Lopes, Carlos EduardoLópez, Denisse Brust2024-08-222024-08-222023-07-25https://repositorio.uel.br/handle/123456789/17271O conceito de “lugar de fala” tem ganhado uma presença marcante no debate público, especialmente no espaço virtual. O termo comumente permeia discussões de caráter social, relacionadas a questões raciais, de gênero, sexualidade e política. A definição de lugar de fala, porém, permanece pouco delimitada, dando margem para usos diferentes, difusos e inclusive contraditórios do conceito. Apesar dessa vagueza conceitual, algumas autoras brasileiras têm se preocupado em resgatar a história e a relevância do conceito, mostrando como as noções de discurso e de poder têm um papel central para seu entendimento. O crescente interesse por temáticas de natureza sociocultural, assim como a possibilidade de compreensão do discurso e da fala em termos de comportamento verbal e práticas culturais, tornam a Análise do Comportamento uma proposta psicológica promissora para discutir o conceito. Considerando esses pontos, o objetivo deste estudo foi demonstrar as implicações políticas de uma interlocução entre o conceito de lugar de fala e a teoria skinneriana do comportamento verbal. Para tanto, foi realizada uma pesquisa de natureza teórico-conceitual dividida em quatro etapas: 1) Mapeamento do usos do conceito de lugar de fala na literatura acadêmica; 2) Discussão de seus pressupostos teórico-filosóficos; 3) Caracterização da noção skinneriana de comportamento verbal; e 4) Demonstração das implicações políticas de uma interlocução entre o conceito de lugar de fala e a teoria skinneriana do comportamento verbal. Os resultados mostraram que, mesmo havendo diversos campos de investigação que fazem uso do conceito, é no contexto do feminismo negro que o lugar de fala ganha destaque no cenário brasileiro, consolidando-se como um conceito deliberadamente político que confronta as dinâmicas discursivas de exploração e dominação a partir de uma crítica interseccional das relações de poder. Uma interpretação pluralista do comportamentalismo radical partilha da visão de mundo relacional e contextualista do feminismo negro, segundo a qual discursos e silêncios são sempre situados, nos corpos, nas relações sociais e culturais, sendo, portanto, parciais. As análises feministas negras destacam que essa localização é sempre numa matriz de dominação interseccionada, evidenciando, assim, que as dinâmicas políticas dos discursos são uma questão estrutural. Nesse contexto, o comportamentalismo radical fornece ferramentas filosóficas, teóricas e conceituais para a efetiva explicitação do controle social institucionalizado exercido pelos grupos hegemônicos mediante os discursos, assim como para explorar, junto com movimentos sociais como o feminismo negro, possibilidades para seu desmantelamento. Conclui-se que a desestabilização das estruturas de poder somente é possível num movimento coletivo de resistência que parta dos grupos marginalizados, pois a probabilidade dos grupos hegemônicos se comportarem para limitar os próprios reforçadores tende a ser muito menor. Ademais, sua sensibilidade comportamental tende a ser mais estreita, pois as práticas verbais que controlam grande parte de seu comportamento instituíram apenas uma pequena parcela da população como seres humanos cuja dor e cujo silêncio são, de fato, percebidos como importantes. Portanto, os discursos das margens, se construídos no contexto de comunidades verbais alternativas cujas práticas verbais não coincidam com aquelas das agências controladoras, se constituem como uma peça-chave na construção de uma sociedade mais igualitáriaporLugar de fala (Psicologia)Comportamentalismo RadicalComportamento verbal (Psicologia)Feminismo NegroPolíticaAnálise de comportamentoLugar de fala e comportamentalismo radical: explorando a dimensão política do comportamento verbalLugar de fala and radical behaviorism: exploring the political dimension of verbal behaviorTeseCiências Humanas - PsicologiaLugar de falaRadical BehaviorismVerbal BehaviorBlack FeminismPoliticsBehavior analysisPlace of speech (Psychology)