Rodrigues, Ângela LamasSaraiva, Jefferson de Moura2024-11-062024-11-062022-05-26https://repositorio.uel.br/handle/123456789/18404Este trabalho é uma investigação sobre o papel dos animais dentro da obra produzida pelo escritor britânico Richard Adams (1920-2016) nos seguintes romances: Em Busca de Watership Down (publicado em 1972 com o título Watership Down e traduzido para o português brasileiro em 2017), The Plague Dogs (1977) e Traveller (1988). A tese parte da noção de escritores “animalistas” (MACIEL, 2016b, p. 22-23), os quais produzem representações literárias de animais que buscam um engajamento maior com a animalidade e se opõe a representações mais tradicionais encontradas na fábula, nas quais o animal serve apenas para representar o humano. Ao valorizar a animalidade, Adams cria um texto literário em que diversas questões envolvendo a existência dos animais podem ser debatidas, já que tratam da violência surgida entre humanos e animais. O objetivo, portanto, é investigar como as obras literárias de Adams estabelecem esse espaço de debate. Para tal, discutimos os três conceitos basilares que regem as relações entre humanos e animais: antropocentrismo, antropomorfismo e especismo. O antropomorfismo se mostra um elemento essencial também para se pensar em como a teoria literária pode lidar de maneira adequada com esse modelo animalista de escrita. Ademais, por se tratar de uma literatura estruturada num projeto político de natureza ecologista e antiespecista, nos debruçaremos sobre a agência dos animais, entendida aqui como “a capacidade de agir e também de iniciar (não apenas de responder) e de escolher como responder e expressar sentimentos” (KADYRBEKOVA, 2018, p. 409) e que é expressa tanto a nível de enredo (as ações dos personagens na trama) quanto a nível textual (as escolhas lexicais do narrador). Por consequência, ao agir, o animal frequentemente rompe com o domínio humano, e essas ações são lidas como atos de resistência e expõem a faceta conceitual e estrutural da exploração dos animais em nossa sociedade. Por fim, discutimos sobre a vulnerabilidade poder representar um caminho para uma ética baseada na finitude compartilhada entre todos os animais e como, muitas vezes, a negação dela leva à comportamentos opressores. Constatou-se que os três romances apresentam uma análise bastante crítica das relações entre os humanos e os animais, pontuando como, nos mais diversos contextos, os animais têm seus interesses negados em favor dos interesses dos humanos. No que concerne à representação dos animais, Adams estabelece um modelo interessante no qual a imaginação e as imagens associadas às espécies se misturam com conhecimentos científicos, o que chamamos de antropomorfismo animalista, constituindo um exemplo claro de representação animal que só muito recentemente foi percebido pela teoria crítica literária (COPELAND, SHAPIRO, 2005, p. 345). As análises dos romances mostram que Adams foi um autor pioneiro e visionário no que tange aos chamados textos animalistas, cuja importância segue negligenciada dentro dos estudos literários. Concluindo, demonstramos que os estudos literários estão no início de uma nova fase no que diz respeito à representação dos animais e que Adams é um autor essencial dessa virada.porAnimaisAntropocentrismoAntropomorfismoEspecismoLiteraturaFicção inglesa - História e críticaAnimais na literaturaDe coelhos, cães e cavalos : agência e animalidade na obra de Richard AdamsOf rabbits, dogs and horses : agency and animality in the works of Richard AdamsTeseLingüística, Letras e Artes - LetrasLingüística, Letras e Artes - LetrasAnimalsAnthropocentrismAnthropomorphismSpeciesismLiteratureEnglish fiction - History and criticismAnimals in literature