Sofia, Silvia Helena [Orientador]Souza-Shibatta, Lenice2024-05-012024-05-012015.00https://repositorio.uel.br/handle/123456789/15501Resumo: Microglanis cottoides é amplamente distribuída em bacias hidrográficas ao longo da costa Atlântica brasileira que estão isoladas entre si, bem como das grandes drenagens do interior, pelas montanhas escarpadas da margem oriental do escudo cristalino brasileiro, conferindo a esta espécie qualidades apropriadas para estudos filogeográficos Além disso, existe a hipótese de ocorrência de espécies crípticas e sinônimos em M cottoides, tornando o estudo desta espécie de grande importância para a sistemática e o entendimento da evolução deste grupo de peixes Identificação e descrição de espécies, tradicionalmente, são feitas com base em caracteres morfológicos, mas na atualidade ferramentas moleculares têm sido utilizadas, em conjunto com a morfologia, para o estudo da diversidade biológica A proposta deste trabalho foi (1) testar as relações filogenéticas entre diferentes populações de M cottoides e (2) analisar a estrutura genética, demografia histórica e padrões temporais de divergência nas populações de M cottoides, ao longo de sua área de distribuição, além da relação filogenética entre seus congêneres As relações filogenéticas e filogeográficas, a estrutura genética e a demografia histórica foram analisadas utilizando uma combinação de marcadores morfológicos e moleculares (microssatélites e DNAmt-COI) A alta divergência genética encontrada entre os indivíduos da bacia do rio Uruguai e demais bacias costeiras sugere que a espécie designada como M cottoides para a bacia do rio Uruguai, seja uma espécie nova de Microglanis que se enquadra no critério de espécie críptica Por outro lado, as populações de M cibelae apresentaram baixas divergências genéticas entre M cottoides das demais bacias costeiras, o que é compatível para indivíduos de uma mesma espécie Assim, M cottoides, como atualmente diagnosticado, forma um grupo não monofilético, pois inclui uma espécie morfológica e geneticamente distinta da bacia do rio Uruguai e exclui uma espécie morfológica e geneticamente similar das bacias dos rios Tramandaí e Mampituba (M cibelae) Para as análises filogeográficas, a distribuição de M cottoides restringiu-se às drenagens costeiras, considerando as populações das bacias dos rios Tramandaí e Mampituba, previamente identificadas como M cibelae, como pertencentes a esta espécie Os níveis de variação genética observados em M cottoides estão dentro do esperado quando comparados com outras espécies de Siluriformes e os loci investigados mostraram um alto nível de polimorfismo De forma geral, a diversidade genética encontrada nas populações de M cottoides foi alta e semelhante ao que geralmente é encontrada em populações de peixes selvagens No entanto, observou-se forte estruturação genética principalmente entre as amostras de Paranaguá, Guaratuba e Itapocu e menor estruturação entre Araranguá e Mampituba, e entre Tramandaí e Patos, indicando maior possibilidade de fluxo gênico entre essas populações e, consequentemente, maior similaridade entre elas Contudo, considerando a distância geográfica e principalmente o isolamento das bacias costeiras que, provavelmente, ocorreu entre 6 a 1 anos antes do presente, a similaridade entre as populações sugere fluxos gênicos históricos, refletindo um período em que as bacias estavam conectadas Paleocanais fluviais presentes na plataforma continental podem indicar que estas drenagens tinham comunicação com outras drenagens de bacias próximas, permitindo a ampla distribuição de M cottoides em drenagens que hoje estão isoladas Entretanto, nota-se que as divergências genéticas entre os indivíduos das bacias costeiras aumentam com a distância, e observa-se que entre o sul de Santa Catarina e o norte do Rio Grande do Sul há uma quebra filogeográfica de cerca de 1,9 Ma, causando a divisão das populações de M cottoides em dois filogrupos As análises filogeográficas e filogenéticas demonstraram que as espécies litorâneas, M parahybae e M cottoides, são filogeneticamente mais relacionadas e divergiram-se há aproximadamente 5 Ma Já M garavelloi da bacia do Alto Paraná e Microglanis sp da bacia do rio Uruguai divergiram dessas espécies do litoral há pelo menos 8 Ma, coincidindo com a época de diversificação da maior parte da ictiofauna Neotropical, que ocorreu entre 3 e 1 Ma Portanto, tudo indica que a história filogeográfica de M cottoides envolveu eventos vicariantes de origem tectônica como a formação das drenagens costeiras a partir de episódios orogenéticos e, mais recentemente, por eventos climáticos pleistocênicos que isolaram várias populações Porém, em períodos de glaciação, quando as drenagens voltam a se encontrar, as populações de M cottoides possivelmente trocam informações genéticas e por isso mantêm sua unidade específicaPeixeFilogeniaPeixeDistribuição geográficaBagre (Peixe)PimelodidaeFishGeographical distributionFish - PhylogenyFilogeografia de Microglanis cottoides (Boulenger, 1891) (Siluriformes: Pseudopimelodidae)Tese