Norder, Luiz Antônio Cabello [Orientador]Borges, Juliano Luis2024-05-012024-05-012007.00https://repositorio.uel.br/handle/123456789/10922Resumo: Este trabalho tem por objetivo analisar historicamente as concepções do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) sobre a organização da produção e do trabalho nos assentamentos rurais, remontando ao período de sua formação, organização estrutural e implementação do projeto de desenvolvimento O MST surgiu num período marcado pelo processo de modernização da agricultura e pela transição político-partidária no Brasil Desde sua formação, o Movimento busca viabilizar os assentamentos rurais através de estratégias produtivas que permitam a resistência dos trabalhadores na terra No final da década de 8, o MST adotou o cooperativismo como principal forma de organização do trabalho e da produção Para implementar esse projeto de desenvolvimento, constituiu uma estrutura organizacional – de abrangência local, estadual e nacional – baseada nos princípios de sua “teoria da organização no campo” Nesse sentido, incentivou a criação de cooperativas de produção – consideradas forma superior de empreendimento agrícola – em várias regiões do país O trabalho no interior das cooperativas deveria ser conduzido por um novo sujeito (“sem terra”), pautado por valores e práticas voltados, essencialmente, para o coletivo A base dessa nova representação social seria construída pela superação dos “vícios” contidos nas relações sociais e produtivas do campesinato (agricultura tradicional) Nesse conflito de representações, as práticas adotadas pelo MST sofreram resistências e rupturas A partir de fatores internos e externos, o cooperativismo do Movimento começou a entrar em crise Internamente, a produção em larga escala de monoculturas, voltada para a agroindustrialização e mercado externo, não era compatível com a organização dos assentamentos, que possuíam mão-de-obra abundante e poucos recursos para custeio das lavouras – dependentes de recursos externos como insumos químicos, equipamentos e máquinas Além disso, a coletivização do trabalho encontrava resistência nos assentados, causando um descompasso com a orientação do MST (Direção Nacional) Externamente, o governo FHC criminalizou a luta pela terra e extinguiu o crédito especial para a reforma agrária, restringindo as políticas públicas voltadas para essa demanda O esgotamento do paradigma de produção adotado possibilitou a incorporação de novos elementos à luta pela terra e à organização da produção e do trabalho Esses elementos aproximaram o MST da noção de sustentabilidade, orientada, fundamentalmente, pela agroecologia A partir daí, o paradigma agroecológico tornou-se princípio para transformação social De um lado, questionando o modelo agroexportador atual; de outro, reorientando as estratégias nos assentamentos rurais A produção, antes voltada somente para a esfera econômica, adquire novas dimensões: social e ambiental Para isso, inicia um processo de desconstrução/reconstrução de suas bases, as quais devem voltar-se para as particularidades sociais, econômicas, políticas e culturais construídas na localidade Saberes e práticas que vinham sendo considerados, pelo MST, inadequados à realidade dos assentamentos rurais, por mais de uma década, passaram a ser resgatados como princípios fundamentais da agroecologia A luta pela terra e a resistência dos trabalhadores assentados passam por novos componentes como a preservação dos recursos naturais e a valorização do conhecimento tradicional O projeto de desenvolvimento agroecológico apresenta-se, atualmente, como o principal enfoque do MST, em busca de uma nova perspectiva para os assentamentos rurais em todo o paísMovimento dos trabalhadores rurais sem terra (MST)Assentamentos ruraisDesenvolvimento sustentávelMSTRural settlementsCooperativismA transição do MST para a agroecologiaDissertação