Laurenti, CarolinaLinhares, Yana2024-10-112024-10-112023-09-25https://repositorio.uel.br/handle/123456789/18028A partir da primeira década dos anos 2000, estudos com orientação feminista têm sido produzidos na Análise do Comportamento brasileira. Uma obra que se destacou no contexto dessa visada feminista é o livro Debates sobre Feminismo e Análise do Comportamento. Nesse livro, diferentes temas da agenda feminista, como patriarcado, interseccionalidade, participação de mulheres na ciência, relacionamentos abusivos, violência de gênero, dentre tantos outros, foram abordados em dez capítulos. Dada a relevância dessa obra para a difusão de questões feministas na Análise do Comportamento, o objetivo deste trabalho foi apresentar um panorama das contingências envolvidas no estudo do Feminismo por pesquisadoras brasileiras que figuraram como autoras dos capítulos de Debates. Para tanto, foi realizada uma pesquisa empírico-exploratória com todas as 14 autoras do livro. As informações foram obtidas por meio de um roteiro de entrevista semiestruturada, que abordou questões a respeito de como se deu o contato das participantes com o movimento feminista, quais foram os temas investigados e se ainda os estudam, os obstáculos enfrentados, a importância do Feminismo para a Análise do Comportamento e as possibilidades de ampliar essa interface. As entrevistas foram realizadas e gravadas pelo Skype e transcritas na íntegra. As informações foram agrupadas em categorias temáticas, construídas com base em trechos representativos dos assuntos abordados nas entrevistas. Os resultados coligidos nessas categorias foram cotejados com a literatura especializada, o que permitiu evidenciar que o estudo de temas feministas pelas entrevistadas foi perpassado por aspectos que se assemelham aos indicados por pesquisas afins de outras áreas de conhecimento. Os resultados demonstraram que as entrevistadas tiveram de enfrentar diferentes contingências aversivas para estudar o tema, inclusive a crítica de que uma perspectiva feminista traria um viés para uma ciência que deveria ser neutra. O enfrentamento de eventos aversivos pelas entrevistadas se deu, sobretudo, com o apoio do Coletivo Marias e Amélias, o qual se tornou um contexto fomentador de contingências sororas, criando um sistema de reforçamento social para a realização de atividades acadêmicas voltadas à discussão analítico-comportamental de temas feministas. As entrevistadas também mencionaram como a explicitação de contingências desiguais entre os gêneros, em diferentes esferas sociais, foi promovida, ou adensada, com o exame de temáticas feministas, e como isso afetou as suas vidas pessoal e profissional. As entrevistadas também enfatizaram a importância da continuidade dos estudos sobre Feminismo na área, dentre outros motivos, por auxiliar a Análise do Comportamento a produzir uma ciência mais preocupada com a identificação dos valores e vieses de gênero. Da mesma forma, elas ressaltaram que o campo feminista poderia se utilizar as ferramentas analítico-comportamentais para promover uma sociedade mais justa e igualitária. A despeito da interface virtuosa entre Análise do Comportamento e Feminismo, descrita pelas participantes, foi possível concluir que os estudos feministas analítico-comportamentais se deram especialmente por uma iniciativa individual das entrevistadas, e não pela institucionalização de uma política científica encorajadora de pesquisas sobre essas questões na área. Em vista disso, a continuidade desses estudos na Análise do Comportamento brasileira pode ficar ameaçadaporAnálise do ComportamentoFeminismoCiênciaUniversidadeContingências envolvidas no estudo do feminismo por analistas do comportamento brasileiras: uma investigação exploratória com as autoras do livro Debates sobre Feminismo e Análise do ComportamentoContingencies involved in the study of feminism by brazilian behavior analysts: an exploratory investigation with the authors of the book Debates sobre Feminismo e Análise do ComportamentoDissertaçãoCiências Humanas - PsicologiaCiências Humanas - PsicologiaBehavior analysisFeminismScienceUniversity