVEi agudo atendidos no Pronto Socorro do Hospital Universitário da Universidade Estadual de Londrina, Londrina, Paraná, e 176 controles sem histórico de AVEi e infarto agudo do miocárdio Foram coletados dados demográficos, antropométricos, epidemiológicos e clínicos Os subtipos de AVEi foram classificados segundo os critérios de TOAST em 5 categorias: aterosclerose de grandes artérias (LAAS), lacunar (LAC), cardioembólico (CEI), outras etiologias (ODE) e etiologia indeterminada (UDE) A incapacidade funcional dos pacientes foi avaliada no momento da admissão e após três meses de evolução pela Escala de Rankin Modificada (mRS) Amostras de sangue periférico foram coletadas em até 24 horas após o diagnóstico de AVEi para a determinação de biomarcadores inflamatórios, tais como contagem de leucócitos periféricos e plaquetas, velocidade de hemossedimentação (VHS), níveis séricos de PCR por metodologia de alta sensibilidade (usPCR), ferritina, fator de necrose tumoral (TNF)-a, interleucina (IL)-6, IL-1, 25-hidroxivitamina D [25(OH)D] e homocisteína; glicose, insulina, colesterol total (CT), lipoproteína de baixa densidade (LDL) e lipoproteína de alta densidade (HDL) e triglicerídeos (TG) para os biomarcadores metabólicos; peroxidação lipídica (hidroperóxidos) e metabólitos do óxido nítrico (NOx) para os biomarcadores de estresse oxidativo e nitrosativo, respectivamente Para identificação dos genótipos do rs113864, o DNA genômico foi extraído das células do sangue periférico e uma sequência de 744 pares de bases do gene PCR foi amplificado pela reação em cadeia da polimerase (PCR) O produto obtido pela PCR foi submetido à digestão com a enzima de restrição HpyCH4III e analisado pelo método do polimorfismo no comprimento dos fragmentos de restrição (RFLP) Resultados: Os resultados obtidos foram apresentados e discutidos em dois artigos originais Para o primeiro artigo científico, foram incluídos 176 pacientes e 176 controles Todos os resultados foram ajustados para possíveis efeitos de variáveis ou covariáveis em análises multivariadas Modelos lineares gerais (GLM) com todos os IMO&NS e dados demográficos/clínicos mostraram que o melhor conjunto de preditores para AVEi agudo foi sexo (masculino), pressão arterial sistólica, glicose, NOx, hidroperóxidos, IL-6, leucócitos periféricos (todos positivamente associados) e 25(OH)D (negativamente associado) (p<,1) Na análise multivariada, sexo (homens) (p<,1), hipertensão (p<,1), tabagismo (p=,15) e usPCR (p<,1) foram estimados como preditores independentes AVEi Com este conjunto de biomarcadores, 89,4% de todos os pacientes com AVEi foram corretamente classificados com sensibilidade de 86,2% e especificidade de 93,% Na admissão do estudo, os valores de ferritina, IL-6, usPCR, leucócitos periféricos, VHS e glicose foram maiores entre aqueles com maior incapacidade (mRS=3) (p<,1) Além disso, níveis elevados de ferritina, IL-6, usPCR, VHS e glicose e menores níveis de 25(OH)D foram independetemente associados com pior prognóstico (mRS=3) após 3 meses (p<,1) Para o segundo artigo, foram analisados 168 pacientes e 166 controles A mediana (intervalo interquartílico) da usPCR foi de 7,5 mg/L (2,6-24,8) em pacientes com AVEi e 1,6 (,7-3,7) mg/L em controles (p<,1) A distribuição dos genótipos do rs113864 estava em equilíbrio de Hardy-Weinberg (p>,5) Nos pacientes, a frequência dos genótipos CC, CT e TT foi de 95 (56,55%), 6 (35,71%) e 13 (7,74%), respectivamente No grupo controle, a frequência destes genótipos foi de 91 (54,58%), 63 (37,95%) e 12 (7,23%), respectivamente Não foram observadas diferenças na distribuição do genótipo rs113864 entre pacientes e controles; além disso, os genótipos não foram associados às características epidemiológicas e clínicas, assim como à usPCR e outros biomarcadores inflamatórios no início do estudo em pacientes com AVEi (p>,5) Por outro lado, controles portadores do alelo T (genótipos CT + TT) apresentaram maiores níveis de usPCR (p=,5) e maior frequência de usPCR =3 mg/L que os portadores do genótipo CC [odds ratio (OR): 2,31; intervalo de confiança (IC) 95%: 1,1- 4,1, p=,45] Além disso, a idade, os valores de mRS no início do estudo e a usPCR contribuíram positivamente para o pior prognóstico (mRS=3) após três meses apenas em pacientes portadores do alelo T (p<,1) Conclusão: Estes resultados sugerem que um conjunto de biomarcadores IMO&NS pode ser útil para o auxílio na previsão da ocorrência de AVEi, assim como na avaliação precoce do prognóstico a curto prazo Além disso, a variante localizada no gene PCR, rs113864, por si só, não se mostrou um fator determinante para a susceptibilidade ao AVEi; no entanto, em pacientes portadores do alelo T, os níveis de usPCR foram preditores independentes para um pior desfecho após três meses do evento isquêmicoAcidentes vasculares cerebraisInflamaçãoPolimorfismo (Genética)Cerebrovascular diseasesInflammationEstudo de biomarcadores inflamatórios, metabólicos, de estresse oxidativo e genéticos em pacientes com acidente vascular encefálico isquêmico agudoTese